A fabricante de alimentos paranaense Nutrimental contratou o banco Itaú BBA para uma venda total ou parcial, de acordo com duas fontes. Fundada pela família Rocha Loures no Paraná, a empresa fabrica barrinhas de cereais, mingaus, cereais matinais e suco em pó e é dona das marcas Nutry, Nutribom, Nutrilon e Nutrinho. A companhia já começou as conversas com potenciais interessados, incluindo PepsiCo, General Mills, Mondelez, entre outras empresas brasileiras e asiáticas.
Questionada sobre o processo de venda, a Nutrimental diz que mantém o curso normal de seus negócios e atividades e não comenta rumores de mercado.
A empresa tem faturamento de R$ 300 milhões e planeja uma venda em torno de R$ 1 bilhão, conforme executivo com conhecimento do assunto. As sondagens iniciais, no entanto, apontam um valor para o negócio abaixo disso, entre 1 e 1,5 vez o faturamento. O desempenho financeiro da companhia vem sendo afetado por maior competição e necessidade de novos investimentos em inovação. Nos últimos anos, a empresa fechou no vermelho. Conforme o balanço divulgado em 2017 (dado mais recente), a Nutrimental teve prejuízo de R$ 3,63 milhões em 2016. Além da dificuldade em rentabilizar o negócio, a receita da empresa estagnou nos últimos anos.
Além do desempenho, dois motivos afetam diretamente o preço e o ritmo das negociações. O primeiro é o risco de reputação e contingência da empresa. O ex-assessor do presidente Michel Temer, Rodrigo da Rocha Loures, o "homem da mala", já foi diretor da Nutrimental, fundada pelo pai, Rodrigo Costa da Rocha Loures. O pai se mantém na presidência do conselho. O escritório da empresa em São Paulo foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal em junho do ano passado, quando a PF encontrou documentos sobre uma offshore da família nas Ilhas Virgens - que, segundo os sócios, ficou inativa desde a criação.
A Nutrimental não tem envolvimento direto e o deputado afastado Rocha Loures não é acionista. Ainda assim, um possível comprador poderia fazer um contrato de proteção de possíveis contingências futuras, mesmo modelo que tem feito em vendas da Odebrecht, como exemplifica uma fonte.
O outro ponto é a clientela. Um dos segmentos de atuação da Nutrimental é merenda escolar - atendendo poder público municipal, estadual e federal, o que não agrada às multinacionais. Elas são justamente as principais concorrentes. Entre as mais fortes nas categorias da Nutrimental estão a Nestlé, dona de marcas como a farinha láctea Neston e mix de cereais matinais infantil Mucilon, e a Pepsico, dona da marca Quaker, de aveia e barrinhas. Uma empresa nacional, a Trio, concorre apenas na categoria de barras de cereais. Esse segmento faz parte de uma mercado de alimentos e bebidas saudáveis que movimenta cerca de R$ 90 milhões no Brasil, segundo a consultoria Euromonitor. As multinacionais têm aumentado o investimento nesse tipo de alimento, inclusive com a aquisição de marcas locais. No ano passado, a Unilever comprou a brasileira Mãe Terra, em uma disputa com Pepsico e Coca-Cola.
Mondelez, PepsiCo e General Mills dizem não comentar especulações de mercado. Nestlé e Unilever ainda não manifestaram interesse. - Valor Econômico Jornalista: Maria Luíza Filgueiras Leia mais em portal.newsnet 26/03/2018
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