"O momento pelo qual passamos é, de fato, dramático e envolve ações urgentes e eficazes", disse o secretário na estreia da série exame.talks
Em meio aos impactos trazidos pela pandemia de coronavírus, a economia brasileira deverá contrair 10% no segundo trimestre de 2020 e 3% no acumulado do ano, prevê Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento do estado de São Paulo. “O momento pelo qual passamos é, de fato, dramático e envolve ações urgentes e eficazes”, disse nesta quarta-feira, 25, na estreia da série exame.talks.
Para a sua previsão, o ex-ministro da Fazenda no governo Michel Temer, usa a estimativa oficial de infectologistas sobre a duração da crise. com o pico do número de casos em abril, seguido de um processo de recuperação que poderá ser visto na atividade ao redor de julho. “Essa hipótese básica de trabalho já tem uma piora bastante grande ante as que prevaleciam uma semana atras”, diz.
Meirelle conta também que recebeu o discurso que o presidente Jair Bolsonaro fez ontem, em rede nacional, muito mal: “Ele optou por entrar na chamada crise de negação, onde o doente recusa-se a ver o que está acontecendo, se nega a enxergar a realidade por uma conveniência de curto prazo. Todos estão errados, menos ele”.
O importante, diz, é manter o direcionamento dos líderes do judiciário, da imprensa, seguindo a orientação de especialistas do Brasil e do mundo, que hoje dão uma direção clara para a população sobre a necessidade de confinamento. “Não adianta manter a atividade e as pessoas se adoecerem. Temos uma pandemia ameaçando grande parte da população. Temos que preservar a vida e depois tentar recuperar a economia”.
Meirelles explica que, como boa parte da população deve seguir as orientações de confinamento, os cofres públicos devem sentir uma queda acentuada de receita. Em abril, pior mês da crise, o recuo pode chegar a 30%: “O impacto em março será sentido na arrecadação de abril, que é quando as empresas pagam os impostos estaduais. Mas depois vai voltando a se recuperar durante o ano”, diz.
O bate papo sobre o que esperar do Covid-19, nome da doença, foi conduzido por Renato Mimica, head de investimentos da EXAME e Lucas Amorim, diretor de redação.
Desta vez, a cise é diferente
A última vez que o mundo viu uma crise global foi há pouco mais de 10 anos, durante o colapso do sistema financeiro mundial. Nessa época, Henrique Meirelles era presidente do Banco Central brasileiro e, portanto, na linha de frente do combate aos impactos na economia brasileira. O cenário, porém, é outro, segundo ele, pois era possível atacar a causa da crise, que era financeira e, no Brasil, se materializava primeiro pelo colapso das linhas de crédito internacionais.
“Agora é diferente. Não temos causas econômicas ou financeiras, temos a causa que é uma pandemia. Essa pandemia não gera só o aumento da doença, reflete na economia”, diz.
Meirelles conta que, com o colapso dos bancos europeus e americanos, verificou uma queda de 20% no volume total de crédito no Brasil. “Em seguida, tivemos a crise dos derivativos tóxicos, como por exemplo as companhias que apostaram na baixa do dólar, que subiu muito em relação ao real durante a crise”, diz.
A estratégia do governo pôde ser mais direcionada em substituir a liquidez no mercado também porque o fim da crise era mais fácil de prever: “As informações preliminares dizem que o pico deveria se dar dentro de 60 dias aproximadamente, depois mais 60 dias para a queda.. Estamos falando ai de um período de 3 ou 4 meses. Mas a pandemia está crescendo, e ainda iniciando no Brasil. Felizmente o ministro da saúde está tendo um comportamento responsável, a situação permite que com o tempo nós possamos ter duração certa da crise”... Leia mais em exame 25/03/2020
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