04 setembro 2015

Alta do risco-país aprofundará recessão, prevê banco

O aumento do risco-país observado nas últimas semanas deve aprofundar o quadro recessivo e adiar o início da recuperação da atividade no Brasil. Segundo estudo do Santander, o Credit Default Swap (CDS), espécie de seguro contra calote da dívida soberana, influencia o humor do empresariado e também costuma antecipar pontos de virada da economia. Sem estabilização ou redução desse indicador, o banco avalia que tão cedo não haverá retomada da confiança, nem do PIB.

No fechamento de quarta-feira, o prêmio do CDS de cinco anos atingiu 379 pontosbase, alta de 11 pontos em relação ao dia anterior. Em 2 de janeiro deste ano, o índice estava em 202 pontos-base.

Para o economista Rodolfo Margato, a piora dos fundamentos - queda do nível de emprego e salários reais, acúmulo de estoques na indústria e paralisia de obras, explica boa parte dos resultados negativos do PIB. Recentemente, a crise política e as dúvidas em relação ao reequilíbrio das contas públicas ganharam relevância e elevaram as incertezas, o que se refletiu na disparada do CDS.

A redução de incertezas é o principal fator que poderia impulsionar a reação da confiança do setor privado, avalia Margato, condição necessária para que a economia volte a crescer. Como a percepção de risco subiu e os últimos indicadores divulgados voltaram a surpreender negativamente, a perspectiva de que o pessimismo pare de prejudicar a atividade tem sido cada vez mais adiada.

Segundo o economista, é difícil calcular com precisão a defasagem entre a queda do risco-país e sua repercussão no sentimento dos empresários, assim como o prazo entre a melhora da confiança e o efeito sobre a atividade, porque a frequência de divulgação dos indicadores não é a mesma - o CDS é diário, a confiança medida pela FGV é mensal e o PIB, trimestral.

Margato estima que a variação do CDS leva de um a dois meses para afetar a confiança, e esse índice demora entre dois e três meses para ter impacto sobre a produção industrial e os investimentos. O estudo notou relação estatisticamente irrelevante entre a confiança dos consumidores e o PIB.

O cenário-base do Santander prevê que o CDS deve começar a recuar para mais perto de 200 pontos-base no começo de 2016, o que levará a avanço gradual da confiança dos empresários a partir do segundo trimestre do ano que vem. A atividade só voltaria a recobrar fôlego de forma consistente a partir do segundo  semestre, mas depois do envio ao Congresso da proposta de Orçamento, diz o economista, o cenário pessimista traçado pelo banco ganhou força.

Nele, a expectativa é de retração de cerca de 1,5% para o PIB em 2016, enquanto a previsão no cenário-base é de queda de 0,5%. "O nível de confiança deve continuar deprimido e, com isso, não vemos retomada de investimentos e da produção", diz Margato. Por Arícia Martins | De São Paulo Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon 04/09/2015
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04 setembro 2015



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