No epicentro da crise financeira, o Brasil recebeu o grau de investimento (GI) das três maiores agências de classificação de risco: em 2008 pela S&P e a Fitch; em 2009, pela Moody’s.
Seis anos depois, a economia global dava sinais de recuperação. E, novamente no sentido contrário, alegando a deterioração da situação fiscal e a falta de coesão ministerial, as agências rebaixaram o Brasil a junk.
Hoje, o Brasil está a duas notas abaixo da linha que separa bons de maus pagadores na avaliação das três agências. Além da retração do crescimento, o país (governo e empresas) tem de conviver com o selo de grau especulativo, que dificulta o acesso ao crédito e afasta os bons investidores.
Segundo o FMI, em 2012, o Brasil já gastava 5,2% do PIB com pagamento dos juros, quase três vezes o pago, em média, por países detentores do GI (1,8%). Após o rebaixamento, o custo do nosso financiamento só tende a aumentar.
Quais as perspectivas de o Brasil voltar a conquistar credibilidade internacional? Se mantiver o curso recente da economia, nenhuma.
Com base em estimativas do FMI e de mercado (Focus até 2020 e consultorias para 2021) apuradas em abril, projetamos a avaliação do país em cinco anos.
Empregamos modelos que replicam a análise feita pelas três agências. Se a economia não reagir, o Brasil não só continuará classificado como junk, como deverá ser rebaixado novamente por duas delas, ficando ainda mais distante, no mínimo três notas abaixo, do GI. E com a aprovação da PEC do teto? O teto requer o suporte de outras reformas para um efetivo ajuste fiscal. No entanto, é certo que a perspectiva de sua implementação contribuiu para a melhoria da confiança dos investidores.
As últimas previsões do FMI, de outubro, já consideravam a possibilidade de aprovação da PEC. Apesar de conservador, o organismo previa melhoras.
Aplicando nos mesmos modelvos as novas previsões que embutiam perspectiva de aprovação da proposta, o país inicia um processo gradual de melhoria, com possibilidade de retorno em 2021ao GI por uma agência.
Caso alguns indicadores de governança também melhorem (como a percepção do controle da corrupção e eficácia do governo), mantidos estáveis no cenário anterior, o Brasil poderá reconquistar o GI em pelo menos duas agências no horizonte de cinco anos. Tal cenário é possível, pois as estimativas não computavam 100% de probabilidade de aprovação da PEC.
Além de contribuir para que retornemos ao grau de investimento, o teto evitará que nossa avaliação soberana caia ainda mais, caminhando na direção de novo calote. Até hoje, o Brasil é penalizado nas avaliações, que, segundo critérios das agências, reduz em dois degraus a nota final atribuída a países com histórico de default.
O caminho será árduo, mas a aprovação da PEC foi o passo inicial necessário para que o Brasil volte a cair, só que, desta vez, “nas graças” das agências de classificação de risco. - O Globo Leia mais em portal.newsnet 15/12/2016
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