Cinco startups brasileiras alcançaram o valor de mercado de US$ 1 bilhão
Em 2019, Brasil ganhou cinco novos unicórnios (Foto: Getty Images)
O Brasil conta com mais de 12 mil startups, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABS). Deste total, somente dez empresas alcançaram o patamar de unicórnio — termo usado para companhias avaliadas em mais de US$ 1 bilhão. O interessante, no entanto, é que cinco desses unicórnios — Loggi, Gympass, QuintoAndar, Ebanx e Wildlife — surgiram em 2019, o que faz do ano um ponto de virada para o ecossistema brasileiro.
Parte disso se dá pelo interesse dos fundos de venture capital nas startups fundadas no Brasil — e na América Latina —, em especial ao apetite do banco japonês Softbank pela região. Em 2019, ele anunciou um fundo de US$ 5 bilhões para negócios latino-americanos.
De acordo com balanço divulgado pela empresa, o Softbank investiu, neste ano, de R$ 6 bilhões a R$ 10 bilhões em startups da América Latina. Segundo André Maciel, sócio do SoftBank Group International e líder de operações brasileiras de investimento, o grupo protagonizou “a maior campanha de investimento de um fundo de private equity no Brasil”.
No Brasil, o banco japonês já havia investido no 99 e no Nubank. Em 2019, realizou aportes nas startups Loggi, QuintoAndar, Gympass, MadeiraMadeira, Olist, Buser, Creditas e VTEX.
Já a Wildlife atraiu a atenção do fundo norte-americano Benchmark Capital, que já investiu em negócios como Instagram, Riot Games e Snapchat, enquanto o Ebanx conseguiu um aporte do fundo FTV Capital.
Para Renata Zanuto, co-head do Cubo Itaú, 2019 foi um ano de consolidação para o ecossistema. “Eu acho importante ver mais unicórnios, porque isso acende uma chama única nos empreendedores. Mostra que, sim, startups brasileiras também são negócios com potencial de escala. E também serve para atrair investidores de fora para o Brasil.”
Cyntia Calixto, professora do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV, também vê o ano com bons olhos. “Não só pelo crescimento exponencial dos unicórnios, que acaba sendo um marco para inovação, mas pela maturidade.” Mais do que a chegada de fundos como o do Softbank, a professora vê amadurecimento das aceleradoras e incubadoras.
Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor, afirma estar impressionada com a evolução “avassaladora” do mercado. “Em 2012, era impensável imaginar que a gente ia chegar nesse nível de maturidade já em 2019.”
Pedro Waengertner, cofundador da ACE, segue no mesmo tom. “2019 foi um ano incrível. O melhor da história do ecossistema brasileiro e 2020 será ainda melhor.” No campo do investimento-anjo, Maria Rita Spina também destaca 2019 como um ano importante. Para ela, novos investidores e o crescimento do ticket médio dos aportes foram os principais destaques. “O Brasil está com um ecossistema vibrante.”
Amure Pinho, presidente da ABStartups (ABS), credita o bom momento a uma conjunção de fatores: presença de venture capital, fortalecimento do ecossistema empreendedor e crescimento de soluções voltadas para clientes B2C. Sobre a entrada de fundos internacionais, ele destaca a queda da taxa de juros como principal justificativa. “A gente teve uma calmaria econômica, o que abriu espaço para o capital de risco”, diz.
Para 2020, o presidente da ABS espera que o Brasil entre no que chama de “segundo ciclo”. Até agora, boa parte dos unicórnios brasileiros tinha como característica principal oferecer soluções em software para setores mais abertos à tecnologia. Nessa nova fase, ele aposta que segmentos mais tradicionais, que tendem a levar mais tempo para realizar a transformação digital, devem entrar no foco. São setores como agronegócio, saúde e indústria. “Acho que chegou a hora.”
Na visão de Michael Nicklas, sócio do fundo Valor Capital Group, o avanço no ecossistema de startups vai além da entrada de capital. Para o investidor, o amadurecimento do mercado brasileiro é fruto de uma série de fatores, como a globalização da cultura de empreendedorismo, maior acesso à internet banda larga e penetração dos smartphones na sociedade brasileira. “Empoderadas pela tecnologia e pela computação em nuvem, essas empresas conseguiram gerar valor e produtividade para setores com falhas”, diz Nickla. “2019 foi um ano no qual se provou que o Brasil tem capacidade de gerar empresas grandes e competitivas globalmente. São negócios que, a partir de agora, nascem com dupla cidadania - brasileira e global.”
Abaixo, saiba mais sobre os cinco unicórnios brasileiros de 2019:
Loggi, junho de 2019
Eduardo Wexler, Fabien Mendez e Arthur Debert, da Loggi (Foto: Divulgação)
Fundada pelo francês Fabien Mendez em São Paulo, a startup se especializou no mercado de entregas. Tornou-se unicórnio após receber US$ 150 milhões do Softbank. "É um marco financeiro que confirma que a Loggi está no caminho certo de reinventar a logística com uso de tecnologia", dz o presidente e cofundador da Loggi.
Gympass, junho de 2019
Gympass oferece serviço de assinatura de academias (Foto: Reprodução/Pexels)
A Gympass é uma startup brasileira de assinatura de academias e serviços fitness. Recebeu um investimento de US$ 300 milhões também liderado pelo Softbank. “Acreditamos que esse investimento permitirá levar a nossa solução a mais organizações globalmente, revolucionando a forma como as pessoas se engajam com atividades físicas", afirma Cesar Carvalho, CEO da startup.
QuintoAndar, setembro de 2019
Gabriel Braga, CEO e cofundador do QuintoAndar (Foto: Divulgação)
Também investida pelo Softbank, a startup de locação de imóveis recebeu um aporte de US$ 250 milhões. Também participaram da rodada os fundos Kaszek Ventures, da Argentina, e General Atlantic, dos Estados Unidos. Para Gabriel Braga, CEO e fundador do QuintoAndar, a conquista mostra que a empresa está “no caminho certo”. “Dá a sensação de ter completado uma etapa, mas é só o começo. Agora é comemorar e pensar no que está por vir.”
Ebanx, outubro de 2019
Co-fundadores do Ebanx: Alphonse Voigt, CEO, Wagner-Ruiz, CFO e Joao Del-Valle, COO (Foto: Divulgação)
A fintech de Curitiba (PR) alcançou o status de unicórnio após receber investimento da norte-americana FTV Capital. O Ebanx presta serviços, em toda a América Latina, de processamento de pagamento a empresas com atuação global, como AliExpress, Wish, Gearbest, Pipedrive, Spotify e Airbnb. Alphonse Voigt, cofundador e CEO da startup, diz que o desafio de prestar serviços a todo o continente é conhecer profundamente as especificidades de cada país. Além do pagamento, a fintech oferece análises de inteligência de mercado, estratégias antifraude e consultoria em marketing, entre outros serviços.
Wildlife, dezembro de 2019
Empresa de games Wildlife (Foto: Wildlife Studios/Divulgação)
Em rodada liderada pelo fundo norte-americano Benchmark Capital, a empresa de jogos para celular foi a última a entrar para a lista de 2019. A multinacional de games nasceu em 2011, criada pelos irmãos Arthur Lazarte e Victor Lazarte. Até o final deste ano, a Wildlife Studios projeta atingir a marca de dois bilhões de downloads. Alguns de seus 70 títulos são Sniper 3D e Tennis Clash... leia mais em epocanegocios 27/12/2019
29 dezembro 2019
2019: o ano dos unicórnios brasileiros
domingo, dezembro 29, 2019
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Ruy Moura
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