No ano em que as ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) podem chegar a R$ 15 bilhões, superando de longe 2007, ano em que 40 novas empresas abriram capital na Bolsa de Valores, a questão que se impõe ao investidor é se vale a pena ou não apostar as economias em papéis de uma empresa ainda sem histórico no mercado de capitais. Para os especialistas, acreditar no potencial de uma novata pode ser um bom negócio, mas desde que se tenha uma estratégia definida para evitar frustração ou riscos desnecessários.
Segundo um levantamento feito pela Economática a pedido do Estado, as empresas que fizeram IPO de 2004 a 2017 tiveram um retorno médio de 17% no acumulado até 30 de novembro deste ano. No mesmo período, o Ibovespa apresentou retorno de 8,4% e o CDI, de 8,9%, segundo dados consolidados pelo professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Joelson Sampaio.
“É bom ficar de olho nas empresas que fizeram IPO como investimento.
Mas é importante também lembrar que estamos falando de uma cesta de ativos, então nesse grupo temos companhias com retornos bons e ruins”, alerta Sampaio.
Para encontrar a melhor opção de investimento em IPOs, o economista recomenda buscar informações sobre o histórico da empresa e do setor no qual ela atua. “Se a empresa é nova e atua em um setor ainda em consolidação, o risco é maior e a indicação é esperar”, explica Sampaio.
A mesma recomendação é feita por especialistas da XP Investimentos, Nova Futura Corretora, Ourinvest e Planejar: para empresas consolidadas, o risco tende a ser menor e, portanto, os papéis são mais indicados.
“A vantagem de apostar em uma empresa nova é que, se ela for bem-sucedida, você terá um retorno grande”, afirma o planejador financeiro pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), Michael Viriato.
O economista-chefe da Nova Futura Corretora, Pedro Paulo Silveira, também vê com bons olhos a compra de ações em IPOs, mas ressalta: “Desde que o investidor saiba o que está fazendo e conheça a proposta de valor da empresa”.
Um IPO que promete movimentar o mês de dezembro é o do Burger King. Segundo Silveira, o investimento mínimo para comprar as ações é de R$ 3 mil e, no máximo, R$ 1 milhão.
Entrada. O melhor momento para entrar ou sair – dúvida comum para quem não é investidor habitual de renda variável – não deve ser considerado como o principal ponto da estratégia. Para especialista, antes de qualquer coisa, o investidor precisa definir o retorno esperado.
Mauro Calil, da Ouroinvest, diz que há investidores que buscam 20% de retorno e quando isso acontece, ele vende a ação.
Outro tipo de investidor é o que faz o “flipping”, quando a ação é vendida no primeiro dia de negociação. “O investidor que faz isso tem ganhos de 3% a 5% num dia, para alguém mais agressivo e que olha o curto prazo, é uma possibilidade”, explica Calil.
Mas para Silveira, da Nova Futura, a prática de flipping, que já deu retornos altos em anos anteriores, não é mais vantajosa.
“Eu não recomendo o flipping, porque a tendência de uma empresa ao fazer IPO é apresentar resultados melhores ao longo do tempo”, justifica.
Ele sugere que o investidor fique pelo menos seis meses com a ação em carteira.
O sócio de mercado de capitais da XP Investimentos, Bruno Constantino, destaca que alguns estudos difundidos no mercado indicam que o investimento de médio prazo na renda variável apresenta resultados melhores.
“Empresas de sucesso têm um retorno, em geral, muito bom para quem carregou o papel (desde o IPO).” / Fonte:O Estado de S.Paulo Leia mais em portal.newsnet 04/12/2017
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