Após período de fusões e aquisições, companhias brasileiras planejam reduzir investimentos e pôr ordem na casa nos próximos 12 meses
As empresas brasileiras planejam "arrumar a casa" nos próximos 12 meses e fazer valer cada real investido, após um período de forte crescimento. Isso é o que revela pesquisa global da consultoria Ernest Young, intitulada Capital Confidence Barometer.
A pesquisa, que trata da confiança dos empresários, ouviu 1,5 mil executivos que comandam empresas da indústria, comércio e serviços, com faturamento anual entre US$ 1 bilhão e US$ 4,9 bilhões, espalhadas por 50 países. Há no estudo um capítulo voltado só para o Brasil.
De acordo com a enquete, apenas 23% das companhias brasileiras consultadas neste mês pretendem fazer fusões e aquisições nos próximos 12 meses. Esse resultado é 40% menor que o apresentado pela última pesquisa em outubro de 2011 (37%) e menos de um terço do obtido em abril de 2011, quando 77% das empresas queriam ir às compras.
"Às vezes, as estatísticas podem parecer pessimistas, mas o Brasil está em outro momento, depois de um período de grande euforia", afirma o sócio de Transações da Ernst & Young Terco, Eduardo Redes. Ele destaca que essa redução no ritmo da intenção de ir às compras mostra que as empresas agora estão voltadas para "digerir" as aquisições e pôr ordem na casa.
No mundo dos negócios, quando uma empresa compra outra, ela incorpora vários ativos e, num segundo momento, começa a separar o que lhe interessa, explica o especialista.
Esse movimento é confirmado por outro dado da pesquisa. Mais da metade das companhias brasileiras (52%) pretende desinvestir nos próximos 12 meses, ante a média global de 31% para esse quesito. As empresas desinvestem quando vendem ramos de negócios que não lhe interessam e passam a concentrar esforços no seu foco. Na pesquisa anterior, em outubro do ano passado, apenas 12% dos executivos brasileiros entrevistados pretendiam passar ativos para a frente.
Redes cita como exemplo outro resultado da pesquisa que reafirma esse novo momento da conjuntura empresarial, no qual as companhias estão voltadas para si próprias, tentando melhorar o desempenho. Segundo a enquete, 33% dos entrevistados têm como objetivo otimizar os investimentos nos próximos 12 meses. Em outubro do ano passado, esse quesito era prioridade para somente 5% das empresas.
De acordo com o consultor, melhorar as estruturas e os processos de produção são exemplos de como as companhias podem otimizar o capital investido. "Os resultados são coerentes", observa o executivo. Ele pondera que essa acomodação está sendo influenciada pelo clima de incertezas que predomina no cenário internacional em relação aos rumos das economias da Europa e dos Estados Unidos.
De toda forma, diz Redes, após esse ciclo de ajuste as empresas brasileiras estarão mais aptas a usufruir dos benefícios do cenário econômico mundial mais favorável, que provavelmente deve ocorrer em 2013 e 2014.
Mundo. Já os resultados globais da pesquisa mostram poucas oscilações em relação a enquetes anteriores. "A evolução lá fora está muito devagar", diz o sócio da Ernest Young. Prova disso é que 52% das empresas preveem crescimento dos negócios nos próximos 12 meses. Em abril e outubro do ano passado, esses porcentuais eram de 51% e 50%, respectivamente.
Em relação à confiança dos negócios, 40% das empresas consideram o cenário positivo, resultado ligeiramente superior ao obtido em outubro (37%). Já a fatia de empresas que enxergam um cenário estável ficou mantida em 45% entre outubro de 2011 e abril deste ano. Houve pequena redução da fatia de empresas que veem queda, de 18% em outubro de 2011 para 15%, agora. Por MÁRCIA DE CHIARA
Fonte:O Estado de S.Paulo 23/04/2012
23 abril 2012
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segunda-feira, abril 23, 2012
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Ruy Moura
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