A despeito de expectativas piores para a economia e da eleição de Donald Trump nos EUA, analistas seguem com uma visão positiva para o mercado de ações local em 2017. As projeções para o Ibovespa, principal índice da bolsa, variam entre 70 mil pontos e 75 mil pontos ao final do próximo ano, com potencial de alta entre 14% e 22%. Ontem, o índice fechou marcando 62.855 pontos.
Apesar de governo e mercado reduzirem suas projeções para o desempenho do PIB no próximo ano - pesquisa Focus do BC mostrou ontem nova redução de 1% para 0,98% - os especialistas veem a economia saindo da retração, com expectativa de queda nos juros e de melhora nas margens das empresas. No campo político, apesar de notícias negativas envolvendo o governo federal, o mercado ainda aposta no andamento do ajuste fiscal e aguarda a aprovação de reformas importantes.
O J.P. Morgan estima que o Ibovespa chegue a 75 mil pontos e mantém sua visão overweight (acima da média do mercado) para as ações brasileiras no cenário base. A recomendação foi mantida, diz o estrategista-chefe de ações da América Latina do banco, Pedro Martins Júnior, porque fatores positivos ainda devem compensar os riscos que surgiram nos últimos meses. O J.P. Morgan reduziu duas vezes a perspectiva para o crescimento do PIB de 2017. A primeira, no final de outubro, saiu de expansão de 1,3% para 1,1%. Após a eleição de Trump, houve novo corte, de 1,1% para 0,8% do PIB. A eleição americana, diz, gerou incertezas sobre o futuro dos juros nos EUA e sobre o comércio exterior. Mas ele observa que o Brasil tem previsão de um dos maiores deltas (variação) de crescimento do mundo, já que a expectativa para este ano é de retração de 3,3% do PIB.
A revisão das projeções para o PIB, diz Martins, pode ter um efeito compensatório importante por meio de quedas mais acentuadas dos juros no Brasil. Segundo ele, se o PIB crescer menos, em tese há espaço para uma queda maior das taxas, o que acabaria funcionando como um efeito positivo.
A gestora escocesa Aberdeen também mantém sua visão overweight (acima da média do mercado) para ações brasileiras em 2017. Segundo o chefe de renda variável da gestora no Brasil, Peter Taylor, o país segue como um mercado de "alta convicção" tanto nos portfólios regionais quanto no global. "A nossa visão para o Brasil não é diferente agora do que era um mês atrás", disse. "Continuamos com posição overweight, mas após o rali forte das ações e da moeda no ano, realizamos um pouco de lucro aqui e ali", diz.
O executivo afirmou que, em termos de preço, o país está caro caso se leve em conta a relação entre preço e lucro projetado. Para ele, no entanto, em momentos de crise essa não é a melhor métrica. Uma melhora da economia vai puxar as receitas, mas, como as margens de lucro estão muito pequenas, as chances de uma recuperação acima da média são maiores. "O que importa para as companhias e para os investidores são as margens de lucro", disse.
Taylor afirmou ainda que os mercados não devem dar peso demais às revisões de projeções para o PIB. Segundo ele, como o país está saindo de uma crise, os ajustes nas projeções vão variar o tempo todo. "O consenso é de recuperação modesta em 2017 e recuperação em 2018. Mas o tamanho exato disso é altamente incerto", disse.
A eleição de Donald Trump nos EUA, diz, também não muda significativamente sua visão para o Brasil, mas ele admite que o evento tirou o mundo de uma situação na qual havia espaço para um certo otimismo com países emergentes para um cenário de incertezas. "Saímos de um cenário de otimismo para o de ambiguidade, o que deixa menos visibilidade para as projeções de 2017", afirmou.
Leonardo Milane, estrategista de ações para pessoa física do Santander, também espera que o Ibovespa chegue a 75 mil pontos ao final de 2017. Ele afirma que não revisou suas projeções recentemente porque já estava com uma carteira mais conservadora, esperando crescimento fraco da economia em 2017. A carteira dele tem "quatro grandes temas": gestão estatal, companhias do setor de finanças, infraestrutura e setores regulados. "A economia deve se recuperar em ritmo mais lento, o que é mais um motivo para reforçar a posição em empresas mais conservadoras."
Já o estrategista de investimentos do UBS Wealth Management, Ronaldo Patah, reduziu suas projeções. Quando o Ibovespa se aproximou de 65 mil pontos, no final de outubro, a expectativa era de 74 mil pontos em 12 meses, no melhor cenário. Na época, a recomendação passou de overweight (acima da média) para neutra, já que o retorno esperado era limitado na comparação com a renda fixa.
A recomendação neutra foi mantida, mas o novo cenário traçado nas últimas semanas faz Patah ver como "mais razoável" um Ibovespa em 70 mil pontos em 12 meses. Segundo o especialista, a eleição de Trump pode ter efeitos positivos, como os esperados investimentos em infraestrutura prometidos pelo republicano. Mas as dúvidas geradas com a surpresa da vitória elevaram a aversão a risco de maneira geral, o que afetou os emergentes. Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 29/11/2016
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terça-feira, novembro 29, 2016
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Ruy Moura
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