25 julho 2013

DuPont muda foco e revê divisão química


O grupo americano DuPont quer deixar de ser uma tradicional companhia química. A gigante avalia vender seus ativos nesse segmento e quer mudar o foco de seus negócios, com a maior diversificação de seu portfólio. Não se trata de renegar um setor que por décadas sustentou o faturamento global da multinacional, mas esse novo reposicionamento, já em discussão pelo grupo nos últimos anos, busca tornar a DuPont uma empresa voltada mais para as indústrias de alimento e bicombustíveis.

 "Nós nos transformamos bastante. Não há muito tempo, éramos uma companhia química e hoje somos uma empresa de ciências da vida", disse ao Valor Nicholas Fanandakis, vice-presidente executivo e diretor global de finanças da DuPont.

 Nesta semana, durante a divulgação de resultados do segundo trimestre, a CEO global da DuPont, Ellen Kullman, confirmou que o grupo avalia alternativas estratégicas para seus negócios químicos, que podem resultar em um spin-off (separação), venda dos ativos ou outra transação ainda não definida. Esse segmento, se vendido, é estimado em cerca de US$ 10 bilhões, de acordo com especialistas de mercado. Em 2012, a receita do segmento foi de US$ 7,2 bilhões.

 A decisão reflete em parte o momento delicado pelo qual o setor químico passa pelo mundo - matérias-primas a partir do gás natural tornaram-se mais competitivas nos EUA por causa do gás de xisto ("shale gas"). O processo de desmembramento começou este ano, com a venda da divisão de tintas automotivas para o grupo Carlyle por US$ 4,9 bilhões.

 No ano passado, o faturamento global do grupo, incluindo todas as suas divisões de negócios, encerrou em US$ 34,8 bilhões. Das vendas totais, entre 35% e 40% têm origem nos EUA. "Nós operamos em 90 países diferentes e outros 35% das vendas têm origem de países emergentes", afirmou o executivo, ressaltando que os países em desenvolvimento ganharam uma participação significativa no faturamento da multinacional. Em 1996, 43% da receita do grupo vinha de produtos oriundos do petróleo e apenas 7% eram oriundos da agricultura, nutrição e biotecnologia, outros 18% de materiais avançados, 17% de commodities de fibras. Em 2012, 20% da receita teve origem de pigmentos e especialidades químicas e 43% de agricultura, nutrição e biotecnologia.

 O grupo tem concentrado esforços em três importantes divisões de negócios: agricultura e nutrição, que engloba sementes, defensivos agrícolas, ingredientes para indústrias de alimentos; biocombustíveis (combustíveis e bioquímicos); e materiais avançados (polímeros, plásticos de engenharia, materiais de proteção e segurança, além de energia alternativa).

 "Observamos o crescimento da população e para onde a produção de alimentos caminha. As pessoas têm de comer. Olhamos esse mercado para os próximos anos. Não se pode aumentar a área plantada na mesma proporção. Então, tem que se elevar a produtividade", afirmou Fanandakis. E a DuPont não quer abrir mão desse robusto segmento do agronegócio, que tem nos EUA e Brasil seus dois importantes e maiores mercados. O passo mais ousado do grupo para se consolidar na área de alimentos foi a aquisição da companhia dinamarquesa de ingredientes alimentares Danisco, em 2011. No ano passado, adquiriu 100% de participação que a companhia tinha na Solae, uma joint venture entre DuPont e Bunge.

 Os bicombustíveis, que durante os últimos anos têm recebido pesados investimentos de grandes companhias globais, incluindo a própria DuPont, estão no radar da companhia. "A DuPont tem uma posição única global. Temos oportunidades em produzir etanol, etanol celulósico. Pode ser bagaço, milho e outras matérias-primas. Tivemos um tremendo progresso nessa área e estamos construindo uma planta comercial [nos EUA]", disse o executivo.

 O movimento de diversificação da DuPont não é um processo recente - a empresa já viveu diferentes ciclos, desde sua fundação em 1802, quando produzia pólvoras -, mas ganhou ritmo a partir do início dos anos 2000. O primeiro grande ciclo foi entre 1802 e 1850, quando estava focada no mercado de explosivos. Os segmentos de química e energia vigoraram por 90 anos, entre 1900 e 1990. Desde o ano 2000, a DuPont tem explorado outras áreas de atuação, com foco em divisões de ciências integradas, como biologia, química e ciências dos materiais.

 "Queremos atuar em áreas que tragam mais valor à mesa, com crescimento consistente. Cerca de 85% do nossa pesquisa e desenvolvimento (P&D) dão suporte a essa transformação", afirmou o vice-presidente.

 Nas últimas décadas a americana se destacou por importantes lançamentos, como a borracha sintética (marca Neopreme), criou o Nylon (marca do primeiro polímero sintético bem recebido comercialmente) e o Teflon (composto de carbono e fluorina que não reage com outras substâncias, material com menor coeficiente de atrito), além da introdução da fibra de elastano (marca Lycra).

 Em 1997, a companhia deu um grande passo ao adquirir a Pioneer, maior fornecedora mundial de sementes, que a colocou entre as maiores no agronegócio. Mas no início deste mês, a empresa sofreu um revés ao ter seu nome incluído na lista de empregadores flagrados mantendo trabalhadores em condições análogas às de escravidão pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A DuPont classificou a operação como um "equívoco" e "que está tomando todas as medidas legais cabíveis para que o nome da companhia seja retirado dessa lista".

 A operação é de junho de 2010, quando o MPT e a Polícia Federal encontraram 99 trabalhadores em condições degradantes em uma fazenda administrada pela Sementes Pioneer, em Joviânia (GO). A companhia diz que firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) e que, "vem cumprindo com todos os dispositivos estabelecidos em tal acordo". Valor Econômico
Fonte: clippingmp 25/07/2013

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A DuPont disponibiliza em seu site apresentação onde discorre sobre os próximos passos de suas estratégia DuPont 2Q 2013 Earnings Conference Call July 23, 2013. Abaixo alguns slides extraídos do referido documento.











25 julho 2013



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