29 abril 2015

Nova geração de executivos impulsiona fusões

Alguns anos atrás, as companhias farmacêuticas que dominavam as manchetes de fusões e aquisições tinham nomes conhecidos, como Pfizer Inc., Merck & Co. e Novartis AG.

Hoje em dia, uma nova geração de consolidadores domina o noticiário com nomes bem menos familiares: Actavis PLC, Endo International PLC e Valeant Pharmaceuticals International Inc. Nas últimas semanas, duas outras companhias relativamente desconhecidas, a Mylan NV e a Teva Pharmaceutical Industries Ltd., também entraram para o grupo.

Juntas, essas empresas menos conhecidas assinaram ou propuseram nos últimos meses aquisições que valem US$ 180 bilhões no total, despertando a atenção de investidores e banqueiros.

Elas também estão se tornando grandes geradoras de receita, registrando um faturamento conjunto de US$ 52 bilhões no ano passado, 86% maior que em 2010. O crescimento da Actavis e da Valeant, as mais agressivas consolidadoras, é ainda mais impressionante. Até duas semanas atrás, a Actavis tinha um valor de mercado de mais de US$ 119 bilhões, um aumento de 22 vezes desde 2010; o valor da Valeant disparou 32 vezes durante o mesmo período, para US$ 84,73 bilhões. Mas a dívida da Actavis e da Valeant também aumentou substancialmente, quase dobrando como percentagem dos ativos totais desde 2010, segundo a FactSet.

Há vários fatores por trás dessa ascensão. Custos baixos de crédito abriram espaço para novas empresas crescerem através de fusões e aquisições. Países como a Irlanda têm oferecido incentivos tributários para companhias que compram empresas locais e se mudam para o país. Uma vez reincorporadas, essas empresas ganham uma vantagem em fusões e aquisições pelo fato de que as companhias que elas vierem a comprar poderão muitas vezes se beneficiar de suas alíquotas menores de impostos. E investidores têm premiado a consolidação ao elevar os preços das ações das empresas compradoras, o que, por sua vez, tem barateado as aquisições com pagamento em ações.

Diversos dos novos diretores-­presidentes vêm de fora da indústria farmacêutica, o que os torna avessos a algumas das práticas tradicionais do setor, como gastos altos com pesquisa. O corte de custos tem sido um foco importante dos negócios fechados pelos novos barões farmacêuticos.

Milhares de funcionários já perderam seus empregos, incluindo os pesquisadores que antes eram considerados a força vital da indústria. Alguns analistas e autoridades do setor questionam a estratégia, argumentando que ela solapa os programas de desenvolvimento de medicamentos que podem ser responsáveis por vendas expressivas mais tarde.

Os nomes mais tradicionais da indústria farmacêutica não estão de fora da onda de fusões e aquisições. Este ano, a Merck, que é conhecida fora dos Estados Unidos como MSD, comprou a fabricante de antibióticos Cubist por US$ 8,4 bilhões, e a Pfizer fechou acordo para comprar a Hospira Inc. e seus medicamentos injetáveis por US$ 16 bilhões.

No entanto, agora elas têm que dividir o palco com companhias como a Mylan. Em grande parte por causa das aquisições, a Mylan é agora a segunda maior em vendas de medicamentos genéricos nos EUA depois da Teva, segundo a IMS Health, com receita de US$ 7,8 bilhões no ano passado. O presidente do conselho de administração da empresa, Robert Coury, tem sido o arquiteto da expansão da companhia desde que começou a assessorar a Mylan em 1995. Desde que Heather Bresch assumiu como diretora­presidente em 2012, o valor de mercado da Mylan quadruplicou, para mais de US$ 36 milhões.

Em fevereiro a Mylan completou a aquisição, por US$ 5,7 bilhões, da divisão de medicamentos genéricos da Abbott na Europa, o que o permitiu reduzir sua carga de impostos ao reincorporar a empresa, que é americana, na Holanda. Este mês, a Mylan fez uma oferta maior de aquisição, de US$ 28,9 bilhões, pela Perrigo Co. PLC, da Irlanda.

Numa questão de dias, a Teva entrou em cena e fez oferta hostil de US$ 40 bilhões pela própria Mylan, temendo que se a Mylan completasse a aquisição da Perrigo, a empresa ficaria grande demais para a Teva adquirir, segundo uma pessoa a par da situação.

Foi o maior negócio proposto no setor de saúde este ano e um movimento ousado do diretor­presidente da Teva, Erez Vigodman, que procura novas fontes de receita para compensar a esperada queda nas vendas da empresa por causa da concorrência com genéricos do Copaxone, remédio da Teva contra esclerose múltipla.

Vigodman estava no conselho da Teva desde 2009, mas era um estranho na indústria farmacêutica, tendo antes liderado a maior empresa de defensivos agrícolas genéricos do mundo. A Teva, empresa israelense fundada em 1901, começou a copiar medicamentos para os israelenses quando o então novo país restringiu suas importações. As vendas nos EUA deslancharam depois que a Teva reconheceu o potencial de uma lei americana de 1984 que autorizava a venda de medicamentos genéricos.

Nenhuma companhia farmacêutica cresceu tão rapidamente nos últimos anos quanto a Actavis, outrora uma companhia relativamente pequena de genéricos. A empresa deslanchou quando a Watson Pharmaceuticals comprou a companhia suíça Actavis em 2012 e adotou seu nome. Depois, comprou a Warner­Chilcott, da Irlanda, em um negócio também envolvendo inversão fiscal.

Brent Saunders, que já foi especialista em regulamentação da PricewaterhouseCoopers, tornou­se o diretor­ presidente da Actavis depois que a empresa adquiriu por cerca de US$ 25 bilhões a Forest Laboratories em julho passado. Menos de um ano depois, a Actavis completou a aquisição da Allergan Inc., fabricante do botox, por cerca de US$ 66 bilhões.

Ao fazê-­lo, ela desbancou a Valeant e seu diretor­-presidente Michael Pearson, um feroz consolidador. Desde que assumiu o cargo no início de 2008, Pearson liderou fusões e aquisições no valor de cerca de US$ 34,6 bilhões, segundo a Dealogic. No mês passado, a Valeant fechou acordo para comprar a fabricante de remédios para estômago Salix Pharmaceuticals Ltd. por US$ 11,1 bilhões, superando uma oferta rival da Endo.  Jonathan D. Rockoff e Joseph Walker – Valor Econômico: Leia mais em abiquifi 27/04/2015



29 abril 2015



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