O Brasil pode se transformar em um grande exportador de inovação agrícola
De tempos em tempos o mercado global passa por algumas “ondas” produtivas ligadas às novas tendências tecnológicas. Há poucos anos, este mesmo mercado começou a falar com bastante frequência sobre as AgTechs – empresas de tecnologia aplicada ao agronegócio.
O termo, cunhado nos Estados Unidos, no Vale do Silício, se refere a uma tendência mundial que vem transformando o agronegócio e atraindo fundos de investimento em diversos países, inclusive no Brasil.
No Brasil, país cuja vocação para o agronegócio é indiscutível, esse fenômeno também vem crescendo, mesmo que a passos mais lentos do que gostaríamos. Ainda assim, o potencial das startups é gigantesco.
A região de Piracicaba, no interior de São Paulo, por exemplo, ganhou a alcunha de Agtech Valley, em função do seu protagonismo no que diz respeito aos investimentos em pesquisa e tecnologia no campo.
De acordo com a AgTech Garage, em parceria com a Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o setor deve crescer em média 150%, ainda em 2018, em relação a 2016. O grupo aponta um total de 200 AgTechs cadastradas em sua rede. Desse número, cerca de 95% têm know-how para atuar no mercado externo.
Com capacidade de revolucionar cadeias produtivas inteiras, as soluções propostas por essas startups são as mais diversas. Inteligência Artificial (IA), Big Data, Nanotecnologia, Internet das Coisas (IoT), e mais uma infinidade de áreas de conhecimento, todas voltadas a desenvolver soluções que minimizem os impactos ambientais, sem que para isso seja necessário comprometer a produtividade.
Na corrida por soluções que otimizem o rendimento do campo, não há dúvidas de que o surgimento das Agtechs tem abalado as estruturas de grandes empresas já consolidadas no setor. A boa notícia é que todos ganham com isso. Estamos falando de novos modelos de negócios que geram mais competitividade para o País.
Considerado um centro de excelência em pesquisas agrárias, o Estado de São Paulo também conta com o Fundo de Inovação Paulista – de investimento em participações de empresas (FIP) –, idealizado e lançado pela Desenvolve SP em 2012, e que agora se encontra em fase de desinvestimento.
Com patrimônio de R$ 105 milhões, o FIP – que também tem como investidores a Fapesp, a Finep, o Sebrae-SP e o Banco de Desenvolvimento da América Latina – já aportou recursos em 19 empresas inovadoras, sendo 12 delas AgTechs que representam a força do interior paulista.
Uma delas, a Promip, utiliza a produção de macroorganismos para fazer o controle biológico de pragas. A startup obteve excelentes resultados no mercado e, após receber o aporte do FIP, passou por um processo de fusão, ampliou sua cartela de produtos e chegou a ser considerada a 33ª empresa mais inovadora do mundo pela revista americana Fast Company.
Os números expressam o potencial das AgTechs e refletem a necessidade que o país tem em ampliar os investimentos em inovação como estratégia para geração de renda, aumento da produção e da produtividade do agronegócio.
Uma nova etapa de transformação da economia que deve contar com apoio de governos, empreendedores e sociedade, fazendo com que o Brasil abandone, de uma vez por todas, o título de “país de commodities” e passe a ser um grande exportador de inovação agrícola. Autor: Álvaro Sedlacek, presidente da Desenvolve SP ... Leia mais em dci 26/12/2018
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