21 setembro 2017

Para economista do BNP, país saiu do "atoleiro" recessivo e "agora vai"

O Brasil saiu do "atoleiro" recessivo em que esteve por vários trimestres e a impressão é de que "agora vai", na avaliação de Marcelo Carvalho, economista-chefe do BNP Paribas. Depois da divulgação dos resultados do segundo trimestre - quando o PIB cresceu 0,2% em relação aos três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais - o banco revisou sua estimativa para a alta em 2017, de 0,5% para 1%. A projeção para 2018 foi mantida em expansão de 3%.

"Está muito claro que a recessão acabou, com dois trimestres seguidos de PIB positivo, e vemos vários sinais de que as coisas estão indo bem", disse Carvalho durante coletiva trimestral do BNP. O desempenho da produção industrial, das vendas no varejo, da confiança de empresários e consumidores, das concessões de crédito e do mercado de trabalho mostram que a recuperação é cada vez mais consistente, afirmou.

Outro fator positivo, de acordo com o economista-chefe do BNP, é que a retomada está ocorrendo em meio a um cenário inflacionário bastante benigno. Para o banco, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) terá alta de 3% e 4% em 2017 e 2018, respectivamente, e os riscos são para baixo nos dois anos.

Vários elementos indicam que a redução da inflação "veio para ficar", disse, uma vez que não só os alimentos explicam a alta menor dos preços. Mesmo os preços de serviços, que são mais resistentes, estão cedendo agora, enquanto índice de difusão e os demais núcleos do IPCA estão baixos. Além disso, as expectativas inflacionárias estão comportadas, também devido à recuperação da credibilidade do Banco Central, o que facilita o trabalho da autoridade monetária, mencionou.

Com a trégua inflacionária, Carvalho estima que a taxa Selic encerrará 2017 em 7% ao ano. No começo de 2018, os juros devem ser cortados para 6,5% ao ano, patamar em que devem permanecer até o fim do ano, previu.

O risco político é recorrente nos últimos anos e não pode ser descartado no cenário de recuperação esperado para 2018, observou. No entanto, se as projeções econômicas do banco estiverem corretas, a economia vai fazer diferença para a política e um candidato à Presidência alinhado à agenda reformista tem maior probabilidade de vencer. Com a reação prevista para a atividade, a sensação de bem-estar na população deve aumentar, o que tende a favorecer a candidatura de presidenciáveis que defendam as reformas estruturais, explicou Carvalho.

Para Carvalho, a economia não está descolada do ambiente político mais conturbado. Na prática, mesmo com as turbulências políticas do dia a dia, a política econômica se mantém na direção correta, o que faz com que o mercado se mantenha confortável, disse.

Além do quadro doméstico mais favorável, o ambiente global também vai ajudar mercados emergentes como o Brasil, acrescentou. "O mundo está crescendo de forma mais sólida, consistente e sincronizada". Apesar do crescimento mais robusto, afirmou o economista, a inflação segue bastante baixa no mundo desenvolvido, o que permite que bancos centrais, como o dos EUA, não tenham "muita pressa" em subir os juros.

A reforma previdenciária, em sua visão, está sendo adiada e diluída, mas não está "morta". A proposta inicial do governo, que garantia economia em torno de 2 pontos do PIB por ano, caiu para 1,5 ponto depois das negociações com o Congresso, e a tendência é que esse percentual recue ainda mais, disse, para 0,5 ou 1 ponto do PIB por ano. "Mas, se o governo conseguir aprovar algo nessa linha, já é um avanço."

A ampla liquidez global favorece o fluxo de capitais para países emergentes, ao mesmo tempo em que o dólar deve se enfraquecer em relação às demais moedas, observou. Quando a moeda americana se deprecia, as commodities se valorizam, o que é benéfico para exportadores de matérias-primas, como o Brasil, disse Carvalho.  Valor Econômico -  Leia mais em abinee. 21/09/2017


21 setembro 2017



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