11 dezembro 2015

Petrobras enfrenta dificuldades para vender até ativos do pré-sal

Sob pressão de fornecedores, da Justiça e vista com desconfiança pelos credores, a Petrobras não teve sucesso com a venda de ativos de exploração e produção, mesmo tendo oferecido áreas do pré-sal. Nenhum dos seus sócios a quem foram oferecidos os 10% de Libra que excedem a participação obrigatória no pré-sal quis aumentar a participação. Os parceiros na área são Shell, Total e as chinesas CNPC e CNOOC.

A proposta da Petrobras oferecendo uma fatia adicional já era conhecida desde julho. Segundo o Valor apurou, dos campos oferecidos no mercado, apenas Tartaruga (no BMS36) teve interessados. A estatal também colocou a vendaCarcará (BMS8), Pão de Açúcar, Gávea e Seat (BMS33), Júpiter e Bracuhy (BMS- 24), Sagitário (BMS50) e Lebre (BMS51).

A recusa mostra aversão até dos chineses pelo pré-sal, uma área considerada estratégica pelo governo mas cujos preços de exploração e produção estão quase proibitivos, superando o atual preço do petróleo, que está deslizando na faixa de US$ 40 por barril.

Como não conseguiu desfazer-se dos ativos separadamente, a estatal estuda vender Tartaruga em um "pacote", segundo uma fonte. Quem quiser levar o campo promissor terá que ficar com outros que têm um programa de investimentos caro pela frente. Casar a venda, nesse caso, faz sentido para a Petrobras, até para se livrar do peso da execução dos investimentos previstos quando obteve as
concessões.

Outra fonte com longa experiência em fusões e aquisições avalia que o processo de venda na Petrobras está desorganizado. "Não se vê qual a estratégia e o risco é atrair empresas oportunistas que querem comprar barato para repassar depois", afirma.

Outro especialista em negócios na área observa que vender ativos de petróleo não é como vender uma fábrica. Ele lembra que existem compromissos com o governo e diz que as exigências quanto ao conteúdo local no Brasil são um passivo que não pode ser ignorado. Se de um lado seria bom para a companhia se livrar desses investimentos, para os potenciais compradores a situação é inversa já que a indústria está passando por um período de enxugamento de custos e atividade.

"Também não está fácil precificar nada, porque é preciso ter uma boa estimativa do preço futuro do petróleo, o que hoje ninguém tem. O setor está estranho e difícil de precificar, e as projeções de fluxo de caixa estão sendo reduzidas", disse a fonte, que pede para não ter o nome revelado. "Muitos negócios não estão fechando porque não se encontra uma precificação adequada para os ativos".

"A ineficácia do programa de desinvestimentos da Petrobras foi destacado pela agência Moody's ao divulgar o novo rebaixamento anteontem. Ao justificar a nova nota, a vice-presidente sênior de crédito da agência, Nymia Almeida, disser ver "alto risco de execução" na meta de desalavancagem da Petrobras que deverá ser obtida  por meio da redução de investimentos, melhorias operacionais e com a venda de US$ 15 bilhões de dólares em ativos ao longo dos próximos doze meses.

Nymia que, considerando as atuais condições deprimidas da indústria de energia, isso pode limitar o crescimento da produção de petróleo da Petrobras no médio prazo. A estatal agora está três notas abaixo do grau de investimento na escala da Moody's e também perdeu a classificação da Standard & Poors, mantendo apenas a da Fitch. Por Cláudia Schüffner | Do Rio Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon 11/12/2015

11 dezembro 2015



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