11 julho 2015

Pares perfeitos? Oito aquisições que redefiniram a indústria de TI

Inicialmente recebidas com fúria ou consideradas irrelevantes, incorporações como a do Android pelo Google e da Sun pela Oracle revolucionaram o mercado

O setor de tecnologia da informação é intenso quando o assunto é crescimento inorgânico. Grandes empresas compram startups o tempo todo. Não raro, também, são fusões envolvendo gigantes da indústria, em transações que movimentam bilhões. Olhando para o passado recente, o time da Computerworld EUA listou oito aquisições que ocasionaram impacto significativo no mercado de TI.

1. Apple-NeXT (1996)

É interessante ler a cobertura da aquisição da NeXT pela Apple em dezembro de 1996, cujas matérias abordam o acordo de US$ 400 milhões unicamente como um meio de trazer Steve Jobs de volta à empresa. Fato é que os problemas da Apple eram muito superiores que a ausência de um líder carismático: seu projeto de sistema operacional para rivalizar com o Windows 95, o Copland, foi encerrado em agosto e a companhia precisava desesperadamente de uma alternativa ao Mac OS. A salvação veio na forma do NeXTSTEP, alternativa da NeXT baseada no Unix. Sua versão para consumidor, o OS X, só foi lançada quatro anos depois da fusão das empresas, mas fomentaria a volta do Mac e, na forma do iOS, uma revolução nos bens de consumo.

2. HP-Compaq (2001)

A trajetória de Carly Fiorina como CEO da Hewlett-Packard foi marcada pela oposição a seu plano de fusão da empresa com a Compaq. A executiva levou a intenção adiante mesmo com a oposição das famílias fundadoras. A aquisição foi especialmente controversa internamente, com a demissão de 30 mil funcionários no processo. Muitos a culparam pelo fim da filosofia igualitária da empresa, o que contribuiu para a destituição de Carly em 2005. Passada uma década, a fusão é tida por muitos como essencial para a expansão da empresa aos serviços de TI. Especula-se que, mesmo sem ela, as demissões poderiam ainda ter ocorrido com a explosão da bolha da internet.

3. eBay-PayPal (2002)

A compra do PayPal pelo eBay parecia fazer sentido em 2002: muitas das transações do site eram pagas com o serviço e não fazia sentido que as duas empresas abrissem mão de parte da receita para outra organização. Na prática, a teoria não funcionou tão bem. As empresas nunca se integraram completamente e o interesse do PayPal de combater novatas no setor de pagamentos como a Square não se alinhava aos objetivos do eBay. O investidor Carl Icahn começou o lobby pela separação no ano passado, enfrentando relutância dos gerenciadores do eBay, que acabaram cedendo em setembro de 2014.

4. Google-Applied Semantics (2003)

Em 2000, o Google descobriu como monetizar sua popular ferramenta de pesquisa: AdWords, pequenos anúncios em texto que acompanhavam resultados de buscas. Eles se provaram rentáveis, mas o setor publicitário não se impressionou, chegando a referir-se ao Google como "o ValPak da internet". O cenário mudou em 2003, quando a companhia concluiu a aquisição da Applied Semantics, empresa que considerou diversas ideias antes de lançar o AdSense, tecnologia que combinava anúncios relevantes ao contexto das páginas da web nos quais apareceriam. A fusão levou o Google a ascender rapidamente como a empresa mais poderosa para o setor publicitário.

5. Lenovo-Divisão de PCs da IBM (2004)

Ao contrário das demais aquisições desta lista, essa foi concluída com as empresas se mantendo separadas -- mas representou um verdadeiro marco, o fim de uma era. A IBM pode ter inventado o mercado de computadores como o conhecemos, mas em 2004 já havia se tornado um negócio com baixa margem de lucro. Ao vender sua divisão de PCs para a empresa chinesa (apesar das preocupações geopolíticas), a IBM reconheceu que o centro de gravidade do setor havia migrado para a Ásia, onde os computadores eram de fato fabricados. O acordo também pavimentou o caminho para a venda da divisão de servidores para a Lenovo uma década mais tarde, determinando o setor de software e serviços como nichos para os negócios americanos.

6. Google-Android (2005)

A aquisição da Android (até então uma startup pouco conhecida) pelo Google foi tida como só mais uma das ações da empresa para entrar no mercado mobile, como a aquisição de um mecanismo de busca para SMS e da Dodgeball, rede social para celulares à frente de seu tempo. Com a startup veio Andy Rubin, criador da Danger Inc. (empresa de smartphone baseada em Java) e desenvolvedor do sistema operacional.

Demorou alguns anos até se tornar óbvia a transformação que a compra da Android promoveu no Google, levando a empresa à categoria de grande player do setor de smartphones. A Danger, por outro lado, foi comprada pela Microsoft e levou ao desastroso Microsoft Kin.

7. HP-EDS (2008)

Se a fusão HP-Compaq buscava criar a fabricante líder de computadores, então a compra da Electronic Data Systems poucos anos depois foi o emblema da transição das empresas tecnológicas americanas para a era de serviços que marcou os anos 2000. A iniciativa foi considerada um sucesso, levando a HP a fechar os grandes contratos que seu então CEO Mark Hurd buscava, mesmo levando à demissão de dezenas de milhares de funcionários. Poucos anos depois, a compra da Autonomy, com objetivo semelhante, terminou em desastre.

8. Oracle-Sun (2010)

Quando a Oracle finalmente conclui a fusão com a Sun em 2010, muitos lamentaram a absorção de um ícone amado do Vale do Silício pelo "império do mal" de Larry Ellison. A tomada de controle quase imediata sobre o Java e o subsequente processo ao Google contribuíram para o mau presságio, que não se concretizou. Cinco anos mais tarde, o cuidado da Oracle com a divisão de servidores de alto nível da Sun salvou o Java da iminente irrelevância e a empresa sinaliza outros planos para manter vivo o legado da Sun, como a linha de processadores SPARC. Leia mais em computerworld 10/07/2015

11 julho 2015



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