Por não poder pagar os mesmos salários que grandes companhias oferecem, a empresa de tecnologia Cappta, em São Paulo, adotou uma política diferente para manter os funcionários de alto desempenho no negócio: transformá-los em acionistas. Atualmente, 12 empregados detêm 10% das ações da empresa.
A estratégia, no entanto, precisa ser estudada com cuidado antes de ser posta em prática para que não configure falsa sociedade e gere processos trabalhistas contra a empresa, segundo Vicente Sevilha Jr., dono da Sevilha Contabilidade.
Essa política da Cappta existe desde a criação do negócio, em 2011. "Logo no início, não tínhamos dinheiro para pagar o salário dos seis executivos que queríamos no time. Então, oferecemos 0,5% das ações para cada um deles", afirma Eduardo Vils, 48, um dos três sócios-fundadores da empresa. "Por muito tempo eles ganharam menos do que na empresa onde estavam antes."
De lá para cá, os seis executivos ganharam mais ações devido ao desempenho individual e outros funcionários viraram acionistas. "Ao final de cada ano, definimos uma quantidade de ações que será distribuída entre os profissionais que se destacaram", diz Vils. Parte dos funcionários premiados recebe pró-labore (remuneração para sócios), enquanto os demais continuam com salário em carteira.
"Nas empresas onde trabalhei, sempre escutava que o funcionário precisava ter espírito de dono. Aqui, se o funcionário tiver espírito de dono, ele pode virar um", afirma o empresário. "O discurso tem de bater com a prática." Segundo Vils, o negócio tem 110 funcionários e houve apenas um pedido de demissão nos últimos 12 meses.
Ao virar acionista, o funcionário tem direito a receber distribuição de dividendos (lucro) no final de cada ano, de acordo com a quantidade de ações que possui. No entanto, Vils diz que o negócio só pagará dividendos aos acionistas a partir de 2016. "No momento, nosso lucro é reinvestido no negócio." Em 2014, a empresa faturou R$ 22 milhões. O lucro não foi revelado.
Sócios-fundadores têm 45% das ações
A Cappta é uma empresa que vende equipamentos, softwares e manutenção para lojistas que aceitam pagamento por cartão de crédito. Para abrir o negócio, os sócios investiram R$ 2,5 milhões. Sete meses depois, a empresa recebeu aporte de mais R$ 7,5 milhões vindos de um fundo de investimentos e de um investidor-anjo. Os dois investidores detêm 35% ações da empresa.
Além de investidores e funcionários, prestadores que oferecem os serviços da empresa em outras regiões também possuem ações da Cappta. Ao todo, 30 negócios parceiros detêm 10% da sociedade. "Com isso, passamos a ter acesso exclusivo à base de clientes desse parceiro", afirma Vils.
Os três sócios-fundadores, que detinham 100% da empresa no início, hoje possuem 45% das ações (15% para cada). Apesar da diluição do capital, Vils afirma que a distribuição de ações é uma estratégia positiva para expandir os negócios. "Nós três não seríamos capazes de tocar a empresa sozinhos e ela não cresceria tão rápido se não fosse pela equipe que montamos", diz.
"No começo, tinha 33% de uma empresa que valia R$ 2,5 milhões [R$ 825 mil]. Hoje, tenho 15% de um negócio que vale R$ 60 milhões [R$ 9 milhões]", declara o empresário. O cálculo leva em consideração o faturamento da empresa, seu patrimônio e a base de clientes que possui.
Funcionários podem opinar, mas não votam
Por ser uma sociedade anônima de capital fechado, a Cappta não pode negociar ações na Bolsa de Valores. A negociação das ações da empresa é feita de maneira restrita, e os nomes de novos acionistas precisam ser aprovados pelo conselho de administração.
As reuniões de conselho na empresa são trimestrais, segundo Vils. Nesses encontros são apresentados o balanço do negócio e outros demonstrativos financeiros a todos os acionistas. Os funcionários podem opinar, porém não têm direito a voto nas decisões. Nas votações, eles são representados pelos sócios-fundadores do negócio. Afonso Ferreira Leia mais em UOL 23/06/2015
23 junho 2015
Empresa transforma funcionários em acionistas para manter equipe no negócio
terça-feira, junho 23, 2015
Compra de empresa, Governança Corporativa, Plano de Negócio, Tese Investimento, TI, Transações MA, Venda de Empresa
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Ruy Moura
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