Arrematar a divisão de processamento e comercialização de cacau da americana ADM por US$ 1,3 bilhão, no ano passado, foi só o começo para a Olam International. Sediada em Cingapura, a companhia de agronegócios começou a mudar sua tradicional estratégia baseada em múltiplas aquisições de pequenas companhias para se voltar cada mais para poucos – mas grandes – negócios. Foi o que afirmou ao Valor o CEO da companhia, Sunny Verghese, em entrevista durante evento do Fundo de Investimento para o Desenvolvimento Agrícola (IFAD/ONU), em Roma.
A mudança de foco deflagrada pela transação com a ADM veio em meio a contínuas pioras nos resultados, influenciadas principalmente pela valorização do dólar em relação a outras moedas. No terceiro trimestre de 2015, o lucro líquido da Olam recuou 30% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 21,8 milhões, ainda que sua receita tenha aumentado 4% na mesma comparação, para US$ 3,1 bilhões.
"Fazíamos muitas aquisições, mas de pequenas companhias. Desde o ano passado decidimos mudar o foco", reforçou Verghese. "Estamos trabalhando para elevar a lucratividade dos nossos negócios, e uma parte do crescimento vem das aquisições". Um terço do resultado da Olam já vem de negócios adquiridos, e dois terços de negócios desenvolvidos com investimentos próprios.
Verghese sinalizou que a África é o principal alvo dos investimentos de longo prazo da Olam, por conta da disponibilidade de terras, dos baixos custos de produção e da classe média crescente. Dos cerca de 70 países em que a Olam tem operações, 19 estão na África. Mas o executivo realçou que também há potencial de crescimento na América Latina, nos EUA, na Austrália e na Ásia.
Dessa forma, a Olam pretende minimizar impactos como o provocado pela queda de rentabilidade de seu negócio de leite no Uruguai. Diante da forte retração dos preços internacionais do produto em 2014 e 2015, a divisão uruguaia de leite da companhia pesou negativamente no resultado operacional global no ano passado, o que motivou o início de uma reestruturação nessa frente.
Agora, o objetivo é reduzir custos no Uruguai e alcançar um retorno líquido mínimo de 10%, mas a expectativa é que esse percentual chegue a 15%, que é a meta para todos os negócios da companhia. A Olam já diminuiu o número de fornecedores no Uruguai de 50 para 32. Assim, se antes havia 80 mil vacas leiteiras à disposição, agora são 50 mil.
Verghese também comentou que a Olam não deverá receber mais aportes como o realizado no ano passado pela japonesa Mitsubishi, que investiu US$ 1,1 bilhão e passou a ter participação de 20% em seu capital. Dessa forma, o fundo soberano de Cingapura Temasek Holdings deverá continuar com uma participação de 51,4% no capital da empresa.
Para o CEO da Olam, a desvalorização das commodities agrícolas, que vem se aprofundando diante das turbulências nos mercados financeiros e da queda do petróleo, não deverá frear o ritmo de fusões e aquisições no agronegócio. "A consolidação do setor foi uma tendência dos últimos dez anos e deverá se manter no mesmo ritmo", afirmou.
A jornalista viajou a convite da Thomson Reuters Foundation e do Ifad | Por Camila Souza Ramos | De Roma | Fonte : Valor Econômico | Leia mais em alfonsin 18/02/2016
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quinta-feira, fevereiro 18, 2016
Alimentos, Compra de empresa, Investimentos, Plano de Negócio, Tese Investimento, Transações MA
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Ruy Moura
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