As propostas de abertura de capital de estatais de saneamento têm sido vistas com ceticismo pelo mercado. Ao menos duas companhias já anunciaram a intenção de fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês): a Saneamento de Goiás (Saneago) e a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan).
Segundo representantes do setor, há outras empresas que também avaliam essa opção - a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) é uma das que tem feito estudos para calcular seu valor de mercado, mas que dificilmente seguirá com a ideia.
Atualmente, o processo mais adiantado é o da Saneago, que ainda não protocolou um pedido oficinal na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), mas já contratou três bancos para liderar a oferta - Itaú BBA, Bank of America Merrill Lynch e Citi.
A Corsan tem meta de fazer sua oferta até o fim de 2020 - antes, a ideia é firmar Parcerias Público-Privadas (PPPs) de parte de sua operação e melhorar indicadores financeiros e operacionais.
As propostas não animam analistas e executivos do setor ouvidos pelo Valor, que preferiram manter anonimato. Para um deles, dificilmente um investidor privado vai aceitar colocar seus recursos em uma empresa que continuará sob controle estatal. Além da possibilidade de ingerência política, ficam mantidas todas restrições de uma empresa pública, para fazer demissões e contratar serviços, por exemplo.
O principal problema, na visão de outro analista, é que a remuneração dessas companhias, definida pela tarifa cobrada do usuário, é definida pelas agências reguladoras locais. Apesar de, em tese, os reajustes seguirem critérios definidos, os órgãos estaduais têm um histórico de decisões controversas e pouco previsíveis - se no caso das agências de São Paulo, Paraná e Minas Gerais já há problemas, em outros Estados a chance de arbitrariedade é maior ainda, diz ele.
Para Marcus Vinicius Neves, presidente da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (Aesbe), o modelo de desestatização dependerá da realidade de cada empresa, mas ele argumenta que o avanço da governança nas companhias públicas após a lei das estatais, em 2013, deverá ajudar a diminuir a desconfiança dos investidores. “As companhias estão fazendo o processo de forma séria e transparente, tenho certeza que o mercado vai entender.” Valor Econômico - Leia mais em abinee.23/09/2019
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