06 junho 2017

Grupo escandinavo vai comprar Nextel por US$ 200 milhões

A operadora Nextel, com 3 milhões de clientes em São Paulo e no Rio de Janeiro, anuncia hoje uma transação que trará um fôlego de US$ 200 milhões ao seu caixa e um novo controlador: o grupo escandinavo AINMT, que opera na Noruega, Suécia e Dinamarca, com a marca Ice, desde 2009.

A transação será feita em duas etapas. Na primeira e mais imediata, a AINMT vai injetar US$ 50 milhões na Nextel Brasil, por meio de uma holding com sede em Luxemburgo e que controla a operação no país. Após essa capitalização, ficará com 30% da empresa, hoje integralmente controlada pela NII Holdings, listada na Nasdaq.

A injeção superior a US$ 150 milhões pela AINMT, em uma segunda etapa, está condicionada à renegociação dos prazos das dívidas da Nextel Brasil, que totalizavam US$ 756 milhões ao fim de 2016.

Após esse passo, disse o presidente da Nextel Brasil, Roberto Rittes, em entrevista exclusiva ao Valor, a empresa escandinava fará a segunda capitalização e passará a ter a participação majoritária de 60% da empresa brasileira. A NII ficará com os 40% restantes.

A AINMT tem até 15 de novembro para exercer a opção para essa segunda fase da transação. As companhias, em conjunto, terão até 31 de janeiro de 2018 para implantar todas as etapas.

Pouco conhecida no Brasil, a AINMT é uma controlada pela Acess Industries, holding americana de investimentos, fundada na década de 80 pelo ucraniano Leonard Blavatnik, nascido na Rússia - quando ainda existia a União Soviética -, e que já atua em diversos ramos de negócios. A empresa decidiu entrar também na Tailândia e Filipinas, em 2015, a partir dos leilões de 4G.

Inicialmente, a AINMT terá dois assentos no conselho de administração da Nextel Brasil, de um total de cinco. A NII fica com três indicações até a efetivação de toda a capitalização. A partir de janeiro, a situação se inverte: a escandinava terá três assentos, e a NII, dois.

Da dívida total ao fim de 2016, a Nextel Brasil tinha vencimentos previstos de US$ 540 milhões para serem honrados ao longo deste ano. A empresa contava, ao fim de dezembro, com US$ 250 milhões em caixa. Os compromissos estão concentrados no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal (CEF) e no China Development Bank (CDB).

Segundo Rittes, as negociações estão em fase avançada e têm sido amigáveis.
Ele disse acreditar que será possível finalizar os trabalhos nos próximos 60 dias. O objetivo da Nextel é conseguir carência de quatro anos para a amortização do valor principal dos compromissos.

Com a equalização da situação financeira e o aporte de novos recursos, Rittes afirma que a companhia conseguirá seguir com foco em seu plano estratégico operacional e investirá em rede, para ampliar cobertura 4G.

No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida do negócio somou US$ 251 milhões. Trata-se de uma operação com receita anual da ordem de US$ 1 bilhão.

O executivo explicou que a parceria com a AINMT permitirá que a Nextel continue os esforços que vinha adotando para aumento de sua eficiência.

Além disso, reforçou que a AINMT tem experiência em atuar como terceira entrante em mercados consolidados de telefonia. "O foco deles é se diferenciar e buscar espaço com atendimento aos clientes e qualidade." O Brasil não é algo novo para o grupo, disse Rittes. "A AINMT estudou entrar no leilão de 4G e esteve perto de concluir uma parceria com a Telefônica para operação na frequência de 450 megahertz. É bom ter como parceiro alguém que já conhece o mercado, mesmo sendo um entrante." Atualmente, a NII Holdings possui apenas a operação no Brasil. Ficou acordado na negociação que a holding americana trará ao país os recursos que forem obtidos ao fim dos acertos relativos à venda da operação no México, com exceção de US$ 50 milhões que serão mantidos no caixa da NII.

A conta referente à transação tem um saldo atual de US$ 153 milhões, mas ainda pendente de muitos ajustes e auditorias.

Recém-chegado à companhia, Rittes contou que o objetivo da gestão é revitalizar a imagem de satisfação que a marca obteve ao longo dos anos.

Essencialmente, a Nextel opera com esforços de venda nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde sua participação de mercado com clientes pós-pagos (foco do negócio) é de 9,4% e 17%, respectivamente.

A cobertura dos clientes fora dessas cidades é feita por meio da rede da Vivo.
Ele disse que, com a chegada da AINMT, será possível avaliar no futuro o início de vendas fora do eixo Rio-São Paulo. Segundo o executivo, o grupo escandinavo tem uma experiência de sucesso com venda on-line, por exemplo. "Dessa forma, será possível ampliar o mercado atendido, mas sem o ônus dos custos com força de vendas local." Rittes presidiu a operação celular da Brasil Telecom no passado (atual Oi).

No intervalo entre as duas experiências, atuou em com fundos de participações. Antes de aceitar a proposta para retornar ao setor de telecomunicações, estava no HIG Capital, que atua a partir do Rio de Janeiro.

"A operação da Nextel tem coisas semelhantes ao caso da BrT. O objetivo é trazer uma visão empreendedora cada vez maior ao time."  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 06/06/2017

06 junho 2017



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