28 agosto 2017

Aberturas de capital ensaiam retomada

As ofertas públicas de ações (IPOs, na sigla em inglês) ensaiam uma retomada na Bolsa brasileira em 2017 após três anos de ritmo lento. Até o fim de julho, sete novas empresas entraram no mercado e movimentaram um volume total, somando captações primárias e secundárias, que passa dos R$ 11,6 bilhões, o quarto maior desde 2007, segundo dados da B3 (antiga BM&FBovespa).

O montante ainda está longe do de 2007, quando 64 novas empresas entraram na Bolsa e captaram mais de R$ 55,6 bilhões, mas o movimento já é melhor que o dos últimos três anos, em que apenas Ourofino (2014), Parcorretora (2015) e Alliar (2016) se aventuraram a abrir capital.

— Por causa do ajuste econômico do governo, o mercado está mais entusiasmado esse ano, e isso reflete, sim, no número de IPOs e até na própria Bolsa brasileira, que está subindo. Mas é importante destacar que essas reformas estão sendo feitas por um governo que tem uma aprovação patética, e o ano de 2018 ainda é muito incerto. Não acho que essas reformas vão ocorrer de forma linear — diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Ajuda do carrefour

Após cair a 37,5 mil pontos em janeiro de 2016, o nível mais baixo desde 2009, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, iniciou um movimento de alta e, em 2017, acumulava valorização de 9,4% até o último pregão de julho. Esse ganho, segundo Perfeito, é um dos motivos que, aliado à queda de juros, incentivam os empresários a abrirem o capital de suas companhias para buscarem capitalização no mercado:

— A queda dos juros faz com que os investidores migrem da renda fixa para a variável. Isso, aliado a um movimento de alta da Bolsa, faz com que o empresário tenha uma perspectiva de que a ação de sua companhia seja vendida a um preço mais alto, beneficiando a capitalização.

O IPO da Alliar, empresa de medicina diagnóstica, em outubro de 2016, foi o primeiro após 16 meses de seca da Bolsa. A novidade foi comemorada por Edemir Pinto, então presidente da B3, que prometeu, na época: “2017 será o grande ano de IPOs para o mercado de capitais brasileiro”.

Ainda não dá para dizer se Edemir acertou, mas basta que apenas mais cinco empresas entrem na Bolsa para que 2017 supere os anos de 2010 e 2011 e chegue ao maior número de novas empresas desde 2007. O volume de captação, pelo menos, já superou esses anos. Os valores somam captações primárias (quando os recursos da venda vão para o caixa da empresa) e secundárias (quando o valor vai para o bolso de algum sócio daquela empresa que decidiu vender ações que tem).

Por outro lado, três empresas já pediram cancelamento do registro de companhia aberta na B3 até julho e efetuaram OPAs, as Ofertas Públicas de Aquisição de ações, o movimento oposto ao IPO. O ritmo é mais lento que o do último ano, quando até dezembro 13 empresas pediram o cancelamento, mas 2017 também já se aproxima de 2009, 2013 e 2014, quando cinco empresas, em cada ano, pediram o cancelamento do registro.

— Um dos motivos que fazem uma empresa sair da Bolsa é que a atividade econômica está indo mal. O outro é porque quando a Bolsa está caindo muito, mas o empresário acredita no negócio dele, ele vê uma oportunidade para recomprar a parcela da empresa que está no mercado até por um preço mais barato do que vendeu anteriormente, quando abriu o capital — diz André Perfeito.

O volume captado nos IPOs em 2017 se deve, em grande parte, à abertura de capital do Carrefour, em julho. A empresa levantou mais de R$ 4,4 bilhões e entrou para a lista dos dez maiores IPOs desde 2007. O valor captado corresponde a 38% do total no ano até mês passado. O Globo -Leia mais em abinee.  28/08/2017

28 agosto 2017



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