"Com certeza, acredito que aumentarão os investimentos italianos nos próximos anos", disse Francesco Paternò, secretário-geral da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio. Segundo ele, deve crescer o fluxo de capital para áreas relacionadas a infraestrutura, biomedicina, educação e meio ambiente. "São setores que devem ter mais atenção, que são importantes para o desenvolvimento do Brasil", justificou o especialista, ao participar de evento realizado ontem pela agência Investe São Paulo.
Segundo Paternò, um dos ramos que atraem o capital italiano é a reciclagem. "Precisamos resolver o problema dos RCUs, os resíduos sólidos urbanos. Para que isso aconteça, pode-se intervir com o trabalho de grandes empresas, mas também com pequenas máquinas de companhias menores", afirmou o secretário-geral.
Outro país europeu que pode ampliar seu investimento no Brasil é a Espanha, segundo Alberto Gonzáles, adido comercial do Escritório Econômico e Comercial espanhol em São Paulo. Ao ser perguntado sobre as áreas que devem ser favorecidas, ele ressaltou que as empresas do país europeu "são muito fortes" nos setores de serviços e infraestrutura.
Entretanto, Gonzáles ponderou que o crescimento dos aportes deve acontecer quando a situação política e econômica melhorar no Brasil. "Temos que esperar essa incerteza terminar, esperar que haja uma melhora", explicou.
Já Cláudio Luna, cônsul-geral da Bolívia em São Paulo, disse que o vizinho brasileiro "vai se aproximar mais das instituições brasileiras", o que deve levar a um incremento dos aportes. De acordo com o entrevistado pelo DCI, a indústria têxtil pode receber mais capital dos bolivianos.
Também demonstrou otimismo sobre os aportes no Brasil o representante da Malásia, o cônsul do país asiático, Edison Choong. Ele afirmou à reportagem que uma expansão do investimento deve favorecer áreas relacionadas à saúde, como a produção de vestimentas médicas.
Do Brasil para fora
Presidente da InvesteSP, Juan Quirós também falou sobre a relação entre as empresas nacionais e o capital estrangeiro.
Segundo ele, países da América Latina, como Peru, Colômbia e Argentina, aparecem no topo da lista entre os primeiros alvos para expansão de firmas brasileiras no setor externo. Uma das formas seria a aposta em exportações para os vizinhos sul-americanos.
O especialista também apontou países asiáticos, como o Irã, entre os parceiros mais expressivos. "O mercado iraniano está se abrindo e representa uma grande oportunidade para nós", ressaltou.
Já a ampliação das relações com países desenvolvidos, como Estados Unidos e as potências europeias, pode ser mais complicada. Após destacar a importância destas economias para o Brasil, Quirós ponderou que uma competição maior e a existência de mais barreiras aparecem como desafios para os brasileiros.
Em relação ao estado de São Paulo, o entrevistado destacou a área de saúde, ramos ligados ao consumo e exportadores em geral. "Temos uma economia bastante diversificada, mas esses setores estão se reativando de forma mais acelerada", indicou.
Dificuldades
Os especialistas também listaram, durante o evento, as principais dificuldades enfrentadas por estrangeiros que buscam investir no Brasil.
Para Paternò, é necessária uma maior abertura comercial no País. "É preciso ter um regime menos protecionista que garanta uma maior liberalização para o comércio brasileiro", indicou.
Segundo ele, o acordo entre União Europeia e Mercosul "está avançando", mas é necessária maior flexibilização nas ofertas de sul-americanos e europeus. Os primeiros precisariam ser menos rígidos em relação a produtos industriais, enquanto os segundos deveriam facilitar o acesso ao mercado agrícola.
Segundo Gonzáles, as legislações trabalhista e fiscal são o principal desafio enfrentado por espanhóis que buscam investir no Brasil. "É algo complicado, especialmente para empresas que não têm experiência no exterior", disse.
Já Luna afirmou que a grande dificuldade dos bolivianos é a falta de conhecimento sobre as normas brasileiras. Outra barreira seriam as "complicações" com o idioma.
A língua portuguesa também foi mencionada por Choong. O malaio disse ainda que o regime tributário do Brasil é o grande entrave para investidores do país asiático. Leia mais em DCI Leia mais em abinee 29/07/2016
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