05 outubro 2017

Norsk Hydro fecha compra do controle da Sapa

Ao consolidar sua posição na ponta final da cadeia produtiva do alumínio, o grupo norueguês Norsk Hydro torna-se um dos maiores a atuar em todo o processo de transformação no mundo. A companhia finalizou ontem o processo de compra de 50% da Sapa, de extrusão do metal, em um movimento que eleva suas receitas em cerca de 67%.

O negócio deixa nas mãos da companhia o controle de mais de cem unidades espalhadas no mundo - dentre elas, a de Itu, no interior paulista. Ao Valor, Sérgio Vendrasco, presidente da área de tubos de precisão da Hydro, disse que dentro da estratégia da empresa o Brasil tem posição privilegiada.

"Não podemos esquecer que esse país tem 200 milhões de habitantes e grande vontade das pessoas em adquirir veículos e casas", afirmou, referindo-se aos déficits de locomoção e habitação brasileiros. "É um mercado com potencial enorme, até mesmo porque o uso de alumínio por habitante é muito baixo, em relação até mesmo a vizinhos como a Argentina. Nossa unidade de Itu tem toda condição de produzir os mais sofisticados produtos de alumínio."

Negócio de 11,86 bilhões de coroas norueguesas (US$ 1,48 bilhão) avaliou a Sapa em 27 bilhões de coroas

Com quase 90% dos produtos que saem da unidade de Itu destinando-se ao mercado interno, o executivo explica que a maior demanda vem da indústria automobilística. Nos últimos meses, a produção de veículos tem crescido, impulsionada pelas exportações. No caso da construção civil, outro mercado importante para a Sapa, a melhor notícia recente: as vendas pararam de cair.

"É importante ressaltar, por outro lado, que o mercado de extrusão por aqui caiu quase pela metade nos últimos três anos."

 A Sapa era um empreendimento conjunto entre a Hydro e o conglomerado conterrâneo Orkla. Ontem, a Hydro pagou 11,86 bilhões de coroas norueguesas (US$ 1,48 bilhão) à ex-sócia, avaliando a Sapa em 27 bilhões de coroas, levando em conta as dívidas e capital de giro. Com a incorporação da adquirida, o grupo bate US$ 14 bilhões em valor de mercado e sua receita líquida conjunta registrada em 2016 cresce 67%, para US$ 17 bilhões.

"É a prova de que a Hydro acredita no modelo de cadeia integrada do alumínio", declarou Silvio Porto, vice-presidente de bauxita e alumina no Brasil, em entrevista. "A incorporação total da área de extrudados agrega aos negócios distintos da companhia, como bauxita e alumina, alumínio primário, energia e produtos laminados."

O executivo vê a empresa com capacidade de fornecer ao mercado produtos especiais de alumínio, diferenciando-se. O núcleo de pesquisa e desenvolvimento da Sapa, bastante elogiado por ele, é especialista em soluções para atender a demandas específicas. "É uma vantagem competitiva muito forte."

Dentro da oferta da fábrica paulista, aparecem tubos para trocadores de calor em automóveis e para a substituição do cobre em ares-condicionados residenciais. Esse último, uma especialidade da Hydro que está sendo enviada à China. Dos 10% de exportações da Sapa, a Argentina domina os pedidos, mas também há embarques ao mercado chinês e, mais recentemente, para os Estados Unidos.

De certa maneira, a aquisição da metade que faltava da joint venture mostra uma visão distinta entre a Hydro e o resto do setor no Brasil. Nos últimos anos, as companhias vêm fechando unidades de fundição para focar em produtos com maior valor agregado. Já para a norueguesa, é importante estar presente em toda a cadeia. "Não podemos simplesmente privilegiar só uma parte da cadeia, em detrimento da outra", declarou Porto. Publicado por Valor Online Leia mais em gsnoticias 03/10/2017

05 outubro 2017



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