A startup ScaleFacor estava emergindo como uma fintech em ascensão nos EUA. Tanto que havia conseguido levantar capital de fundos de venture capital reconhecidos. Mas a pandemia do coronavírus encerrou de forma abrupta sua trajetória
A startup ScaleFactor, baseada em Austin, nos Estados Unidos, estava emergindo como uma empresa de serviços financeiros em ascensão. Tanto que, nos últimos 12 meses, havia conseguido levantar US$ 100 milhões de investidores de venture capital reconhecidos, como a Bessemer Venture Partners e a Coatue Management.
No começo de junho, a companhia fez um anúncio de contratação no LinkedIn. Ao mesmo tempo, outro funcionário postou na mesma rede social que estava empolgado em se juntar à startup. Tudo indicava que não havia muitos problemas no horizonte. Mas, nesta semana, a ScaleFactor simplesmente fechou às portas.
“Por conta da pandemia, os empresários entraram em modo de sobrevivência e, nesses casos, você não precisa de mais aparelhos sofisticados ou de ferramentas caras: você volta a operar com o básico, com papel e caneta”, disse à Forbes o CEO e fundador da companhia, Kurt Rathmann.
Fundada em 2014, a empresa desenvolvia programas de automação contábil para pequenos e médios empresários, aliviando o trabalho com folha de pagamento e fluxo de caixa.
Em geral, os clientes da ScaleFactor usavam o produto como um complemento a outras plataformas de vendas e de e-commerce, como Shopify e Square.
Além de cobrar um preço fixo pela sua plataforma, a ScaleFactor também vendia pacotes de serviços que variam entre US$ 6 mi/ano e US$ 30 mil/ano. Com mais de mil clientes pagantes, a companhia conquistou US$ 7 milhões de receita recorrente em 2019. Mas a “torneira secou” com o novo coronavírus.
Chegar até esse “fundo do poço”, porém, não foi apenas uma consequência de más escolhas de seu fundador. O público que a ScaleFactor atendia, pequenos e médias empresas, foi um dos mais atingidos economicamente pelo coronavírus.
De um acordo com um levantamento da Harvard Business School, realizado em maio, cerca de 100 mil pequenos comércios, ou 2% do total, já fecharam as portas permanentemente, o que dificulta ainda mais a retomada econômica nos EUA.
No Brasil, empresas que atuam em um segmento semelhante ao da ScaleFactor tiveram também que se reinventar para se adaptar aos novos tempos.
É o caso da startup Omie, que conta com um software de gestão online voltado a pequenas empresas, que “pivotou” sua estratégia em apenas sete dias.
Antes do coronavírus, a Omie focava em empresas com faturamento de até R$ 10 milhões. Depois, a startup passou a buscar clientes com faturamento de até R$ 70 milhões.
No caso da ScaleFactor, não houve tempo para “pivotar”. A companhia sucumbiu junto com boa parte de seus clientes, que quebraram por conta da pandemia do coronavírus, encerrando abruptamente sua trajetória.
Apesar das recentes contratações, a ScaleFactor já dava sinais, antes da pandemia do coronavírus, de que alguma coisa não estava bem. Em fevereiro deste ano, 40 funcionários da área de atendimento ao cliente haviam sido demitidos.
Sem uma equipe para cuidar do relacionamento com os usuários, a situação em meio à pandemia se tornou praticamente insustentável. “Esse não era o desfecho desejado, mas é a decisão mais responsável a se tomar”, afirmou Rathmann
Embora não fale publicamente sobre valores, a startup disse que vai devolver uma porção do capital aos investidores. Metade dos atuais 100 funcionários da ScaleFactor foram desligados imediatamente após o comunicado, enquanto a outra metade tomaria o mesmo rumo gradativamente.
Até o final de agosto, apenas 10 funcionários serão mantidos para auxiliar no processo de fechamento da empresa. Todos os profissionais desligados receberão 12 semanas de indenização e assistência médica até o final de 2020.
A pandemia do coronavírus tem afetado as startups de forma distintas. Mas, em geral, essas companhias de crescimento exponencial estão tendo de se adaptar a essa nova fase e, para não falirem, como a ScaleFactor, estão demitindo.
Um levantamento feito pelo site Layoffs.fyi Coronavirus Tracker, com base em informações públicas, contabiliza que 513 startups ao redor do mundo já demitiram 68.218 funcionários. Os setores mais afetados pelos cortes são o de turismo e o financeiro.
Embora não seja o desfecho que se espera, o investimento em startups é de alto risco. E os fundos de venture capital sabem disso. Tanto que diluem seus aportes em diversos negócios na esperança de que algum deles prosperem e se tornem um negócio rentável ou até mesmo um unicórnio, como são chamadas as empresas que valem mais de US$ 1 bilhão.
No Brasil, somente uma em cada quatro startups sobrevive aos primeiros cinco anos de vida, de acordo com a Abstartups, associação que representa as empresas iniciantes... Leia mais em NeoFeed 27/06/2020
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