O fundo estrangeiro L Catterton e os sócios da rede de supermercados St Marche devem anunciar ao mercado, na segunda-feira, o fechamento de acordo entre as partes, apurou o Valor. Por meio de um aporte de capital de R$ 226 milhões, a L Catterton passou a ter 52% do negócio formado pelas redes St Marche, Eataly e Empório Santa Maria, segundo fonte. Os brasileiros ficaram com os 48% restantes. Com isso concluído, a empresa se capitaliza para um novo plano de expansão.
Pelo projeto já aprovado, a meta é triplicar o número de lojas e a receita bruta no país até 2022, considerando o negócio formado pelas três redes varejistas. A expectativa é passar de uma receita bruta de R$ 750 milhões e 20 lojas neste ano, para 61 lojas e vendas entre R$ 2,2 bilhões e R$ 2,5 bilhões ao fim de 2022, informaram os sócios ao Valor. Isso equivale a cerca de sete inaugurações, em média, ao ano. Para 2017, a ideia é atingir 26 lojas.
Os números consideram mais três ou quatro unidades da rede Eataly no país até 2022, e também esse mesmo número de inaugurações para o Empório Santa Maria nos próximos seis anos. As duas varejistas têm apenas uma loja no país, cada. O St Marche será o negócio que deve liderar a expansão orgânica do grupo. A previsão é de pouco mais de 30 unidades novas da bandeira nos próximos seis anos (existem 18 instaladas na capital paulista e região do ABC).
O projeto inclui a entrada da rede St Marche no interior e litoral de São Paulo, em cidades como Campinas, São José dos Campos e Santos, e novas unidades do Eataly e Empório Santa Maria na capital paulista - uma loja do Eataly deve ser inaugurada no ano que vem na região da avenida Paulista.
"O acordo fechado com a Catterton reduz nossa dívida consideravelmente e abre caminho para avançar com o plano de expansão, que era nossa meta desde que começamos a conversar com o fundo. Nossa ideia nunca foi vender o negócio e embolsar algum dinheiro. Tanto que todo o capital está indo para a empresa e nada para o nosso bolso", disse Bernardo Ouro Preto, sócio da empresa. Ouro Preto e Victor Leal são sócios desde a compra da primeira loja St Marche, quase 15 anos atrás.
Com a assinatura do acordo com a L Catterton em setembro, os sócios brasileiros reduziram sua posição acionária em pouco mais da metade, atingindo os 48% - na transação, o valor da empresa foi calculado em R$ 500 milhões, apurou o Valor. Os acionistas não comentam esses números.
Especificamente na rede Eataly, o fundo passa a ter 52% dos 40% que os brasileiros têm na operação. Os investidores americanos e estrangeiros do Eataly mantiveram seus 60% do negócio. Foi feita também uma simplificação na estrutura societária, com a unificação, dentro de uma holding, a Ominus, dos negócios dos sócios.
Um conselho de administração também foi criado, com número de membros divididos entre os sócios. "Temeremos quatro assentos do total de oito. Preferimos não fazer interferências diretas na gestão, que continuam com os brasileiros. O que fizemos foi indicar um CFO [diretor financeiro], o Marcelo [Ribeiro], que Victor e Bernardo também aprovaram", disse Dirk Donath, sócio diretor da L Catterton na América Latina.
O fundo tem investimentos no mercado latino-americano, mas este é o primeiro aporte numa operação controlada por brasileiros. Em relação a decisão de investimento num momento de recessão, o que acaba alongando os prazos de retorno, Donath diz que o fundo não é do tipo que "se assuste com isso".
"Existe um contexto difícil, mas temos outros ativos na América Latina, e isso não é algo que nos preocupe. O horizonte de longo prazo é muito bom, há um 'gap' de serviços e produtos no Brasil, para esse mercado atendido pelas redes do St Marche", afirma ele.
Em janeiro, o fundo americano anunciou fusão com o braço de private equity do grupo LVMH, o L Capital, criando o L Catterton, a maior empresa de investimento do mundo com foco em consumo. Um dos sócios é o bilionário francês Bernard Arnault, acionista do Carrefour.
Donath diz que a L Catterton - com US$ 12 bilhões em ativos sob sua gestão no mundo - tem olhado outros negócios no país, mas não cita detalhes.
Este ano, St Marche, Eataly e Empório Santa Maria devem gerar uma receita bruta de R$ 750 milhões, um crescimento de 7% sobre 2015 - a menor taxa de expansão dos últimos anos. Há expectativa ainda de queda no lucro (o valor não foi informado), como reflexo da crise que reduziu o consumo, inclusive das classes de renda alta, atendidas pelas três redes.
Houve redução no tráfego de clientes no ano, mas aumento no tíquete, em parte devido à inflação dos produtos importados, que subiu por conta do dólar alto. "Não somos isolados do mundo, também sentimos efeito da crise, mas um efeito menor se comparado aos negócios que atendem classes de menor renda", diz Leal. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 25/11/2016
25 novembro 2016
St Marche planeja triplicar a receita
sexta-feira, novembro 25, 2016
Alimentos, Compra de empresa, Investimentos, Private Equity, Tese Investimento, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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