07 agosto 2018

Fusão de US$ 80 bi entre Linde e Praxair enfrenta novos obstáculos

A megafusão entre a companhia de gás americana Praxair e sua concorrente alemã Linde corre o risco de fracassar, após autoridades de defesa da concorrência dos Estados Unidos exigirem mais alienações antes de aprovar o negócio. As ações da Linde chegaram a cair 10% ontem, depois que a companhia disse, na noite do domingo, que as autoridades americanas estão fazendo exigências que são "mais onerosas que o anteriormente esperado".

A empresa acrescentou que há agora "uma probabilidade maior" de que os desinvestimentos exigidos superem o limite acertado pelas duas empresas, o que poderá arruinar o negócio. As ações da Praxair caíram 6,5% nos negócios realizados antes da abertura da Bolsa de Valores de Nova York.

As duas companhias, que juntas formariam uma gigante avaliada em US$ 80 bilhões e seria a maior fornecedora de gases industriais do mundo, vêm trabalhando para completar a fusão até 24 de outubro, o prazo estabelecido pelas leis da "takeover" da Alemanha.

Uma primeira tentativa de fusão em 2016 fracassou, quando os trabalhadores da Linde foram contra

Analistas da Kepler Cheuvreux reduziram sua meta de preço sobre a Linde de € 208 para € 188, alegando que o negócio agora tem apenas um terço de chance de ocorrer. Analistas do UBS mantiveram recomendação de compra, mas disseram que o mercado está apostando que o negócio tem 50% de chances de ser bem-sucedido.

"É um problema grave", disse uma fonte a par da situação. As empresas agora têm duas opções: vender mais ativos do que gostariam, ou desistir do negócio.

No mês passado, os grupos anunciaram que iriam vender ativos europeus avaliados em quase US$ 6 bilhões para a Taiyo Nippon do Japão e ativos de cerca de US$ 3 bilhões nas Américas para a CVC e a Messer, dependendo da aprovação do negócio.

Quando um acordo preliminar foi assinado em junho de 2017, os grupos estabeleceram um limite à venda de ativos de € 3,7 bilhões em receita ou € 1,1 bilhão em lucros antes dos juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida). Segundo o UBS, as duas alienações acertadas até agora deixariam espaço para vender ativos com € 1 bilhão em vendas anuais, ou um Lajida de cerca de € 400 milhões.

A Linde disse que as duas companhias estão discutindo com a Federal Trade Commission dos EUA a extensão de outros desinvestimentos. Enquanto isso, a Comissão Europeia disse em junho temer que a fusão possa prejudicar a competição na Europa.

As exigências das autoridades reguladoras dos EUA serão um problema para Wolfgang Reitzle, presidente do conselho de administração da Linde, que vem se empenhando muito pela realização do negócio e está jogando sua reputação nele. Arne Rautenberg, gerente de portfólio da Union Investment, diz: "Não seria um drama para a Linde, mas seria um duro golpe para Reitzle".

Uma primeira tentativa de fusão no terceiro trimestre de 2016 fracassou, quando os representantes dos trabalhadores da Linde foram contra. O colapso levou à saída de seu executivo-chefe e do diretor financeiro, antes que novos termos emergissem, fazendo concessões aos trabalhadores alemães.

Com essas concessões, um acordo renovado recebeu o apoio unânime do conselho da Linde, mas representantes sindicais ficaram agitados no ano passado. Trabalhadores fizeram manifestações queixando-se de que a suposta "fusão de iguais" era na verdade um "takeover" pela Praxair.

Em dezembro do ano passado, quando um acordo finalmente parecia ser possível, Reitzle e o novo executivo-chefe da Linde, Aldo Belloni, pareciam triunfantes. Referindo-se aos representantes de sindicatos, Reitzle disse ao "Financial Times": "Eles sabem que perderam a batalha. Na Alemanha há um ditado que diz, e eu não sei se há uma boa tradução para isso: 'o fantasma está na caixa e a caixa está fechada'". Leia mais em gsnoticias 07/08/2018

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