A Fibria, maior produtora mundial de celulose de eucalipto, afirma ver vantagens em hipotéticas fusões com dois dos seus principais concorrentes no Brasil em meio à crescente especulação sobre consolidação da indústria no país.
O presidente da empresa, Marcelo Castelli, afirmou que uma possível fusão com a Eldorado Brasil seria o caminho mais simples para criar valor para os acionistas, enquanto uma combinação com a Suzano Papel e Celulose levaria mais tempo, mas com um potencial de ganho ainda maior. O potencial de sinergias no setor é enorme, disse ele em entrevista concedida na semana passada em São Paulo.
"Bancos, acionistas, executivos, todo mundo acha que a consolidação faz sentido", disse Castelli. "M&A é hoje a opção que agrega mais valor para o acionista."
Os fabricantes de celulose de eucalipto, usada para a produção de papéis de escrever e higiênicos, estão estudando formas de disciplinar a oferta da matéria-prima depois que a criação de novas capacidades derrubou os preços ao menor patamar em sete anos em outubro. Apesar de os preços terem se recuperado parcialmente desde então, o mercado de 36 milhões de toneladas ao ano é fragmentado.
A consolidação ajudaria a reduzir a volatilidade dos preços, disse Joshua Zaret, analista da Bloomberg Intelligence. A especulação sobre fusões se tornou mais frequente no ano passado, com a queda das margens da indústria, e a Fibria é vista como um ator importante em qualquer reformulação do setor.
"Este parece ser o momento certo para movimentos deste tipo", disse Zaret. Uma combinação entre Fibria e Suzano, que juntas têm 27 por cento da capacidade global de produção de celulose de eucalipto, "criaria uma potência, com muitas potenciais sinergias logísticas".
Castelli disse que bancos frequentemente oferecem análises sobre as vantagens de um acordo, mas que a Fibria não tem pressa. A empresa com sede em São Paulo quer primeiro concluir uma expansão de US$ 2,3 bilhões em Três Lagoas, que aumentará a capacidade da empresa em mais de um terço e lhe permitirá reduzir a alavancagem, disse ele.
Família Batista
A Fibria é controlada pela Votorantim e pelo braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A empresa possui quatro fábricas de celulose com uma capacidade combinada de produção de 5,3 milhões de toneladas de celulose de eucalipto.
A família Batista controla a Eldorado, além do gigantesco frigorífico JBS. A Eldorado tem uma única fábrica de celulose na municipalidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, onde a Fibria também tem uma planta. Isto simplificaria uma fusão em termos operacionais, disse Castelli.
Diferentemente da Eldorado, a Suzano também produz papel. A combinação dela com a Fibria exigiria muito mais tempo e esforço, mas também renderia ganhos potencialmente maiores, segundo Castelli. Uma hipotética fusão resultaria em uma economia de até R$ 10 bilhões (US$ 3,2 bilhões), duas vezes o total de um acordo entre Fibria e Eldorado, segundo o analista Thiago Lofiego, do Bradesco BBI.
"A consolidação seria uma resposta natural para a indústria nesse momento", afirmou o presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, em entrevista. "Mas as principais empresas de celulose da região hoje são controladas por famílias que gostam dos ativos que têm e que não parecem dispostos a serem investidores minoritários, o que reduz a chance de fusões e aquisições a curto prazo."
A Suzano preferiu não comentar o assunto.
As ações da Fibria acumulam queda de 9,2 por cento no ano. A dívida líquida da empresa subiu para 3,8 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização no primeiro trimestre, contra 3,3 vezes no fim de 2016. A alavancagem também é superior à meta autofixada pela empresa, de 3,5 vezes para períodos de expansão, mas deverá ficar abaixo desse limite até o fim do ano, disse o diretor financeiro da empresa, Guilherme Cavancanti, na mesma entrevista.(Bloomberg) -- Leia mais em jornalfloripa 08/05/2017
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Ruy Moura
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