Além do real, lira turca, peso argentino e rupia indiana estão sob pressão. Temendo crise global, investidores estão saindo de emergentes
Nesta semana, a moeda argentina voltou a se desvalorizar acentuadamente, não conseguindo se recuperar apesar do anúncio do presidente Mauricio Macri de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para adiantar um novo empréstimo de 50 bilhões de dólares.
Além do peso, a rupia indiana também teve uma queda recorde, e o colapso da lira turca se faz perceptível. No Brasil, o dólar chegou a 4,21 reais na quinta-feira 30, só recuando após intervenção do Banco Central, fechando o dia a 4,14 reais – maior valor registrado desde janeiro de 2016 (4,16 reais)
Como resultado dessas turbulências, muitos investidores estão se retirando de economias emergentes. Agentes de mercado temem que muitos partam da Ásia e da América do Sul.
"O risco de que esta crise se torne uma crise global dos mercados emergentes está cada vez maior", explicou o especialista em mercado Thomas Altmann, da empresa gestora de ativos QC Partners.
Especialmente no que diz respeito a dívidas públicas, crises políticas e estagnação de reformas, há flancos abertos em muitos mercados emergentes. Anos de baixas taxas de juros levaram a um alto nível de endividamento, especialmente em dólares.
Mas nos EUA, as taxas de juros vêm subindo desde o final de 2015, e espera-se que continuem a subir diante do baixo desemprego e do alto crescimento. Isso torna o dólar atraente para muitos investidores e, ao mesmo tempo, pressiona países como o Brasil, a Argentina e a África do Sul. A disputa tarifária fomentada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, também alimenta o medo de uma guerra comercial mundial.
"Devido à crescente aversão ao risco, investidores estão retirando dinheiro de moedas de mercados emergentes e mudando para 'portos seguros', como o dólar ou o franco suíço", explica o especialista em câmbio Nils Ole Matthiessen, do Deutsche Bank.
Brasil – incerteza eleitoral
Cerca de dois anos após uma grave recessão, a maior economia da América Latina está se recuperando lentamente. O FMI prevê um crescimento de 1,8% para 2018.
Segundo os especialistas do fundo, o grande problema é a elevada dívida pública. Além disso, reformas financeiras urgentemente necessárias ainda precisam ser feitas.
As próximas eleições presidenciais, em outubro, também causam nervosismo. O real já se desvalorizou cerca de 20% neste ano, principalmente depois que o PT lançou a polêmica candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção.
Argentina – o FMI deve ajudar
A Argentina está no fogo cruzado. A enorme dívida externa de cerca de 200 bilhões de dólares deixa o país sul-americano particularmente vulnerável. Além disso, a Argentina tem um déficit duplo, no orçamento e na balança comercial. De acordo com especialistas, Macri tem poucas cartas na mão para enfrentar o declínio do peso de 45% neste ano até agora.
Passados apenas dois anos do retorno ao crescimento, a economia da Argentina caminha novamente rumo a uma recessão. O governo em Buenos Aires anunciou um pagamento antecipado da ajuda do FMI. O peso também sofre pressão devido à alta taxa de inflação de mais de 30%.
O Banco Central argentino já elevou as taxas de juros para 45%. A eficácia do aumento da taxa de juros para combater a inflação é, segundo Alberto Bernal, da trading XP Investments, apenas parcial. Porque, depois de anos de crise econômica, consumidores e empresas dificilmente fazem empréstimos.
Turquia – cerco cada vez mais apertado
A política econômica do presidente Recep Tayyip Erdogan e o seu questionamento da independência do Banco Central minaram a confiança dos investidores. Além disso, o conflito com os EUA em torno da prisão de um pastor americano é visto por Erdogan como um ataque contra a economia turca, que se encontra, de qualquer forma, sobre uma base instável.
A inflação no país subiu para 15%, e o déficit de quase 6 bilhões de dólares da balança comercial é relativamente alto. Desde o início do ano, a lira turca perdeu mais de 40% de seu valor em relação ao dólar. De acordo com o banco de investimento americano Goldman Sachs, a deterioração pode corroer as reservas de capital dos bancos turcos.
O banco JP Morgan estima que, somente até meados do próximo ano, a Turquia deve ter que pagar o equivalente a 153 bilhões de euros de dívida externa. Isso corresponde a quase um quarto do rendimento econômico anual do país.
Índia – bons dados, mas declínio cambial
Com um crescimento superior a 7% ao ano, a economia da Índia cresce mais que qualquer outra do planeta. Segundo especialistas, a dívida externa e o déficit da balança comercial do país estão em grande parte sob controle. Por esse motivo, as crises têm menos impactos que em outras economias emergentes.
Mas a queda da rupia em cerca de 9% este ano e uma inflação de 4,5% desafiam a política monetária. Como contramedida, o Banco Central elevou as taxas de juros em meio ponto percentual desde abril. por Deutsche Welle Por Annika Ross Leia mais em cartacapiral 31/08/2018
Nesta semana, a moeda argentina voltou a se desvalorizar acentuadamente, não conseguindo se recuperar apesar do anúncio do presidente Mauricio Macri de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para adiantar um novo empréstimo de 50 bilhões de dólares.
Além do peso, a rupia indiana também teve uma queda recorde, e o colapso da lira turca se faz perceptível. No Brasil, o dólar chegou a 4,21 reais na quinta-feira 30, só recuando após intervenção do Banco Central, fechando o dia a 4,14 reais – maior valor registrado desde janeiro de 2016 (4,16 reais)
Como resultado dessas turbulências, muitos investidores estão se retirando de economias emergentes. Agentes de mercado temem que muitos partam da Ásia e da América do Sul.
"O risco de que esta crise se torne uma crise global dos mercados emergentes está cada vez maior", explicou o especialista em mercado Thomas Altmann, da empresa gestora de ativos QC Partners.
Especialmente no que diz respeito a dívidas públicas, crises políticas e estagnação de reformas, há flancos abertos em muitos mercados emergentes. Anos de baixas taxas de juros levaram a um alto nível de endividamento, especialmente em dólares.
Mas nos EUA, as taxas de juros vêm subindo desde o final de 2015, e espera-se que continuem a subir diante do baixo desemprego e do alto crescimento. Isso torna o dólar atraente para muitos investidores e, ao mesmo tempo, pressiona países como o Brasil, a Argentina e a África do Sul. A disputa tarifária fomentada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, também alimenta o medo de uma guerra comercial mundial.
"Devido à crescente aversão ao risco, investidores estão retirando dinheiro de moedas de mercados emergentes e mudando para 'portos seguros', como o dólar ou o franco suíço", explica o especialista em câmbio Nils Ole Matthiessen, do Deutsche Bank.
Brasil – incerteza eleitoral
Cerca de dois anos após uma grave recessão, a maior economia da América Latina está se recuperando lentamente. O FMI prevê um crescimento de 1,8% para 2018.
Segundo os especialistas do fundo, o grande problema é a elevada dívida pública. Além disso, reformas financeiras urgentemente necessárias ainda precisam ser feitas.
As próximas eleições presidenciais, em outubro, também causam nervosismo. O real já se desvalorizou cerca de 20% neste ano, principalmente depois que o PT lançou a polêmica candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção.
Argentina – o FMI deve ajudar
A Argentina está no fogo cruzado. A enorme dívida externa de cerca de 200 bilhões de dólares deixa o país sul-americano particularmente vulnerável. Além disso, a Argentina tem um déficit duplo, no orçamento e na balança comercial. De acordo com especialistas, Macri tem poucas cartas na mão para enfrentar o declínio do peso de 45% neste ano até agora.
Passados apenas dois anos do retorno ao crescimento, a economia da Argentina caminha novamente rumo a uma recessão. O governo em Buenos Aires anunciou um pagamento antecipado da ajuda do FMI. O peso também sofre pressão devido à alta taxa de inflação de mais de 30%.
O Banco Central argentino já elevou as taxas de juros para 45%. A eficácia do aumento da taxa de juros para combater a inflação é, segundo Alberto Bernal, da trading XP Investments, apenas parcial. Porque, depois de anos de crise econômica, consumidores e empresas dificilmente fazem empréstimos.
Turquia – cerco cada vez mais apertado
A política econômica do presidente Recep Tayyip Erdogan e o seu questionamento da independência do Banco Central minaram a confiança dos investidores. Além disso, o conflito com os EUA em torno da prisão de um pastor americano é visto por Erdogan como um ataque contra a economia turca, que se encontra, de qualquer forma, sobre uma base instável.
A inflação no país subiu para 15%, e o déficit de quase 6 bilhões de dólares da balança comercial é relativamente alto. Desde o início do ano, a lira turca perdeu mais de 40% de seu valor em relação ao dólar. De acordo com o banco de investimento americano Goldman Sachs, a deterioração pode corroer as reservas de capital dos bancos turcos.
O banco JP Morgan estima que, somente até meados do próximo ano, a Turquia deve ter que pagar o equivalente a 153 bilhões de euros de dívida externa. Isso corresponde a quase um quarto do rendimento econômico anual do país.
Índia – bons dados, mas declínio cambial
Com um crescimento superior a 7% ao ano, a economia da Índia cresce mais que qualquer outra do planeta. Segundo especialistas, a dívida externa e o déficit da balança comercial do país estão em grande parte sob controle. Por esse motivo, as crises têm menos impactos que em outras economias emergentes.
Mas a queda da rupia em cerca de 9% este ano e uma inflação de 4,5% desafiam a política monetária. Como contramedida, o Banco Central elevou as taxas de juros em meio ponto percentual desde abril. por Deutsche Welle Por Annika Ross Leia mais em cartacapiral 31/08/2018