Compra de Leader, Tok & Stok e de farmácias indica tendência. Negócios somam R$ 3,2 bilhões em 2012
Longe dos holofotes que cercaram a ruidosa troca de controle do Pão de Açúcar, que saiu das mãos da família Diniz para o grupo francês Casino, uma série de negócios vem movimentando as redes médias do varejo brasileiro. Da compra das lojas Leader pelo BTG Pactuai, sacramentada semana passada, à aquisição do controle da Tok & Stok pelo fundo americano Carlyle, que em março já arrematara a rede de brinquedos Ri Happy, as transações no setor já movimentaram este ano mais de R$ 3,2 bilhões e devem continuar, avisam os especialistas.
FUSÕES NO RAMO DE FARMÁCIAS
Foi mais de uma dezena de operações envolvendo compras de participação e controle, movimentos que o consumidor muitas vezes sequer nota, mas que geralmente envolvem a transferência de marcas tradicionais do comércio para
grupos muito maiores.
Como aconteceu com o Pre- zunic, que hoje pertence ao grupo chileno Cencosud, também dono de outras bandeiras ainda mais populares no país, como G. Barbosa, no Nordeste, e Bretas, em Minas Gerais. O BTG Pactuai, que pagou R$ 1,16 bilhão pela Leader, criou em 2009 a BR Pharma e passou a comprar marcas regionais de farmácias. A BR Pharma abriu capital em 2011 e hoje é dona de uma das maiores redes de farmácias do país, com mais de mil pontos e bandeiras como a Farmais, entre outras.
Além dos supermercados, em que cinco grupos respondem por quase 60% das vendas, e das farmácias, onde 21 redes abocanham metade do faturamento, segmentos importantes do varejo como o de lojas de departamento/moda e de materiais de construção devem passar ainda por grandes transformações, diz Márcio Vieira, sócio da área de varejo da PriceWaterhouseCoopers (PwC).
Consumidor está mais bem informado
Baixo desemprego e mobilidade social favorecem a expansão do varejo no país
-são paulo -Um consumidor mais bem informado e exigente e um mercado que cresce três vezes mais que o PIB, impulsionado pelo baixo desemprego e pela mobilidade social, são os vetores do processo de modernização e expansão do varejo brasileiro. Luiz Goes, da consultoria GS&MD Gouvêa de Souza, diz que, nesse contexto, a consolidação de fusões e aquisições no varejo passa pelas redes regionais de médio porte — em vez de grandes negócios.
Como fizeram o Supermercado Andrezza, de Caxias do Sul (RS), e a Vale Verde Farmácias, de Londrina (PR), que este ano avançaram sobre redes concorrentes. O Andrezza arrematou cinco lojas do Imec, e passou a ter 21 pontos de venda na Serra Gaúcha, enquanto a Vale Verde incorporou quatro lojas da Farmácias Senador, tornando-se a maior rede do interior do Paraná, com 28 pontos de venda.
— Essa estratégia tem como objetivo tornar a empresa mais musculosa e competitiva. Seja para se mostrar interessante a um investidor maior, ou para dificultar a sua entrada — diz Goes.
Segundo ele, grandes varejistas internacionais que ainda não estão aqui acompanham de perto o mercado brasileiro, em busca de oportunidades. Questões como a estrutura tributária, a legislação trabalhista e o tamanho do mercado, muito regionalizado, assustam e tornam a tarefa complexa.
OPORTUNIDADE NA REGIONALIZAÇÃO
Carlos Pires, sócio responsável pela área de Consumer Market da KPMG, concorda que as oportunidades para aquisições e fusões estão na regionalização, e vê na investida dos fundos de private equity (como o Carlyle, e mesmo o brasileiro Vinci Partners, que em fevereiro comprou 40% da rede baiana de varejo Le Bis- cuit) um obstáculo a mais no caminho de novos grupos varejistas estrangeiros.
— A entrada de fundos como o Carlyle é também um baliza- dor de preços, mas para o alto, porque sinaliza um mercado em ascensão. Coloca uma régua de preços em patamares altos num mercado jovem, em ascensão — diz Pires.
Cláudio Felisoni, do Instituto Pró Varejo (Provar), da USP, lembra que hoje o varejo vende “commodities” cujos preços são facilmente comparados pelo consumidor pela internet e, consequentemente, levando a margens muito baixas. Para sobreviver, lojistas precisam vender muito.
A dinâmica desses processos emerge da queda dos custos da informação, da facilidade que o consumidor — tem para comparar preços e condições de pagamento — diz. Por Ronaldo D'Ercole
Fonte: O Globo 23/09/2012
23 setembro 2012
Fusões agora chegam ao varejo de porte médio
domingo, setembro 23, 2012
Compra de empresa, Consolidação, Fusões, Plano de Negócio, Private Equity, Tese Investimento, Transações MA, Varejo
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Ruy Moura
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