Há exatamente dois anos, Pedro Bueno foi anunciado presidente da Dasa, a maior companhia de medicina diagnóstica do país, cercado de muita desconfiança. Não à toa. Pedro assumiu o posto com apenas 24 anos; é filho do dono, o empresário Edson Bueno que, por sua vez, teve uma série de conflitos com os acionistas para assumir o controle da Dasa; a rentabilidade estava em declínio e a credibilidade do laboratório Delboni Auriemo junto à comunidade médica era ruim.
Diante desse cenário, a estratégia nesses dois últimos anos foi arrumar a casa. Os índices de reclamação de pacientes e rejeição dos médicos caíram e o lucro aumentou mais de quatro vezes para R$ 85,8 milhões entre janeiro e setembro deste ano. A margem operacional aumentou 6,4 pontos percentuais, mas ainda está abaixo de concorrentes como Fleury, Alliar e Hermes Pardini.
Com a reestruturação concluída, o projeto de expansão da Dasa para 2017 prevê a abertura de 50 unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Centro-Oeste e Sul, principalmente, das bandeiras Delboni Auriemo e Alta Excelência Diagnóstica, essa última voltada ao público de alta renda. Hoje, a Dasa tem 590 unidades distribuídas em mais de 10 Estados. O plano de expansão também prevê aquisições de médio porte. Em 2016, a Dasa comprou três ativos e outras negociações estão em curso.
O orçamento de 2017 da Dasa não foi revelado, mas Pedro sinalizou que será superior aos R$ 300 milhões investidos neste ano. Esse valor não inclui possíveis aquisições. Uma parte dos recursos será destinada a campanhas de marketing, cuja verba será 50% maior, e novas tecnologias para melhorar o atendimento aos pacientes - uma das prioridades do executivo. "No setor de medicina diagnóstica, há pouca inovação tecnológica. Trouxemos para nossa equipe uma pessoa do Itaú, que passou por um salto tecnológico. Criamos células de inovação em várias áreas da companhia, que têm a vantagem de não ficarem amarradas às metas e ao orçamento da companhia", conta Pedro, ao confessar que é pouco ligado em tecnologia e que sempre é o último a baixar os aplicativos entre os seus amigos.
Ao ser questionado sobre sua idade e sobrenome, Pedro conta que a indicação para a presidência veio de um dos conselheiros independentes da Dasa e que, inicialmente, seu pai foi contra porque temia que, caso a empreitada desse errado, Pedro teria sua imagem profissional arranhada logo no início da carreira e poderia ficar desmotivado para outros desafios. Pedro topou com a condição de ter carta branca do pai para tocar o negócio, sem sua interferência. "Ele é apenas acionista, não está nem no conselho da Dasa. Participa de reuniões a cada 45 dias."
Em relação à idade, o jovem logo responde: "Várias coisas eu não sei, é preciso ter humildade. O que faz a diferença é ter uma equipe formada por pessoas boas, competentes. Nossa gestão é baseada em indicadores e meritocria", ressalta o jovem, formado em economia pela PUC-Rio. Antes de assumir a Dasa, passou pelo BTG e pelo family office da família Bueno. Sob seu comando, a diretoria foi totalmente reformulada e hoje conta com executivos vindos do mercado financeiro e de empresas como a Heinz, do fundo 3G.
O braço direito de Pedro é o médico radiologista Romeu Côrtes Domingues, presidente do conselho da Dasa, que tem o dobro de sua idade. "Eu puxo para cima e o Pedro puxa para baixo a idade média na Dasa", costuma dizer Domingues, que liderou o processo para melhorar a imagem da rede Delboni junto à comunidade médica. Esse processo envolveu desde a compra de novas máquinas de ressonância magnética até incentivos para os médicos publicarem artigos em revistas científicas e participarem de congressos médicos internacionais.
Desde 2015 foram investidos R$ 550 milhões na aquisição de novos equipamentos médicos, reforma de unidades, programas de relacionamento com médicos, plataforma tecnológica para melhorar o atendimento ao paciente, entre outras ações. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 15/12/2016
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