Emergentes fora das negociações: após darem um salto no ano passado, as aquisições nos países em desenvolvimento estão em baixa de quase 10 % em 2015
Em um ano de potencialmente recorde global de realização de negócios, os executivos estão esnobando a compra de empresas da China, do Brasil e de outros mercados emergentes.
As culpadas são as incertezas geopolíticas, a volatilidade do mercado e do câmbio e a queda dos preços das commodities.
Os negócios para a compra de empresas nos mercados emergentes caminham para o nível mais baixo desde 2009 -- em um momento em que o montante em dólar das transações globais, neste ano, está prestes a superar os US$ 4,2 trilhões alcançados em 2007, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“As pessoas estão realmente preocupadas com a instabilidade nos mercados emergentes e voltando seus olhos às economias consolidadas”, disse David Avery-Gee, sócio corporativo do escritório de advocacia Linklaters, em Londres.
“Pela primeira vez em muitos anos, as empresas ocidentais estão pensando duas vezes antes de se expandirem para os mercados emergentes por meio de fusões e aquisições”.
Após darem um salto no ano passado, as aquisições nos países em desenvolvimento estão em baixa de quase 10 % em 2015, segundo os dados.
Como contraste, mais de 70 % dos US$ 3,5 trilhões em negócios anunciados neste ano envolvem um comprador ou um alvo com sede na América do Norte, na Europa Ocidental e nas economias desenvolvidas da Ásia, mostram os dados, um aumento de 34 % em relação ao ano passado.
Perspectivas de crescimento
No Brasil, onde os economistas preveem que a crise econômica se transformará na recessão mais longa do país desde a Grande Depressão, os negócios de entrada estão em baixa de 27 % na comparação ano a ano.
Além disso, houve apenas uma oferta pública inicial no país, que levantou apenas US$ 229 milhões, o que contrasta com 2013, quando as empresas captaram mais de US$ 8 bilhões.
Os temores em relação à desaceleração na China sufocaram o interesse dos compradores no país. As aquisições provenientes de países desenvolvidos ficaram 17 % mais baixas, em US$ 9,8 bilhões, mostram dados da Bloomberg.
Um total avaliado em cerca de US$ 1,76 bilhão em IPOs foi cancelado ou adiado, mais do que o dobro do número do ano passado.
“As empresas que investem na China estão sendo desafiadas pelos acionistas preocupados com as perspectivas de crescimento do país”, disse Sophie Javary, chefe de finança corporativa para Europa, Oriente Médio e África no BNP Paribas.
Os negócios concretizados nos mercados emergentes são, algumas vezes, impulsionados por taxas cambiais favoráveis que se traduzem em um preço de compra mais baixo.
Em março, a British American Tobacco apresentou oferta de cerca de US$ 3,5 bilhões pela participação que ainda não possui na Souza Cruz, a maior fabricante de cigarros do Brasil, tirando vantagem da desvalorização do real para se expandir na América Latina.
E algumas empresas ainda estão dispostas a assumir o risco em economias menos estáveis, conforme mostrado pela aquisição de US$ 107 bilhões da cervejaria SABMiller pela Anheuser-Busch InBev. A cervejaria belga poderia tirar proveito do acesso aos mercados emergentes na América Latina e na África, onde seu alvo obtém cerca de 80 % de sua receita.
Olhando para fora
Enquanto isso, algumas empresas com sede em mercados emergentes não estão paradas esperando comprador. Elas estão começando a procurar fora para expandir-se em economias mais estáveis e desenvolvidas.
A estatal China National Chemical está negociando a compra da fabricante de pesticidas suíça Syngenta, disseram fontes informadas sobre o assunto na semana passada. Se o negócio for adiante, será a maior aquisição chinesa da história -- e dará ao país uma posição importante na indústria agrícola global.
Em março, a Hutchison Whampoa de Li Ka-shing fechou acordo para aquisição da O2, uma unidade da Telefónica, criando a maior operadora de telefonia celular da britânica em número de clientes, um marco nos esforços do bilionário para reconstrução do conglomerado de Hong Kong.
“As empresas chinesas estão sendo particularmente agressivas na compra de ativos europeus com presença na China”, disse Javary, citando negócios como a aquisição de uma participação na fabricante de pneus italiana Pirelli pela ChemChina por 7,1 bilhões de euros (US$ 7,6 bilhões). Manuel Baigorri, da Bloomberg Leia mais em Exame 17/11/2015
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terça-feira, novembro 17, 2015
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Ruy Moura
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