O mercado brasileiro de data centers passou por uma fase de concentração de negócios. Segundo o consultor Fernando Belfort, da Frost & Sullivan, os provedores de serviços relevantes no mercado passavam de 30, em 2010, e hoje se limitam a 20. Entre esses, algumas companhias brasileiras foram absorvidas por multinacionais. Como a Alog, que foi adquirida pela americana Equinix, e a CPM Braxis, comprada pela francesa Capgemini. Entre os negócios envolvendo apenas capitais nacionais, o mais relevante nesse período foi o avanço da Uol Diveo, formada como resultado de seis incorporações. A continuidade do processo de consolidação do mercado por meio de fusões e aquisições é uma questão que divide opiniões entre consultores e players do setor.
Anderson Figueiredo, gerente de pesquisas da consultoria IDC, avalia que o crescente mercado brasileiro é atrativo para as companhias globais. Elas podem oferecer seus serviços sem estar fisicamente no país, mas dificilmente adotarão essa estratégia. "É uma questão cultural. O cliente quer saber que a infraestrutura que está contratando está instalada em local próximo e acessível", diz.
Belfort não descarta novas aquisições, mas pondera que as principais empresas em operação no país já são de grande porte e que não são muitas as companhias internacionais não presentes no mercado local com capacidade para adquiri-las. Por outro lado, em sua opinião, não há sentido estratégico na aquisição de empresas pouco relevantes. "Nesse negócio, o comprador tem interesse em infraestrutura ou na carteira de clientes. Uma empresa pequena não oferece nem uma coisa nem outra", diz.
Antonio Mariano, gerente de arquitetura de soluções de rede da HP, tem uma visão distinta. Para ele, data center é o coração do negócio do conceito de computação na nuvem. No entanto, para estabelecer um negócio rentável em "cloud", é preciso ter escala. Para isso é preciso investimentos massivos em infraestrutura e segurança. Um conceito básico de segurança é uma ampla distribuição global da infraestrutura, se possível em países ou até mesmo continentes diferentes, reduzindo riscos locais energéticos, climáticos, políticos ou de segurança física. Ao mesmo tempo, é preciso ter operações locais, capazes de reduzir a latência, ou seja, o tempo de resposta. "As empresas de data center vão ter que se ajustar para atender a essa demanda", diz Mariano.
O perfil descrito por Mariano é o da própria HP, empresa que cresceu fortemente no mercado de TI por meio de aquisições globais nos últimos cinco anos. Atualmente, a HP atua no mercado de data center com três modalidades de negócios. Fornecendo soluções de infraestrutura, como provedora de serviços de "cloud" e como consultora. A expansão por meio de aquisições é uma probabilidade para a companhia, informa o executivo.
A Uol Diveo também adota a estratégia de aquisições para diversificar sua área de atuação de forma acelerada. Criada em 2008 como Uol Host, a companhia realizou sete aquisições, muitas delas de empresas com data centers próprios, e uma joint venture. Foram compradas as companhias de serviços de tecnologia da informação e comunicação DHC e Diveo.
Também foram compradas empresas voltadas a aplicações, como a Boldcron, especializada em sistemas de pagamentos on-line, a Uni 5, que atua em integração de cadeias produtivas, Compasso, empresa com foco em soluções Oracle de e-commerce, a Tech 4B, em soluções Quality Assurance, e a Solvo, voltada para operações em missões críticas. Em abril, a companhia fechou uma joint venture com a Ezmarket, especializada em sistemas para o mercado de capitais, e criou a Uol Diveo Broker, que vai oferecer soluções de telecom, nuvem e data center para corretoras de valores.
Em estrutura específica para serviços de data center, a Uol Diveo conta com 18 mil servidores hospedados em quatro data centers em São Paulo e Tamboré (SP), que atuam de forma interligada. A empresa ainda está se reposicionando no mercado, apresentando-se também como uma empresa de outsourcing, administrando todo o serviço de TI do cliente, informa o COO Marco Américo Antonio. Segundo o executivo, a estratégia de aquisições e parcerias é fundamental para complementar o portfólio da companhia e será continuada. "Hoje estamos de olho em oportunidades que ampliem nossas opções em aplicações", afirma.
Na Alog, empresa que vendeu 90% de seu capital para a americana Equinix, a estratégia agora é de crescer de forma orgânica, ampliando capacidade e conquistando novos clientes, relata o presidente Eduardo Carvalho. Em março, a companhia concluiu investimentos de R$ 24 milhões na modernização de seus dois primeiros data centers, um em São Paulo e outro no Rio, cada um com mais de 10 anos de atividade. Além disso, também finalizou a construção de uma unidade em Tamboré, após investimentos de R$ 60 milhões e ainda está investindo outros R$ 42 milhões para inaugurar ainda em 2013, uma nova unidade em Del Castilho, no Rio de Janeiro. Quando concluída, a Alog passará a ter uma área construída de 33 mil m² com capacidade para mais de 100 mil servidores.
Segundo Carvalho, que era sócio da Alog antes da aquisição, a Equinix trouxe fôlego financeiro para os investimentos, mas também tecnologia e expertise nos negócios. Com isso, a Alog passou a trabalhar o conceito de ecossistemas, os condomínios de empresas que compartilham plataformas de TI e se comunicam para aprimorar aplicativos, proteger ativos digitais e fazer negócios. No mundo, a Equinix, que está presente em 30 países, soma uma comunidade de 4 mil clientes com essa finalidade.
Autor(es): Por Domingos Zaparolli | Para o Valor, de São Paulo
Valor Econômico -
Fonte: clippingmp 29/05/2013
29 maio 2013
Mercado ainda tem fôlego para novas aquisições
quarta-feira, maio 29, 2013
Compra de empresa, Consolidação, Investimentos, Plano de Negócio, Tese Investimento, TI, Transações MA
0 comentários
Postado por
Ruy Moura
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário