Estudo aponta que o setor caminha para uma maior integração na cadeia de valor e que a explosão no volume de dados abre a oportunidade para a consolidação de dados (media hubs) para fins comerciais
O primeiro trimestre de 2013 registrou o maior volume mundial de fusões e aqusições nos setores de telecomunicçaões, mídia e tecnologia (TMT, sigla em inglês) desde a bolha da internet, em 2000. O dado faz parte do estudo Cenário para Planejamento de Mídia e Telecom da Atos Consulting, que aponta como a indústria está avançando para uma integração radical da cadeia de valor e para a economia de escala.
Aliado a isso, o crescimento explosivo no número de usuários de redes sociais que compartilham seus dados para acessar determinados serviços sinaliza a aceitação dos consumidores em abrir dados pessoais para uso comercial. Esse cenário pode desenvolver empresas com volumes massivos de informação, conhecidas como media hubs, fazendo com que a indústria de telecom dedique seus esforços em processar altos volumes de dados e sua comercalização.
O setor de telecomunicações está em rápida transformação, com uma mudança do controle do poder a partir da chegada dos parceiros de serviços “over the top” (OTT) que substituem o atual cenário de remuneração do setor. Inovações tecnológicas demandam processos ainda mais rápidos para a comercialização, em um ambiente com regulamentações ainda mais severas e consumidores exigentes. Em seu estudo, a Atos Consulting apresenta diferentes cenários que servem como diretriz para a estruturação de negócios dos próximos anos no setor de mídia, telecomunicações e tecnologia (TMT).
Mais de 60 analistas da empresa apresentam a sua visão sobre o setor e traçam quatro cenários distintos baseados em dois princípios chave – o grau de integração na cadeia de valor e o grau de controle e utilização de dados pessoais.
Cenário I: "Uma batalha de titãs"
A globalização incita as partes a colaborar com base numa integração vertical dentro da cadeia, ao mesmo tempo em que os governos protegem a privacidade de consumidores por meio de legislação, dificultando a inovação e o crescimento da economia de dados. As barreiras entre telecomunicações, mídia e mercado de software e hardware já não existem, resultando num mercado internacional único e inclusivo para a oferta de conteúdos e serviços na área do entretenimento.
A verticalização da cadeia facilita a oferta de serviços ponto-a-ponto aos clientes. Simultaneamente, os clientes ainda estão relutantes quanto ao compartilhamento, processamento e análise dos seus dados pessoais para a oferta de serviços personalizados. Para as empresas, ganhar a confiança do cliente deve vir da soma de uma marca forte e da percepção de que é uma parceira confiável e o tamanho das corporações é o fator determinante na batalha entre grandes fornecedores internacionais.
Cenário II: Moeda digital
Os dados são a nova moeda vigente em um mundo amplamente digitalizado e globalizado. O acesso livre, baseados em mineração e análise de dados, aliado a uma maior integração de mercado apresenta um enorme potencial de negócios para as “media hubs”, empresas com conhecimento abrangente de clientes que forencem serviços de mídia e comunicação fim-a-fim customizados. Essa indústria integra verticalmente e o resultado é um cenário competitivo com serviços focados em conteúdos, telecomunicações e hardware/software. Não somente o número de pessoas ligadas a redes digitais aumenta como também o número de dispositivos.
Os cidadãos ainda não se preocupam com quem gera, controla e usa os seus dados pessoais e não pessoais - que abre as portas de um mundo digital mais rico e baseado em realidade aumentada, no qual se pode pesquisar e obter o perfil detalhado de uma pessoa. Os fornecedores distinguem-se por meio da criação de uma experiência única para o cliente com o objetivo de melhorar o valor da sua marca. E isso exige conhecimento profundo e em tempo real de suas necessidades. As pessoas são “embaixadores de dados” e aceitam que a comercialização de seus dados é o preço a pagar por usar um serviço “gratuito”, pois estão pouco preocupados sobre quem gerencia, controla e usa os seus dados. E assim, abre-se uma porta para o desenvolvimento de um ambiente digital mais rico, baseado em realidade aumentada, onde é possível obter um perfil detalhado de uma pessoa. Os provedores vão se diferenciar entre si ao criar uma experiencia especial ao consumidor que irá aumentar seu valor de marca, e isso requer um conhecimento profundo e em tempo real dos desejos dos consumidores.
Cenário III: Muralhas da China
Players de nichos especializados começam a operar em partes epecíficas da cadeia de valor. Nesse cenário há, ainda, um controle governamental intenso e uma legislação rigorosa. E a localização física dos dados se torna importante devido a diferenças em legislações locais. O uso comercial de dados individuais faz com que os clientes fiquem relutantes em armazenar e partilhar os seus dados. Segurança, confiabilidade e qualidade são aspectos fundamentais de diferenciação das empresas. A cadeia de valor está amplamente fragmentada, o que resulta num cenário competitivo no qual cada empresa se torna especialista para atuar em um segmento de mercado particular e específico.
Cenário IV: O mundo dos intermediários
O fragmentado mercado internacional aliado ao uso potencial de dados permite o surgimento de novos intermediários responsáveis por agregar e distruibuir o conteúdo. A sua força está baseada na variedade de serviços e produtos diferenciados que englobam toda a cadeia de valor. Tudo isso combinado em uma plataforma e oferrtado aos consumidores finais a partir de um único ponto de contato. A ampla fragmentação torna difícil para os consumidores escolher entre as muitas opções, o que abre espaço para empresas que querem combinar os serviços e simplificar a escolha dos consumidores.
Eles se posicionam no mercado como intermediários (brokers) especializados em explorar o uso de dados pessoais, e usam essa informação para restringir a complexidade em um ambiente em que tantos provedores diferentes operam e fornecem serviços em uma forma inteligente. Para ser bem suceddido nesse cenário, os provedores tradicionais de telecom devem se focar em conhecer os consumidores a partir do processamento e análise dados pessoais e ao desenvolver um bom gerenciamento de fornecedores para a aquisição flexivel e rápida dos serviços necessários.
O setor de telecomunicações está pronto para as mudanças?
O setor de telecomunicações precisa entender se o uso comercial de dados foi ou não amplamente aceito. Será o uso de dados regulamentado e as pessoas e administração pública colocam a prividade em primeiro lugar? As pessoas estão preparadas para compartilhar e com isso gerar em um comércio ativo de dados? Ao mesmo tempo, há uma integração vertical na cadeia de valor: do conteúdo, passando por distribuição e dispositivos. Para se obter sucesso, o setor de telecomunicações tradicional tem que se voltar para o processamento de grandes quantidades de dados, estruturados e não estruturados (big data). E o desafio consiste em usá-los como a base para o desenvolvimento de novos modelos de geração de receita.
“A grande questão é se o mercado irá se integrar ainda mais ou irá se fragmentar na medida em que os players se especializam. Estamos assistindo a uma movimentação em direção a uma maior integração. Como exemplos: a Amazon vende tablets bem como conteúdo, o Google desenvolve uma rede de fibra e a Apple se aproxima dos consumidores diretamente por meio do dispositivo Apple TV. A questão que se segue é como será o comportamento de consumidores e governos frente ao uso comercial de dados pessoais”, afirma Michel van Buitenen, Gerente de Parcerias da Atos Consulting. “Uma coisa é certa: os dados são cada vez mais essenciais para os novos modelos de negócios. As organizações já entenderam o potencial do uso inteligente de dados. E isso é demonstrado pelo aumento de fornecedores de software de análise em tempo real. Todavia, a questão está em saber se os serviços mais tradicionais do setor de telecomunicações estão atualizados e prontos para este desenvolvimento”, conclui van Buitenen.
Sobre a Atos
Atos é uma empresa internacional de serviços de tecnologia da informação presente no Brasil com receita anual de 2012 de 8,8 bilhões de euros e 76,4 mil funcionários em 47 países, sendo que no Brasil são em média 1,7 mil funcionários. Servindo uma base de clientes globais, fornece serviços transacionais de alta tecnologia, consultoria, integração de sistemas e serviços gerenciados. Com sua expertise em tecnologia e conhecimento profundo de diversos mercados, trabalha com clientes em todos os segmentos de mercado como: varejo, manufatura, serviços, saúde, público e transportes, serviços financeiros, telecomunicações, mídia & tecnologia; energia e utilities.
A Atos está focada na tecnologia de negócios que fortalece o progresso e auxilia as organizações a criarem sua empresa do futuro. É a Parceira de Tecnologia da Informação Mundial para os Jogos Olímpicos, além de estar cotada no Mercado Eurolist de Paris.
Fonte:
maxpressnet 30/04/2013