Em novo livro, fundador da Netflix conta que CEO da hoje falida Blockbuster riu da proposta. Serviço de streaming está avaliado atualmente em US$118 bilhões
Blockbuster foi à falência: no seu auge, a empresa empregava 84.300 pessoas em todo o mundo e tinha mais de 9 mil lojas
Em 2000, quando a Netflix ainda era uma startup de aluguel de DVDs pelo correio, a empresa estava em apuros. O estouro da bolha da internet a havia deixado em uma situação financeira complicada. Mas uma reunião conseguida por seus fundadores poderia salvá-la: John Antioco, CEO da Blockbuster, então líder mundial no ramo de aluguel de filmes, queria conversar sobre uma possível compra.
É o que conta o fundador da gigante de streaming Marc Randolph, em seu livro That Will Never Work (“Isso Nunca Irá Funcionar”, em inglês). O resultado da reunião, sem acordo entre as partes, deve assombrar Antioco até hoje.
Randolph conta que estava na California em 2000 com Reed Hastings, outro fundador da Netflix, e Barry McCarthy, CFO da empresa. Eles receberam um convite para uma reunião com Antioco no dia seguinte, em Dallas, na sede da Blockbuster. Apesar do curto espaço de tempo, conseguiram fretar um voo até o Texas para a manhã seguinte.
Havia meses que ambos tentavam marcar um papo com Antioco. Mas o CEO da rede de locadoras não estava levando a ideia da startup a sério.
Durante a conversa, um executivo da Blockbuster disse duvidar do poder da internet e dos benefícios de ter uma empresa online como parceira. A bolha da internet havia acabado de estourar, e a Blockbuster vivia um grande momento. A rede de locadoras tinha estreado com sucesso na bolsa. O IPO da empresa levantou na época US$ 465 milhões.
Ao ser perguntado sobre um preço para a compra da Netflix, Hastings imediatamente respondeu: US$ 50 milhões. Era exatamente a quantidade necessária para manter a empresa de pé. Antioco, no entanto, reagiu de forma inesperada. Segundo Randolph, estava fazendo o máximo para segurar uma risada.
Depois disso, as conversas azedaram e um acordo não foi fechado.
O resto da história é conhecido: a Netflix conseguiu sobreviver com seu sistema de aluguel por correio. Mais tarde, tornou-se uma das precursoras do formato de streaming e rapidamente explodiu em valor de mercado. Em 2018, chegou a estar avaliada em quase US$ 180 bilhões. A Blockbuster, mesmo em seu auge, nunca valeu mais que US$ 5 bilhões.
No Brasil, a Blockbuster chegou em 1995 como uma joint venture da matriz americana com o grupo Moreira Salles, do Unibanco. Juntas, elas formaram a BWU, que teria licença sobre a marca por 20 anos.
Em 2007, a BWU vendeu a Blockbuster no Brasil para a Lojas Americanas. O grupo brasileiro converteu as locadoras em Lojas Americanas Express, e aos poucos foi eliminando o serviço de aluguel de filmes.
Neste mesmo período, a Blockbuster estava em crise nos Estados Unidos. Já havia perdido quase 75% de seu valor de mercado graças à forte concorrência com a Netflix e a RedBox, que não cobravam por devolução atrasada. Enquanto a BWU vendia a empresa no Brasil, John Antioco deixava o cargo de CEO nos EUA.
A Netflix chegaria ao Brasil em 2011 como serviço de streaming. Em 2016, a empresa já rivalizava com operadoras de TV a cabo em número de assinaturas... leia mais em epocanegocios 03/10/2019
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