Abertura de capital cria novas carreiras e transforma a cultura interna
A BMF&Bovespa estima que este ano será realizado o dobro de IPO (Initial Public Offering) – abertura de capital das companhias – na comparação com 2010. Isso significa que as empresas que passarem pelo processo também enfrentarão transformações internas, tanto na criação de novas carreiras quanto na mudança de cultura empresarial.
Márcia Hasche, sócia-diretora da consultoria Valor Pessoal, de desenvolvimento organizacional, diz que qualquer mudança tira as pessoas de sua zona de conforto. “Por isso, o RH deve ser o regente do novo cenário interno. Haverá uma necessidade permanente de um canal de comunicação que realmente funcione para sanar dúvidas e explicar o que está ocorrendo aos colaboradores.”
Novidades
Márcia explica que a empresa ganha uma nova dinâmica interna, com outras pessoas entrando na companhia para assumir novas posições. “Além disso, os profissionais serão mais cobrados por metas claras frente à uma forte pressão por resultados. Tudo isso exigirá uma gestão mais transparente em seus resultados, mais profissionalizada e com maior controle de processos, de forma a garantir que os ativos tangíveis da empresa – como informações administrativas, registros contáveis e crescimento do lucro – se tornem mais robustos.”
Novos profissionais também deverão ingressar na empresa por conta das novas exigências do mercado, como dar satisfações aos investidores da companhia. “Na maioria das vezes, as competências exigidas depois da abertura de capital não se encontram dentro da empresa. É preciso recrutar no mercado pessoas qualificadas especificamente para atender às demandas pré e pós IPO, como, ter competências para estabelecer relações com o investidor e os acionistas, entre outros”, diz Márcia.
Motivação
Para que os profissionais mais antigos não se sintam desmotivados, ou ameaçados, a consultoria diz que o RH tem de fazer uma campanha de valorização de seus talentos internos. “Além disso, deve apontar novas oportunidades de atuação interna e crescimento profissional frente às novas demandas que passam a fazer parte da organização”, aconselha.
A advogada trabalhista Raissa Bressanim Tokunaga, sócia do NRBY Advogados, de São Paulo, afirma que, dentre as ações pontuais, a empresa poderá também fazer uma avaliação dos cargos a serem criados ou modificados, mediante revisão ou implementação de plano de cargos e salários, entrevistas de satisfação dos empregados e mecanismos de avaliação 360º.
Direitos
Apesar de, nos contratos de trabalho, a alteração do empregador (que passou de companhia de capital fechado para aberto) não interferir nos direitos trabalhistas dos colaboradores, a mudança que acontece na administração pode gerar inseguranças e descontentamentos.
“No entanto, se o trabalhador entender que suas funções foram alteradas e não correspondem mais ao contratado inicialmente, de modo que o salário não corresponde às suas atividades e responsabilidades de fato, uma consulta ao RH da companhia para buscar informações sobre as métricas de avaliação pode ser uma solução”, aconselha a advogada.
“Se, ainda assim, ele não se sentir satisfeito, o ideal será o aconselhamento com um advogado especializado na área trabalhista, para analisar precisamente e de modo concreto a situação do profissional na nova estrutura organizacional”, explica Raíssa.
A advogada comenta que o período pós-IPO costuma elevar o número de ações trabalhistas, quando há grande quantidade de demissões, uma vez que trata-se do período de acomodação da nova estrutura da companhia. “No entanto, nossa experiência mostra que esse número tende a cair com o passar do tempo, em razão de novas ferramentas de gestão e avaliação da empresa pelos investidores, maior transparência e responsabilidade social.”
Fonte iG19/08/2011
19 agosto 2011
O que muda na empresa depois de um IPO?
sexta-feira, agosto 19, 2011
Governança Corporativa, IPO, Transações MA
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Ruy Moura
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