29 junho 2018

Ecovix pretende atrair investidores estrangeiros para Estaleiro Rio Grande

Antes de vender ativos, empresa precisa ter seu plano de recuperação homologado pela Justiça

Em seu longo trajeto de recuperação judicial, a Ecovix espera atrair a atenção de investidores estrangeiros para o Estaleiro Rio Grande, no polo naval da região sul do Estado. Na terça-feira (26), o plano de reestruturação da companhia foi aprovado em assembleia geral de credores. Agora, a empresa aguarda pela homologação do documento na 2ª Vara Cível de Rio Grande.

Um dos responsáveis pela elaboração da proposta, o advogado Alexandre Faro, do escritório Freire, Assis, Sakamoto e Violante, estima que a análise da Justiça levará, no máximo, um mês. Caso o plano avance, a dona do estaleiro buscará a criação de uma unidade produtiva isolada (UPI). Ou seja, a empresa teria de superar incertezas e encontrar interessados na compra do estaleiro, cujos ativos são avaliados em US$ 1 bilhão (em torno de R$ 3,8 bilhões).

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– No curto prazo, olhamos mais para investidores estrangeiros. Aos poucos, com o avanço da retomada na economia do país, é natural que também apareçam opções nacionais. Antes da assembleia, com a insegurança existente, todos se perguntavam por que entrariam no projeto do estaleiro. Por isso, a aprovação do plano foi importante – declara Faro.

Se a homologação for confirmada na Justiça, a Ecovix tentará diversificar atividades em Rio Grande. A companhia afirma que a UPI poderia receber operações como movimentação de cargas, processamento de aço para a indústria metalmecânica e reparos em plataformas petrolíferas e embarcações.
– O plano aponta que a empresa terá dois anos para reestruturar o estaleiro, fazendo a limpeza do local. A ideia é deixar os ativos mais valiosos para, então, vendê-los – explica Faro.

Para confirmar o projeto, a Ecovix também terá de superar um ponto burocrático. Conforme a Superintendência do Porto de Rio Grande, a empresa precisará de autorização do Estado e da União para diversificar as operações, já que a área cedida ao estaleiro é destinada à construção naval.
– Existe demanda para movimentação de cargas na região sul do Estado. Há espaço, por exemplo, para transporte de cargas de origem florestal. A questão é como regularizar as atividades na área do estaleiro –  sublinha o diretor-técnico da Superintendência do Porto de Rio Grande, Darci Tartari.

Outra operação ventilada pela Ecovix para a UPI é a finalização da plataforma P-71. A encomenda teve o contrato encerrado pela Petrobras, que optou pela produção na China. Segundo a dona do Estaleiro Rio Grande, 30% da estrutura está montada dentro do dique seco, apresentado pela empresa como o maior do hemisfério sul.

Para o vice-reitor da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Danilo Giroldo, além do término da P-71, o reparo de outras plataformas pode despertar maior atenção de investidores.

– A empresa precisará de autorização para o terminal portuário e terá de prospectar clientes para o processamento de aço. Em relação aos reparos de plataformas, o estaleiro está mais posicionado. Há o diferencial do dique seco. No país, existe demanda por manutenção de plataformas – analisa Giroldo, também presidente do Arranjo Produtivo Local (APL) Polo Naval e Energia.
Plano reduz dívida pela metade

O plano de recuperação judicial da Ecovix lista as condições de renegociação da dívida da companhia, estimada em R$ 7 bilhões. Na assembleia de terça-feira, os credores aceitaram reduzir o débito para cerca de R$ 3,7 bilhões, quase a metade do valor original, conta o advogado Alexandre Faro. Isso significa que a cifra a ser desembolsada pela companhia está próxima da quantia de avaliação do estaleiro, de US$ 1 bilhão (em torno de R$ 3,8 bilhões).

– Os credores não saem prejudicados. A recuperação judicial não é um processo de ganhos. É um pêndulo que balanceia a posição da empresa e dos credores – pontua Faro. Leonardo Vieceli Leia mais em clicrbs 27/06/2018

29 junho 2018



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