Fusões e aquisições são uma das opções mais comuns para edtechs sobreviverem no mercado de retornos de longo prazo
"Eu acredito que o volume de operações de fusão e aquisição (no mercado de educação online) irá aumentar no próximo ano. O mercado de educação tem crescido gradativamente, mas (o crescimento) não é exponencial', diz Marco Piacentini, gerente de Novas Verticais da Quero Educação.
Os números mostram o enorme potencial que existe para as edtechs no país.
Em 2016, 51% da população adulta com 25 anos de idade ou mais havia concluído apenas o ensino fundamental. No mesmo ano, a taxa de analfabetismo no país atingiu 7,2%. Em locais específicos do país, como no Nordeste, esse número chegou a 14,8%. No Sul, o analfabetismo chegou a 3,6%.
No entanto, as startups de educação – grandes candidatas a melhorarem estes índices – também possuem seus próprias dilemas.
Empreender em um mercado tão necessitado pode parecer fácil, mas não é. A educação é um setor em que os efeitos são sentidos a longo prazo. Para empresas tão aceleradas e ágeis quanto startups devem ser, esse é um desafio a ser superado todos os dias.
"Algumas edtechs têm um alto custo de aquisição de cliente por três motivos. Primeiro, existem muitos atores envolvidos no processo de aquisição de tecnologia na escola. Não necessariamente essas escolas possuem métricas claras para conseguir tomar decisões baseadas em números", explica Piacentini, da Quero Educação.
Além disso, o período de tomada de decisão é bastante longo. "O que acaba encarecendo todo processo", diz Piacentini. "O terceiro motivo: o ambiente pedagógico necessita de um tempo para ter uma comprovação de que a solução tem resultado", afirma o executivo da Quero Educação.
Às vezes, o caixa disponível não é o suficiente para a espera. Consequentemente, fusões e aquisições são uma grande aposta para o setor de edtechs continuar seu desenvolvimento em 2019.
Mercado segue aquecido
Essa não é uma iniciativa nova. Em 2017, a Somos Educação, uma das maiores empresas de educação básica do país, comprou a edtech App Prova. O mesmo aconteceu no ano passado, quando a Escola em Movimento comprou a Pertoo, startup de comunicação entre pais, alunos e escola.
O mesmo acontece dentro do próprio ecossistema de edtechs. O Descomplica, edtech de cursos online preparatórios para o ENEM, adquiriu a PaperX em agosto deste ano. A PaperX é focada no desenvolvimento de exercícios e avaliações online, movimento que complementa o próprio modelo de negócios do Descomplica.
E a história continua se repetindo. O exemplo da PaperX não é a primeira vez que o próprio Descomplica compra uma startup. Em 2016, ela adquiriu a Master Júris, de aulas preparatórias para concursos públicos.
“Existe um apetite por investimento. Tem alguém como o Descomplica fazendo aquisições, você começa a ver gente crescendo e empresas que são maiores também investindo, inclusive players estratégicos no mercado”, afirma Marcelo Mejlachowicz, CEO do Veduca.
Cadê os VCs estrangeiros
Hoje, existem 364 edtechs no Brasil, de acordo com o Mapeamento Edtech 2018 da ABStartups e Cieb. A quantidade pode surpreender, mas essas startups costumam não aparecer porque muitas ainda estão engatinhando no mercado de educação.
O Brasil esteve, por muito tempo, tomado por grandes conglomerados de educação. Kroton, COC e Ânima Educação são alguns exemplos. “Não vejo muitos fundos de capital de risco estrangeiros investindo em edtech. A força maior das edtechs no país é dos fundos brasileiros, grupos educacionais comprando novos negócios”, comenta Sergio Agudo, gerente nacional da Udemy no Brasil.
Ainda que essa continue a ser a realidade, ela já começa a mudar. Hoje, esses conglomerados contam com o auxílio das edtechs — seja através de parcerias, investimentos ou aquisições —, que começam a ganhar fôlego e ganhar o mercado brasileiro. autor Tainá Freitas Leia mais em starse 24/12/2018
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