30 março 2010

O varejo brasileiro dá mais um passo no sentido da sua consolidação.

Nesta segunda-feira (29/3), a rede Insinuante, sediada na Bahia e líder do mercado no Nordeste, e a mineira Ricardo Eletro anunciaram uma fusão que deve criar a segunda maior empresa de móveis e eletroeletrônicos do Brasil, depois da Pão de Açúcar/Ponto Frio/Casas Bahia. A estimativa de faturamento da nova empresa, controlada meio a meio pelas duas varejista e denominada Máquina de Vendas, nasce com mais de 500 lojas e R$ 4,6 bilhões de faturamento

Cada vez mais competitivo o varejo brasileiro passa por um forte processo de consolidação o que evidencia uma tendência. Escala e preços competitivos são fundamentais para quem pretende ser um player importante neste mercado, a exemplo do que já assistimos em outros setores, como o automobilístico, bancos, seguros, supermercados, etc.

A estratégia da Máquina de Vendas é crescer por meio de fusões e aquisições regionais, afirma o fundador da Insinuante, Luiz Carlos Batista, e que ficará à frente do conselho da nova companhia. “O crescimento orgânico é lento. Nosso objetivo é acelerar”, diz. Até 2014, o executivo espera ter R$ 10 bilhões de faturamento, mil lojas e 30 mil funcionários.

30 março 2010



29 março 2010

TI retoma ritmo de fusões e aquisições

Autor(es): Gustavo Brigatto, de São Paulo
Publicado no jornal Valor Econômico - edição de 01/03/2010

Depois de um ano de ritmo mais lento, o setor de tecnologia da informação, que sempre foi um dos mais ativos na área de fusões e aquisições, parece pronto para retomar muitos dos planos adiados em 2009, devido aos efeitos da crise econômica.
Segundo números da KPMG, só nos dois primeiros meses do ano foram registradas 12 operações no país, um recorde para o período. E a expectativa é de que o ritmo continue forte. "Temos 16 mandatos de empresas interessadas em comprar e vender ativos", diz Ruy Moura, diretor da Acquisitions, especializada nesse tipo de processo.

Empresas como BBKO, Benner Sistemas, grupo Linx e Ideiasnet veem nessa estratégia a oportunidade para crescer de forma mais acelerada em 2010. "Ainda é cedo para falar se vamos bater o recorde de transações de 2008 [72 no total], mas até maio pelo menos teremos muitos anúncios", diz Luís Motta, sócio responsável pela área de fusões e aquisições da KPMG. O executivo prevê que nos primeiros cinco meses do ano o volume de transações será atípico por conta do grande volume de negociações que foram retomadas ao longo do segundo semestre de 2009, quando a economia começou a dar sinais de melhora.
Como esses processos levam, em média, seis meses para ser concluídos, os primeiros meses do ano devem concentrar a maior parte dos anúncios. No ano passado, a KPMG contabilizou 58 operações de fusão e aquisição no Brasil, número praticamente igual ao de 2007.
Segundo Alexandre Pierantoni, sócio de fusões e aquisições da PricewaterhouseCoopers, de todo o investimento de private equity em operações de fusão e aquisição no Brasil em 2009, 12% foram destinados ao setor de TI.
A consolidação tem se tornado cada vez mais importante para as companhias de TI porque dá a elas a musculatura necessária para se defender de rivais estrangeiros, que têm buscado negócios no país. Além disso, o fortalecimento de parte de seus clientes vem exigindo um escopo maior de atuação, obtido mais rapidamente com as aquisições. "Empresas grandes precisam de fornecedores grandes", diz Alberto Menache, diretor presidente do grupo Linx, de sistemas de gestão para o varejo. Depois do anúncio da compra de duas empresas no mês passado, a Linx tem planejadas outras duas operações para 2010. A empresa vendeu 21,7% de seu capital para o BNDESPar, braço de investimentos do BNDES. O banco tem hoje participação em 100 empresas de TI.
A escala é um ponto fundamental para o aumento das receitas. "Quanto mais completa a oferta, mais você pode cobrar e melhorar as margens", diz Rodin Spielmann, diretor de relações com investidores da Ideiasnet. No ano passado, a companhia, que funciona como uma holding de negócios de TI e internet, esteve envolvida em pelo menos cinco operações. Para 2010, a previsão é de novos lances. "Ainda há muita consolidação a ser feita", diz Spielmann.
Para Marcos Peano, presidente da BBKO, o momento é propício para aquisições. "Por conta dos resultados fracos em 2009, o preço das companhias está cerca de 30% menor", diz o executivo. Em dezembro, a BBKO fechou sua primeira aquisição, no valor de R$ 3 milhões. O objetivo é concluir outro negócio até o fim do ano. A empresa tem R$ 5 milhões em recursos próprios para investir na operação. Segundo Peano, a estratégia tem como objetivo dar força ao projeto de abertura de capital da BBKO, previsto para 2014.
É uma meta ambiciosa. Para chegar lá, a companhia considera várias possibilidades para elevar seu faturamento, atualmente de R$ 60 milhões (R$ 53 milhões da BBKO, mais R$ 7 milhões da SYSone Consulting). Uma das alternativas é vender uma participação para um sócio maior. "Já tivemos conversas com quatro grupos. Uma delas está mais bem encaminhada", diz Peano. A BBKO foi procurada recentemente por uma companhia japonesa que pretende investir no Brasil, conta o executivo. "As empresas brasileiras têm que se preparar, ou a consolidação do setor será conduzida pelas companhias estrangeiras", diz.
Para Severino Benner, da Benner Sistemas, o problema é que faltam empresas prontas para o processo de fusão e aquisição. "Esse número não passa de 20. As companhias menores não estão bem organizadas em termos de governança", afirma. No ano passado, esse tipo de problema impediu que a empresa concluísse as duas aquisições planejadas. A previsão é de que os negócios sejam fechados em 2010. Benner também estuda a fusão com uma companhia com faturamento próximo ao do seu negócio, de R$ 63 milhões em 2009. O objetivo é chegar aos R$ 200 milhões em dois anos.

29 março 2010



Indústria de TI nacional deve se consolidar mais em 2010

Retomada da economia e o aumento de capital disponível tendem a acelerar a consolidação da indústria de TI no Brasil em 2010.
Por ANDREA GIARDINO E TATIANA AMERICANO,

Publicado pela COMPUTERWORLD em 10 de fevereiro de 2010

O movimento de fusões e aquisiçõesentre fornecedores de software, hardware e serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) tende a ficar ainda mais intenso neste ano. Há uma expectativa de que a consolidação do mercado seja impulsionada pelo aumento do capital circulante e por uma competição mais acirrada entre as companhias do setor, que precisarão fortalecer suas operações por meio de um portfólio abrangente e pela ampliação da base de clientes.


O diretor da consultoria Acquisitions, ¬especializada em fusões e aquisições , Ruy Moura, aponta que o otimismo em relação ao Brasil vai criar um cenário favorável para a consolidação de empresas. "Em 2010, acredito que o volume de acordos será maior até do que em 2007, que foi o auge dessas movimentações", projeta Moura. Opinião compartilhada pelo vice-presidente de pesquisas em TI do Gartner, Donald Feinberg, que avalia: "O fortalecimento da economia estimulará um número maior de acordos entre empresas de TI neste ano".

No que depender de um relatório de 2009 da consultoria e auditoria Ernst & Young, o dinheiro não representará problema para as organizações interessadas em fusões e aquisições no País. Após ouvir investidores de todo o mundo, a empresa detectou que cerca de 60% deles esperam aumentar os negócios no Brasil. E o mercado local só perde em termos de potencial de aportes internacionais para a China, que aparece com 64% das intenções de investimento.

De acordo com Moura, desde o segundo trimestre deste ano, houve uma retomada nas negociações entre as empresas interessadas em aquisições. "Quando os empresários perceberam que no Brasil a crise não era tão violenta como no resto do mundo, começaram a enxergar possibilidades oportunistas de compra", relata o especialista.
Ele explica que a falta de crédito deixou algumas empresas fragilizadas e, por consequência, fez com que elas se tornassem alvo fácil para incorporação. Os dados da Associação Brasileira de Entidade do Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) confirmam esse cenário. De janeiro a setembro de 2009, o orgão calcula que as transações de fusão, aquisição, IPO (oferta pública de ações) e reestruturação societária totalizaram 116,7 bilhões de reais. O que representa um aumento de 33,4% sobre o mesmo período de 2008, mas ainda abaixo dos 141,2 bilhões de reais contabilizados há dois anos.

As companhias que atuam na área de tecnologia lideraram o volume de operações de fusões e aquisições realizadas no País no ano passado, segundo dados de uma pesquisa conduzida pela empresa de auditoria e consultoria KPMG. Nos nove primeiros meses de 2009, dos 351 acordos realizados no Brasil, 39 deles envolveram empresas de TIC, o que representa um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. "Estamos assistindo a uma retomada no volume de operações, impulsionada por um apetite maior das empresas brasileiras e estrangeiras", afirma o sócio responsável pela área de fusões e aquisições da KPMG, Luís Motta.
No mundo

No mercado mundial de TIC, os fornecedores que tinham dinheiro em caixa aproveitaram o cenário de crise para incorporar empresas com o objetivo de expandir o portfólio de produtos. Um dos exemplos mais clássicos dessa movimentação foi da Oracle. Com a declarada intenção de tornar-se uma provedora de soluções completas para o mercado corporativo, a companhia anunciou, em abril deste ano, uma oferta de 7,4 bilhões de dólares paracompra da Sun Microsystems. O acordo, que ainda aguarda aprovação, veio juntar-se a outras seis aquisições menores realizadas pelo grupo em 2009, o qual já incorporou um total de 56 empresas nos últimos quatro anos.
Mais recentemente, outras duas grandes marcas no mercado de TIC protagonizaram um processo de consolidação. Em uma negociação de 2,7 bilhões de dólares, a HP adquiriu a 3Com em novembro do ano passado. Com a transação, o grupo quer concorrer mais de perto com a Cisco na área de equipamentos de redes. Outro negócio, desta vez uma parceria, foi o acordo entre HP e Microsoft para o desenvolvimento de soluções integradas de cloud computing.
Também em relação a aquisições, a HP encerrou, em setembro de 2009, o processo de incorporação da EDS. Com isso, a empresa passa a fazer parte da unidade de serviços do grupo. O que tende a fortalecer a presença da fornecedora de hardware nesse mercado, no qual deve competir com a IBM, e, por outro lado, vai refletir em um aumento de receitas, já que os resultados da companhia adquirida serão incorporados no faturamento do atual ano fiscal, iniciado em outubro.
Para Feinberg, do Gartner, a necessidade de buscar uma margem melhor de lucro a partir do equilíbrio entre a oferta de hardware, software e serviços tem motivado os grandes grupos de TI a absorver empresas. "A Dell, que já era forte no mercado de equipamentos, adquiriu a Perot Systems por conta da necessidade de oferecer serviços", exemplifica o especialista, ao citar a recente transação, que envolveu 3,9 bilhões de dólares. Dentro dessa mesma óptica, o especialista acredita que Cisco, Microsoft e SAP tendem a protagonizar aquisições voltadas a ampliar o portfólio.

Essa movimentação dos grandes fornecedores internacionais tem impactos diretos no cenário local. "Das 39 transações envolvendo empresas de TI no Brasil [contabilizadas nos nove primeiro meses de 2009], 21 delas aconteceram entre companhias nacionais e, principalmente, de pequeno e médio portes", afirma o especialista da KPMG. A justificativa para esses dados está no fato de que as organizações menores precisam responder à concorrência dos grandes grupos. "Por outro lado, elas devem estar prontas para acompanhar uma explosão da demanda no mercado brasileiro", acrescenta Ruy Moura. Para ele, o fato de o País sediar a Copa do Mundo e a Olímpiada em 2014 e 2016, respectivamente vai acelerar os investimentos em TI.
Entre as companhias 100% brasileiras que já manifestaram a intenção de se fortalecer no mercado a partir de aquisições, está a integradora Stefanini. Com faturamento projetado de 674 milhões de reais para este ano, a companhia planeja adquirir fornecedores de serviços nos Estados Unidos, Europa e México. "Ao contrário de muitas empresas, temos dinheiro em caixa", diz o presidente da companhia, Marco Stefanini. Ainda de acordo com ele, essa expansão das operações vai contribuir para que o faturamento de 2010 fique próximo de 1 bilhão de reais.

Ainda para 2010, o diretor da Acquisitions acredita em uma tendência de fusões e aquisições entre pequenos e médios fornecedores de ERP (sistema de gestão empresarial). "Já existem muitas operações em andamento", informa Moura, que acrescenta: "Tratam-se de companhias que são excelentes em seu nicho de mercado, mas que precisam de fôlego para atender a grandes clientes". Além disso, ele cita que esses fornecedores menores estão preocupados com a concorrência dos grandes players desse setor, hoje dominado por Totvs e SAP.
http://computerworld.uol.com.br/negocios/2010/02/09/industria-de-ti-nacional-deve-se-consolidar-mais-em-2010/