A empresa termina o ano mais enxuta, após levantar US$ 5,2 bilhões com a venda de operações consideradas não estratégicas
A venda de ativos da Vale em 2013 supera em mais de três vezes o valor registrado com desinvestimentos ao longo de 2012. A empresa termina o ano mais enxuta, após levantar US$ 5,2 bilhões com a venda de cinco operações consideradas não estratégicas e fora de seu principal negócio: o minério de ferro. No ano passado, a companhia arrecadou US$ 1,47 bilhão ao se desfazer de operações.
O montante deste ano poderá ser ainda maior. Nesta semana, a mineradora informou que vai se desfazer de sua fatia da Vale Logística Integrada (VLI).
A companhia também pretende vender a participação que detém na empresa de logística Log-In. A mineradora realizará um leilão em bolsa, no dia 26, ao preço de R$ 8 por ação. Se o leilão envolver a totalidade das ações da companhia de logística, a Vale levantará mais R$ 229,9 milhões.
Por fim, a mineradora anunciou a reestruturação dos ativos de energia. A companhia informou que vendeu 49% de sua participação de 9% no capital da Norte Energia para Cemig GT por R$ 206 milhões.
Operações. Em 2013, o montante levantado pela Vale foi inflado por grandes transações. A primeira delas foi a venda de uma fatia da VLI para a japonesa Mitsui por R$ 1,5 bilhão (US$ 695 milhões) e outros 15,9% do capital da VLI para o FI-FGTS por R$ 1,2 bilhão (US$ 553 milhões). A segunda foi o desinvestimento da fatia que detinha na fabricante norueguesa de alumínio Norsk Hydro, por US$ 1,8 bilhão.
Outra venda neste ano, de US$ 1,9 bilhão, foi referente a 5% dos fluxos de ouro pagável produzidos como subproduto da mina de cobre do Salobo durante a vida da mina e 70% dos fluxos de ouro pagável como subproduto das minas de níquel de Sudbury.
Além disso, também vendeu a fabricante chilena de cobre Três Valles, por US$ 25 milhões. A GDF Suez informou ao mercado que comprará a participação de 20% da mineradora em dois contratos de exploração de gás natural na Bacia do Parnaíba. Os valores desse negócio, no entanto, ainda não foram divulgados.
Segundo o analista Andreas Bokkenheuser, do UBS, a estratégia é positiva, já que a companhia consegue levantar capital para financiar projetos prioritários. Por outro lado, ele destaca que o risco nesse movimento é a empresa vender apenas os ativos que possuem valor de mercado, deixando, assim, apenas em seu balanço aqueles que têm pouco valor.
De forma geral, a venda de ativos é bem vista pelos analistas, uma vez que ajudará a Vale a financiar seu maior projeto, o Serra Sul, o S11D, de US$ 20 bilhões e que adicionará 90 milhões de toneladas à capacidade de produção da companhia. A percepção é de que o processo de desinvestimento pode fazer com que a mineradora pague dividendos adicionais em 2014, mesmo diante dos desembolsos feitos ao Refis. Neste ano a companhia já efetuou um pagamento à Receita Federal de quase R$ 6 bilhões.
Continuidade. A venda de ativos deverá seguir em 2014. Além de mais uma fatia da VLI, estão na fila para serem vendidos 40% que a empresa possui na Mineração Rio do Norte (MRN). Também é esperado que o processo de desinvestimentos contemple os ativos do setor de óleo e gás que o grupo ainda possui, parte de sua frota de navios e ativos em geração de energia. Também figura na lista de projetos de desinvestimento o corredor Nacala, de Moatize, Moçambique. A mineradora informou, recentemente, que sua intenção é diminuir a sua atual participação de 70% pela metade, mas que pretende manter o controle.
Em paralelo com a venda de ativos, a mineradora reduz pelo terceiro ano consecutivo o seu programa de investimentos. Recentemente, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que desde que assumiu a empresa em maio de 2011, o portfólio de projetos foi simplificado. Ao todo, foram excluídos 70 projetos que "não eram de classe mundial ou estavam geograficamente em países considerados com alto risco."
Fernanda Guimarães, do Estadao
Fonte: Exame 21/12/2013
21 dezembro 2013
Vale levanta US$ 5,2 bi no ano com venda de ativos
sábado, dezembro 21, 2013
Desinvestimento, Investimentos, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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