18 abril 2016

Para BC, fim do impasse político permite reação rápida da economia.

A votação do impeachment não altera a estratégia de curto prazo do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, mas é vista por membros do colegiado como um importante passo para reduzir o nível de incerteza que atrapalha do trabalho desinflacionário e a retomada do crescimento da economia.

Nos últimos dias, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e o diretor de Assuntos internacionais da instituição, Tony Volpon, destacaram que o processo de ajuste da economia estaria mais avançado se não fosse a incerteza política, em conversas com investidores estrangeiros durante a reunião de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington.

Volpon disse que a superação das incertezas políticas poderia levar a uma rápida e surpreendente recuperação da economia, já que os ajustes externo e monetário estão bem avançados.

Um dirigente do Banco Central lembra que, do lado da inflação, a indexação de preços e a inércia são comportamentos defensivos de quem não enxerga horizonte temporal para seu planejamento - ou seja, está inseguro sobre qual vai ser o futuro da política econômica.

Na reta final das discussões do impeachment, o BC viu uma piora no quadro fiscal, do ponto de vista da condução da política monetária. Uma boa parte dessa deterioração deve-se à resposta do governo à evolução desfavorável do quadro político. Em fins de março, o BC já incorporou à sua linguagem verbal a mensagem de que a política fiscal entrou no terreno expansionista.

Nas últimas semanas, também se acirraram as pressões do governo para o Banco Central flexibilizar requerimentos prudenciais de capital das regras de Basileia para permitir um impulso ao crédito. O BC tem resistido.

Um diagnóstico dentro do BC é que, em parte, a recente melhora do cenário inflacionário se deve sobretudo à valorização da taxa de câmbio, embora a recessão seja a principal força para conter os preços da economia.

A ala mais otimista do Copom acreditava no começo do ano que o dólar pudesse cair, mas a sua aposta era que o grande indutor da cotação da moeda americana fosse uma alta mais lenta de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

Hoje, até esses mais otimistas reconhecem que o que mexeu com a taxa de câmbio foi sobretudo o cenário político interno, refletindo as chances de um impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Dentro do Copom, porém, que se reúne dentro de dez dias para decidir a taxa básica de juros, a visão predominante é que, embora o dólar ajude no combate da inflação, ainda estamos muito distantes do ponto ideal - por isso não haveria espaço ainda para o corte da taxa de juros.

Num cenário positivo, a inflação corrente efetivamente medida seguiria tendência de queda nos próximos meses. Nesta semana, será divulgado o IPCA-15 de abril, que deve confirmar a continuidade da tendência de queda da inflação em 12 meses. O mercado de dólar seguiria com menos pressão. Juntos, esses dois fatores contribuiriam para ancorar as expectativas e fortalecer o cenário de inflação abaixo do teto deste ano, de 6,5%, e convergindo para a meta em 2017, de 4,5%.

A cotação do dólar, a ser definida hoje na abertura dos mercados, pode favorecer esse processo. Mas não será uma bala de prata, nem permitirá mudar a direção da política monetária no curto prazo. Para os atuais membros do Copom, que fizeram o trabalho pesado de subir a taxa de juros desde 2013 e conduziram o processo de ajuste externo, é fundamental deixar como legado o controle da inflação.  - Valor Econômico Jornalista: Alex Ribeiro Leia mais em portal.newsnet 18/04/2016

18 abril 2016



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