26 abril 2018

Investidor questiona múltiplo do Banco Inter

Investidores questionam os múltiplos e o histórico recente apresentados pelo Banco Inter para sua oferta pública inicial de ações (IPO), que terá preço definido hoje. Para parte deles, o banco pode ter que aceitar um preço abaixo da média da faixa indicativa, de R$ 20,50, se quiser melhorar a demanda de seu IPO.

Segundo gestores e bancos ouvidos pelo Valor, os investidores consideram o preço alto em comparação a tradicionais bancos nacionais e a bancos estrangeiros digitais. No preço médio, a ação equivale a 20 vezes o lucro por ação estimado para o ano, enquanto Itaú negocia a 12,5 vezes o lucro estimado, Bradesco a 11 vezes e Banco do Brasil a 8,3 vezes. "Estão vendendo uma promessa de crescimento rápido, mas a esse preço prefiro comprar bancão", diz um gestor. A empresa de análise Eleven compara o Inter com o banco digital americano BofI e indica que, na comparação de rentabilidade, a ação também parece cara.

Dois gestores cariocas que analisaram a oferta se incomodaram com o histórico curto como banco digital. "Era um banco pequeno, que nunca se destacou particularmente, mas que lançou na frente o modelo totalmente digital, com um produto bem desenhado e que está crescendo. Mas isso é muito recente. É difícil saber se vai seguir entregando", comentou um deles. "O banco Original fez tanto estardalhaço e se perdeu na estratégia", comparou.

Para ele, o ideal seria esperar um pouco mais para levar uma história mais consolidada ao mercado. "Mas o banco está crescendo rápido, precisa de capital, e a família não vai arcar com esse aumento de capital." O banco é controlado pela família Menin, fundadora também da construtora MRV.

Uma vantagem que o Inter tem, segundo ele, é o fato de os clientes que chegam pelo crédito imobiliário constituírem uma base mais estável, de longo prazo. Outro gestor, com visão otimista, ressalta a velocidade de abertura de contas do Inter, de quase 60 mil clientes por mês este ano. "Enquanto os grandes bancos gastaram bilhões em seus data centers nos últimos anos, o Inter gasta uma fração disso para manter seus dados na nuvem da Amazon. É um exemplo da distância entre bancos tradicionais e o novo modelo", disse.

O banco tem uma segurança extra que são dois investidores-âncora, Squadra e Atmos. Eles garantem R$ 200 milhões em ações, desde que a oferta levante um mínimo de R$ 500 milhões. Assim, mesmo se a oferta sair ao piso da faixa, o banco consegue o mínimo necessário para chamar os âncoras.- Valor Econômico Leia mais em portal'newsnet 26/04/2018


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