21 julho 2016

Cemig avalia ceder o controle da Light para novos investidores

A estatal mineira Cemig avalia a possibilidade de abrir mão do bloco de controle da Light, distribuidora de energia que atende a região metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, a estratégia, ainda preliminar, faz parte dos planos da estatal mineira de vender ativos e reduzir seu nível de endividamento, que vai privilegiar, em um primeiro momento, a alienação de ativos que não fazem parte da atividade fim do grupo (geração, transmissão e distribuição de energia).

"A Cemig está vendo que tem um bom negócio. Vai manter a participação na Light, mas como minoritária", afirmou a fonte.

A Cemig detém 26% de participação direta na distribuidora e 25% no Parati, veículo de investimentos que possui outros 26% na companhia elétrica fluminense e que completa o bloco de controle. Os outros acionistas do Parati são BTG Pactual (10,72%), Banco do Brasil (21,44%), Santander (21,44%) e BV Financeira, do grupo Votorantim (21,49%) - que formam o FIP Redentor.

O Valor apurou que pelo menos três grandes empresas de energia têm interesse em adquirir participação na Light, cujo valor de mercado é da ordem de R$ 3 bilhões: a brasileira Equatorial, a italiana Enel e a chinesa State Grid.

A Equatorial chegou a iniciar conversas com a Cemig em 2015, quando o FIP Redentor informou à companhia mineira, em setembro daquele ano, que exerceria a opção de venda de sua participação no Parati. A medida obrigaria a Cemig a comprar ou encontrar um comprador para a participação de 19,54% do fundo na Light.

O negócio, porém, não avançou na época principalmente porque a estatal mineira não queria abrir mão do controle da Light e a Equatorial só iria adquirir o ativo se pudesse participar do bloco de controle. Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, a Light ainda está "no radar" da Equatorial, todavia não há uma proposta na mesa.

Já a Enel busca aquisições de bons ativos do setor elétrico, entre eles distribuidoras. Conta a favor da empresa o grande potencial de sinergia das atividades da Light e da Ampla, distribuidora da italiana que atende a região metropolitana e o interior do Rio de Janeiro.

A State Grid também quer ampliar sua participação no setor. Não se sabe, porém, se a chinesa faria o movimento diretamente ou por meio da CPFL Energia - caso venha a assumir o controle total -, que tem sido a principal consolidadora da área de distribuição no país nos últimos anos. Neste mês, a State fechou acordo para adquirir a fatia de 23,6% da Camargo Corrêa na CPFL, por R$ 5,85 bilhões, com possibilidade de estender a oferta para os demais integrantes do bloco de controle, pelo mesmo valor oferecido à construtora.

De acordo com outra fonte, porém, qualquer movimentação relativa à Light não deve ocorrer no curto prazo. Isso porque a Cemig está mais concentrada no momento em vender participações em ativos de geração, entre eles a Renova Energia, empresa da qual possui 34,15% do capital.

A Cemig tem negado que pretenda se desfazer do controle de ativos considerados "estratégicos", como são Light e da Renova. No entanto, é de conhecimento no mercado que a estatal mineira busca um comprador para a Renova.

A empresa precisa se desfazer de ativos para equacionar sua situação financeira e reduzir o elevado endividamento. A estatal mineira tem mais de R$ 11 bilhões em dívidas vencendo até 2018 e um programa de investimentos significativo. No fim de março, a relação entre dívida líquida e Ebitda da Cemig tinha subido para 4,39 vezes, ante 2,4 vezes no fim de 2015.

Os problemas da Renova se intensificaram depois que a empresa encerrou um acordo bilionário para venda da carteira de projetos para a americana SunEdison, em novembro do ano passado. O acordo também previa que a SunEdison ficaria com a participação da Light na Renova, de 15,9%. A Renova iria vender uma carteira de projetos de 2.204,2 megawatts (MW) em capacidade à americana, por um total de R$ 13,4 bilhões, que seriam pagos em ações da TerraForm Global, veículo liderado pela americana que fez sua estreia no mercado em agosto de 2015. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 21/07/2016

21 julho 2016



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