O Kria, uma das plataformas pioneiras de "equity crowdfunding" no Brasil, sistema de investimento coletivo em empresas iniciantes, realizou sua terceira rodada de captações e atraiu o interesse de um nome tradicional do "private equity" nacional. A gestora Leblon Equities, mais habituada a adquirir participações em negócios de grande porte como Springs e BR Home Center, assumiu 10% do negócio.
O Kria, novo nome do Broota, fez uma rodada mista. Captou R$ 1,6 milhão por meio de uma oferta restrita junto a cinco investidores institucionais, liderados pela Leblon, e mais R$ 1,4 milhão por meio da própria plataforma de equity crowdfunding. "A gente recebeu dinheiro do fundo e de outros que colocaram cheques grandes na rodada privada, mas teve mais gente querendo aportar recursos, só que a gente não deixou. Queríamos também manter a oportunidade aberta para o nosso público", diz Frederico Rizzo, CEO e sócio-fundador do Kria. A aposta se pagou: em uma semana, o crowdfunding superou R$ 1 milhão.
Consultada, a Leblon preferiu não fazer comentários sobre o investimento "no atual estágio em que se encontra". Embora o interesse da gestora carioca pela startup possa ser visto como pontual, Rizzo afirma haver uma tendência de reorientação dos radares de grandes firmas de "venture capital" na direção de negócios inciantes com grande potencial de crescimento e impacto social.
"Cada vez mais fundos maiores e mais tradicionais começam a descer um degrau para investir em startups, assinando mais cheques sem olhar tanto o controle e mais para comprar oportunidade de crescer", afirma. Conforme o CEO do Kria, a tendência, que já se consolidou em mercados maduros como os EUA, começa a aparecer no Brasil, na medida que mais negócios com potencial de mudar as regras de um setor passam a surgir.
O empreendedor cita o exemplo das "fintechs", empreendimentos de tecnologia financeira, que têm sido alvo de aquisições de participação pelos fundos internacionais. Segundo levantamento do site "Conexão Fintech", investidores institucionais já injetaram R$ 457,44 milhões nas startups do gênero do país no ano passado.
O próximo passo para o equity crowdfunding, segundo Rizzo, depois de a Comissão e Valores Mobiliários (CVM) ter regulamentado o segmento em julho do ano passado, será a formalização e fomento de um mercado secundário dos títulos de participação adquiridos por meio das plataformas.
"Conheço pessoas com investimento há seis ou sete anos que não têm achado espaço para saída [desinvestimento]", diz o sócio do Kria.
De acordo com Rizzo, a regulação para o desenvolvimento desse mercado secundário já está em discussão no âmbito da CVM. "Tenho participado de conversas frequentes com o regulador, que demonstra grande vontade de criar essas condições", afirma.
Conforme o CEO do Kria, a CVM tem discutido o tema dentro de um grupo de pesquisa com participação de vários agentes do mercado, como a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). "Existe um projeto do regulador para até o final do ano criar as bases e ter um primeiro teste de um mercado secundário do segmento", diz Rizzo. Para o empreendedor, um sistema formal de negociação dos títulos pode estar implementado em meados de 2019.
Esse mercado secundário poderia ser viabilizado com o uso da tecnologia do "blockchain", ou seja, o "motor" das criptomoedas, um protocolo que permite o registro e validação de dados de maneira descentralizada e segura. "Dentro de um ambiente regulado, para que o mercado secundário de startups seja possível, o blockchain representa um papel importante." Rizzo explica que o blockchain permite a criação de "security tokens", que são frações de criptomoeda usadas para representar um contrato ou qualquer informação. Uma vez que o dado é associado ao token, não pode mais ser alterado. "O token passa a equivaler a um valor mobiliário e a representar algo real, não é, por exemplo, um simples bitcoin", pondera o empresário.
Segundo o CEO do Kria, no exterior, a tecnologia já tem sido usada nos mercados secundários. "É possível abrir uma filial na Suíça ou na Espanha e de lá operar um mercado secundário dessa ações, mas, para fazer isso no Brasil, a CVM tem de regular as operações." O uso do blockchain seria uma maneira de reduzir custos e, ao mesmo tempo, manter a segurança dos registros.
Rizzo revela já usar o blockchain no Kria para registrar o quadro societário das empresas antes de captar. "É como se a gente tirasse uma foto do quadro societário e colocasse no blockchain. Então, com isso, a gente tem um registro para sempre e sem precisar de um cartório, ou seja, não dependemos de um terceiro para garantir que no momento em que a empresa captou aquela era a divisão societária." - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 20/03/2018
20 março 2018
Plataforma de investimento coletivo recebe aporte da Leblon
terça-feira, março 20, 2018
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Ruy Moura
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