O quarto trimestre do ano começou com os principais setores da economia em retração, apontando que a atividade voltou a recuar em outubro. Segundo estimativa média de 22 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 0,58% em relação a setembro, feitos ajustes sazonais, após ter crescido 0,15% na leitura mensal anterior.
As projeções para o indicador do BC que tenta se aproximar do comportamento mensal do Produto Interno Bruto (PIB) e será divulgado hoje, estão quase todas no campo negativo, e vão de queda de 1,2% até estabilidade para outubro.
O resultado da Pesquisa Mensal de Serviços - redução de 2,4% do volume de serviços prestados de setembro para outubro -, divulgado ontem, provocou revisões para baixo nas previsões para o IBC-Br do período, que já eram ruins.
O economista Igor Velecico, do Bradesco, por exemplo, estimava redução mais leve para o indicador na comparação com setembro, de 0,1%, número revisto para contração de 0,6%. A queda maior indica que o IBC-Br deve recuar 0,5% na passagem no quarto trimestre, afirma Velecico, mesma intensidade esperada para a retração do PIB em igual intervalo, após o tombo de 0,8% de julho a setembro.
Outros dados que mostram que a dinâmica negativa da atividade persistiu em outubro são produção industrial e vendas do varejo. De acordo com o IBGE, o volume de vendas do comércio restrito (não inclui automóveis e material de construção) encolheu 0,8% ante setembro, enquanto as vendas ampliadas, que consideram esses dois setores, diminuíram 0,3%. A produção física nas fábricas ficou 1,1% menor no período.
O Pibiu, outra medida de PIB mensal, calculada pelo Itaú, caiu 0,6% de setembro para outubro. De acordo com o banco, a principal influência negativa no resultado foi o recuo de 1,3% da produção da indústria de transformação no mês.
O Itaú também menciona as quedas na produção de insumos típicos da construção civil (-2,1%) e no comércio ampliado. Por outro lado, a atividade agropecuária subiu 0,6% sobre setembro, calcula o banco. Para o IBC-Br, o Itaú estima contração de 0,4% em outubro.
"A nosso ver, a atividade doméstica mostrará uma contração adicional no quarto trimestre, ainda que menos intensa na comparação com o trimestre passado, quando houve significativa frustração das expectativas", comenta a equipe econômica do Santander, em relatório. Para outubro, o banco espera redução de 0,5% do IBC-Br, como reflexo da piora dos principais setores produtivos no mês.
Apesar da recente deterioração das variáveis de atividade, o Santander destaca que o PIB deve retornar ao terreno positivo nos primeiros três meses do ano que vem, encerrando longa sequência de oito quedas trimestrais consecutivas. "Portanto, nosso cenário-base segue prevendo recuperação da economia em 2017, porém a um ritmo bastante lento e gradual", dizem os economistas do banco.
- Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 15/12/2016
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