A fabricante paulista de celulose Lwarcel vai seguir as rivais maiores Fibria e Eldorado Brasil com a ampliação de sua capacidade produtiva nos próximos anos, entrando com mais 750 mil toneladas do insumo no mercado a partir de 2019, após receber novos sócios e com a maior parte desse volume sendo dedicada à China.
A empresa tem planos de expandir a produção, atualmente de 250 mil toneladas, desde meados de 2010, e confirmou a intenção após desoneração do ICMS do investimento no setor pelo Estado de São Paulo, em junho. A medida descontou 150 milhões de reais do valor previsto de investimento para o projeto de ampliação pela empresa, que agora soma 3,5 bilhões de reais.
Agora, a produtora de celulose planeja receber um aporte de capital de possíveis sócios, que podem ser nacionais ou internacionais, para ajudar a financiar o desembolso no aumento da capacidade, disse o diretor-geral da empresa, Luis Künzel, à Reuters.
"Está em aberto quem seriam os sócios. O que temos uma definição clara é que o atual sócio quer manter o controle", disse o executivo. A Lwarcel Celulose pertence ao Grupo Lwart, com sede em Lençóis Paulista (SP) e controlado pela família Trecenti, que também engloba a Lwart Lubrificantes.
Apesar de ter confirmado o plano, o anúncio pela Fibria da expansão de sua fábrica em Três Lagoas (MS) e as rápidas mudanças nas condições de mercado, com a disparada do dólar ante o real, fizeram com que a Lwarcel Celulose pausasse temporariamente a negociação com os candidatos a sócios, antes de prosseguir com a construção da nova linha de produção.
"Já que vai ter outro projeto junto, vamos dar um tempinho. A gente entende que precisa de pelo menos um ano de defasagem e com isso a gente revê nossas ideias, nossos números antes de partir para o ataque novamente", disse Künzel.
A espera pela entrada da capacidade da Fibria no mercado ocorre para que não haja competição tão acirrada por clientes que absorvam a nova produção, por recursos e fornecedores para a construção da nova linha. A expansão da Fibria, maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo, no município de Três Lagoas (MS) está prevista para entrar em operação no quarto trimestre de 2017. Já a segunda linha da Eldorado na mesma cidade tem previsão para começar a operar no primeiro semestre de 2018.
A Klabin, por sua vez, deve concluir sua fábrica de celulose com capacidade de 1,5 milhão de toneladas por ano em 2016.
Assim, a expectativa da Lwarcel Celulose é iniciar a construção de sua nova linha no ano que vem, para que a produção comece em 2019. "A gente prefere não definir primeiro ou segundo semestre, talvez fique no meio do ano", disse Künzel.
Da quantidade de madeira de que necessita para abastecer a nova linha, a empresa já está providenciando três quartos, e deixará o restante para quando tiver o projeto mais definido. "Dependendo do sócio pode ter mais apetite para comprar florestas ou não", afirmou.
A fábrica existente precisa de cerca de 20 mil hectares plantados para funcionar, e hoje a Lwarcel tem quase 60 mil, segundo o executivo.
DE OLHO NA CHINA
Atualmente, cerca de 75 por cento da produção da empresa é destinada a clientes domésticos, principalmente nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, que são atendidos pelo modal rodoviário. Com menor volume, as exportações possuem participação na Ásia, Europa e América do Norte, tendo mais peso na Europa, especificamente França e Alemanha.
A expansão modificará esse quadro. Cerca de 70 por cento da produção será direcionada à exportação, com o uso de ferrovia para transporte do insumo até Santos (SP).
De acordo com Künzel, a empresa ainda não definiu exatamente como vai distribuir as 750 mil toneladas adicionais, mas a maior parte provavelmente irá para a China. "Não seria nada absurdo pensar em 400 mil toneladas (para a China)", afirmou.
Atualmente, a China é o segundo maior destino das exportações brasileiras de celulose, com 992 milhões de dólares em exportações de janeiro a julho deste ano, atrás apenas da Europa, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), associação que representa o setor.
Por enquanto, a escala de produção da Lwarcel não justifica a abertura de um escritório no exterior, onde a fabricante trabalha com agentes de vendas, mas, com o aumento da produção, isso poderia acontecer, diz Künzel.
Questionado se há espaço para mais adição de capacidade com a entrada da produção nova de suas rivais maiores nos próximos anos, o executivo avaliou que, no passado recente, o mercado absorveu bem as novas produções, como a da fábrica da Suzano em Imperatriz (MA) e a da Celulose Riograndense em Guaíba (RS).
"Pode acontecer do mercado não dar para todo mundo e alguém fechar capacidade, fechar planta ou converter para algum outro produto. Mas é parte do jogo. Nessa hora, estar no Brasil é estar no lugar certo", disse, citando menores custos e a produtividade das florestas de eucalipto como diferenciais. Por Priscila Jordão (Reuters) - Leia mais em bol.uol 29/09/2015
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Oportunidades, Plano de Negócio, Private Equity, Tese Investimento, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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