18 janeiro 2017

Venda do HSBC no Brasil gerou perda, mas banco carecia de escala, diz Flint

O presidente do conselho de administração do HSBC, Douglas Flint, confirmou que a venda das operações no Brasil para o Bradesco resultou em perda contábil, mas visivelmente considera que, no fim das contas, foi a decisão correta.

"Foi uma perda pela depreciação do real", disse Flint ao Valor à margem do Fórum Econômico Mundial, nos Alpes suíços. O HSBC vendeu suas operações no Brasil para o Bradesco por US$ 5,2 bilhões e registrou prejuízo contábil de US$ 1,7 bilhão no ano passado.

Flint disse que a venda no país não teve nada a ver com questão regulatória, ou seja, para se enquadrar melhor nas novas normas sobre capital mínimo.

"Vendemos no Brasil porque nós éramos o oitavo ou nono maior banco, bem distante do terceiro ou quarto, e estávamos milhas atrás deles", afirmou Flint. "Queríamos ser importantes na economia brasileira, mas estávamos milhas atrás deles."

O chairman do banco britânico acrescentou: "A rede que tínhamos no Brasil (exigiria) uma escala de investimentos que deveríamos fazer e não era algo que poderíamos contemplar".

Indagado se lamentava não estar mais num dos maiores países emergentes, Douglas Flint retrucou: "É uma pena que não pudemos ser um banco importante no Brasil. Éramos um pequeno banco num grande país com competidores muito grandes. Era um ativo mais para outro [banco]."

Em Davos, uma clara preocupação do executivo do HSBC tem sido com o impacto que terá a implementação, pelo governo britânico, do Brexit - a decisão favorável à saída do Reino Unido da União Europeia (UE).

Flint defendeu um período de transição para a City, a praça financeira londrina. Alertou que qualquer falta de visibilidade para os bancos pode significar que eles terão planos para o pior cenário e irão executá-los mais rapidamente, numa referência a uma possível transferência de atividades de Londres para o mercado comum europeu.

Para o banqueiro, em todo caso Londres continuará a ser um mercado financeiro importante pela experiência acumulada. Flint disse não acreditar em fragmentação, que ao seu ver resultaria em maiores custos e mais propagação de riscos.

No Fórum Econômico Mundial, a questão sobre o futuro do setor financeiro tem sido tema de debates. Para o presidente-executivo do UBS, Sergio Ermotti, a verdade é que cada banco e cada mercado tem seu próprio modelo. Ele exemplificou que, na Europa, 70% do financiamento das empresas vem dos bancos, enquanto nos Estados Unidos as empresas buscam na mesma proporção se financiar no mercado de capitais, colocando ações, por exemplo.

Por sua vez, o executivo-chefe do Deutsche Bank, John Cryan, afirmou que as pressões regulatórias fazem com que as instituições bancárias se tornem inovadoras. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 18/01/2017

18 janeiro 2017



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