27 novembro 2012

Fusão entre Rede DOr e Medgrupo pode parar na Justiça

Em maio, rede carioca comprou, por R$ 1 bilhão, o grupo de hospitais em Brasília. Negócio foi assinado às pressas e, uma semana depois, José Leal, diretor do Medgrupo, desistiu da fusão

 A Rede D'Or, maior operadora de hospitais do país, anunciou, no dia 29 de maio, a compra do Medgrupo, que controla quatro hospitais no Distrito Federal, além do Santa Lúcia. O investimento, que ultrapassou 1 bilhão de reais, chegou a ser considerado o maior negócio do ramo em 2012, já que a rede ocuparia mais um território na estratégia de consolidação, impulsionada em 2010 através da associação com o banco BTG Pactuai. A união iniciou uma onda de aquisições e, a mais importante delas, foi a do hospital São Luiz, que representou a entrada da Rede D'Or em São Paulo.

 Com a nova compra, a Rede D'Or - que já controlava o Santa Luzia (HSL) e o Hospital do Coração -, além de ter participação, através da Amil, nos hospitais Brasília, das Clínicas de Brasília e JK, sacramentou o domínio na região. O médico José Leal, que transformou o Medgrupo, em uma das maiores empresas regionais do setor, planejava ficar à frente dos negócios. Entretanto, após o anúncio, a compra bilionária deu origem a uma guerra nos bastidores da transação.

 Mas desentendimentos em negociações deste porte faz parte do jogo. Na semana seguinte ao anúncio da fusão, José Leal começou a demonstrar que não estava satisfeito com o que assinara. O que ocorreu foi que o negócio tinha sido fechado às pressas, antes do dia 29 de maio, data da reformulação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica, órgão responsável por aprovar fusões. Por isso, ambos os lados concordaram em deixar alguns acertos para depois, e o acordo acabou se transformando em motivo de discórdia.

 Desde então, Leal briga para que alguns pontos do contrato que acredita ter sido passado para trás sejam cumpridos e acena para a possibilidade de desfazer o negócio. Do outro lado, a Rede D'Or defende que nada precisa ser alterado e ameaça recorrer a um tribunal de arbitragem caso permaneça o impasse. Na prática, o que aconteceu foi que a rede D'Or comprou, mas não levou. E José Leal vendeu, mas não entregou. Seis meses após a transação, a fusão de 1 bilhão de reais está suspensa. Nenhum dos lados comenta o caso oficialmente, mas sabe-se que, nos bastidores, as opiniões de ambos são conflitantes.

 A expectativa de Leal era de permanecer no comando das próprias operações e assumir os dois hospitais adquiridos pela Rede D'Or em Brasília, mas logo percebeu que o grupo carioca pretendia controlar as empresa. Outra discordância está no valor da transação. De acordo com o Medgrupo, a rede D'Or tentar alterar cláusulas do contrato que, a depender do cumprimento de metas de desempenho, a empresa brasiliense poderia valer menos o dobro do cerca de 1 bilhão de reais que a Rede D'Or deveria pagar. Para a Rede D'Or, o arrependimento de José Leal não tem valor legal. Executivos ligados ao grupo afirmam que, em todos as fases da negociação, que caberia à Rede D'Or a palavra final. Acredita-se que Leal está barganhando para ter mais poder e um de seus objetivos é permanecer no controle do hospital Santa Lúcia, unidade que deu origem ao grupo.

 De acordo com alguns executivos ligados ao Rede D'Or, é praticamente impossível a devolução do controle ao ex-dono do Santa Luzia. O que se sabe até o momento, é que a Rede D'Or e o Medgrupo entraram em novembro tentando salvar a fusão entre as duas empresas. E nas últimas semanas, os dois lados começaram a negociar uma saída amigável. Da Redação, com informações da Exame
Fonte: diagnosticoweb 26/11/2012

27 novembro 2012



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