26 abril 2018

Valor da Hapvida vai a R$ 19 bi na estreia.

O presidente da B3, Gilson Finkelsztain, passou por uma situação inusitada na última terça-feira. À frente da bolsa há pouco mais de um ano, o executivo começou a receber ligações de investidores que queriam entrar na oferta inicial de ações (IPO) da operadora de saúde Hapvida, que estrearia no dia seguinte. Eles haviam sido informados pelos bancos que a oferta já estava concluída e queriam dar um jeito. "Como se houvesse algo que eu pudesse fazer", conta Finkelsztain.

A demanda para a Hapvida superou em pouco mais de seis vezes a oferta - o maior múltiplo em cinco anos, segundo a B3. A oferta girou R$ 3,3 bilhões, conforme os dados na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As ações, que foram vendidas a R$ 23,50 no IPO, encerraram o dia a R$ 28,85, uma valorização de 22,77%. O valor de mercado foi a R$ 19 bilhões.

A operadora de saúde é líder nas regiões Norte e Nordeste. Foi criada em 1979, em Fortaleza, e tem um modelo verticalizado, com 25 hospitais próprios, 74 clínicas, 17 unidades de pronto atendimento, 67 laboratórios e 72 unidades de diagnósticos por imagem. O modelo agradou aos investidores, pois permite que a empresa tenha um controle maior de custos e, consequentemente, da margem.

No ano passado, a companhia teve receita líquida de R$ 3,85 bilhões, com lucro líquido de R$ 651 milhões - mais lucrativa do que a concorrente Intermédica, que também estreou na bolsa esta semana. Na rede própria, a Hapvida atendeu 96% das internações e 66% das consultas, superior ao índice da Intermédica, de 59% das internações em rede própria e 66% das consultas.

Por anos a Hapvida foi considerada a "noiva nordestina" do mercado de saúde, como alvo óbvio de consolidação. Foi sondada por grandes operadoras e investidores, como Intermédica, Bradesco Saúde, Amil e Fosun, interessados no crescimento na região. Mas a família resistia a se desfazer da operação e preferiu um IPO para manter a administração da companhia.

Com antecipado pelo Valor, a companhia atraiu fortemente investidores locais, incluindo como âncoras as gestoras Truxt e MSquare. Investidores consideram que as peculiaridades de operação no Nordeste e Norte asseguram, ao menos no médio prazo, que a empresa mantenha a liderança e, com isso, possa avançar em outras regiões, onde já há uma disputa maior de operadoras. "Vamos continuar o processo de expansão do plano médico, onde o cliente nos convidar. Pode ser Sul, Sudeste ou Centro-Oeste", diz Jorge Koren de Lima, presidente da Hapvida, que foi acompanhado dos cinco filhos pequenos na cerimônia da bolsa.

Ele destaca que a empresa já atua nessas regiões com planos odontológicos e tem um ambulatório no Sul, na cidade de Joinville. A empresa pretende manter a estratégia de crescimento orgânico e com aquisições de carteiras e de hospitais.

A ação da concorrente Intermédica, que passou a ser negociada na segunda-feira, foi vendida a R$ 16,50 no IPO e acumula valorização de 21,2%. Para Finkelsztain, a janela de IPOs continua aberta "para boas histórias", ainda que a perspectiva seja de menos operações do que no ano passado, quando foram 27 IPOs e follow-ons. "Os bancos têm mais de dez empresas no 'pipeline' para oferta este ano", diz o presidente da B3. Jornalista: Maria Luíza Filgueiras - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 26/04/2018

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