29 agosto 2017

Fundos de private equity voltam a captar

Está dada a largada à temporada de captação dos fundos de private equity.

Levantamento feito pelo Valor constatou que gestoras estão levantando pelo menos R$ 5,3 bilhões em fundos para comprar participações em empresas brasileiras. A última rodada de captação no Brasil tinha acontecido em 2014, quando Advent, Gávea e Pátria levantaram cerca de US$ 5 bilhões em fundos.

Neste momento, Vinci Partners, Carlyle, Kinea, Bozano e Spectra estão em busca de recursos dos investidores. A despeito da economia fraca, esses fundos estão conseguindo atrair o interesse dos investidores até agora, mesmo que para veículos menores do que os já captados em safras anteriores. "A perspectiva dos fundos de private equity é de médio prazo.

Muitas vezes eles conseguem fazer bons negócios quando o ambiente é mais difícil", diz Cristiano Guimarães, diretor do banco de investimentos do Itaú BBA e responsável pelo relacionamento com gestoras de private equity.

Os fundos também estão sendo beneficiados pela demanda de investidores estrangeiros, que estão atrás de alternativas a ações e bônus, ativos cujos preços estão bastante valorizados.

A gestora de recursos Vinci concluiu a captação de US$ 475 milhões (R$ 1,5 bilhão) para investimentos de private equity, segundo o Valor apurou. A Vinci ainda mantém os esforços para levantar mais recursos. O objetivo é alcançar R$ 3 bilhões quando concluir essa segunda fase de captação.

Em 2011, a gestora levantou um fundo de US$ 1,4 bilhão, com o qual fez investimentos na rede de lanchonetes Burger King, na resseguradora Austral, na locadora de carros Unidas, na varejista Le Biscuit, na fabricante de revestimentos cerâmicos Cecrisa e na escola de ensino a distância Uniasselvi, além da incorporadora PDG, que está em recuperação judicial. Procurada pela reportagem, a Vinci Partners não comentou o assunto.

A americana Carlyle também está em fase de captação de um fundo de US$ 500 milhões (pouco mais de R$ 1,5 bilhão) para comprar ativos no Brasil e em países da América Latina. O primeiro fundo da gestora para a região chegou a US$ 800 milhões captados no exterior. Já quase sem recursos para investir, o Carlyle tinha planos mais ambiciosos, mas optou por levantar um fundo mais modesto depois de avaliar que o ambiente não estava tão receptivo à captação.

"Os interessados em private equity no Brasil agora são investidores que querem sair na frente", diz Ricardo Kanitz, sócio da gestora Spectra. "Nem sempre a melhor hora para se captar coincide com o melhor momento para investir." Para ele, o período atual é favorável a investimentos.

A Spectra deve concluir até novembro a captação de R$ 400 milhões. O último fundo levantado pela Spectra tinha sido em março de 2015. Esse é o terceiro fundo da gestora, que tem como objetivo selecionar cotas de outros fundos de private equity, comprar cotas de investidores que queiram se desfazer da aplicação e também coinvestir com as gestoras diretamente em empresas.

Com foco em companhias de médio porte, nas quais o fundo possa investir entre R$ 80 milhões e R$ 300 milhões, a Kinea, controlada pelo banco Itaú Unibanco, também está em fase de captação de um fundo de private equity que pode alcançar até R$ 1,2 bilhão. A carteira tem prazo de duração de oito anos.

Depois de investir com recursos próprios na locadora de veículos Unidas e na rede de ensino profissionalizante Grupo Multi, a Kinea levantou seu primeiro fundo, de R$ 1 bilhão, em 2012. Desde então, a gestora comprou participações em oito companhias.

O portfólio da Kinea conta atualmente com empresas como a rede de ensino a distância Uninter, do Paraná, a varejista Lojas Avenida, a AGV Logística e a Eliane, de revestimentos cerâmicos, além da própria Unidas.

Também com foco em companhias de médio porte, a Bozano Investimentos está em processo de captação de um fundo de private equity que pode alcançar um valor entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão.

O objetivo é aplicar esses recursos em empresas dos setores de consumo, varejo e serviços. Por companhia, a gestora deve fazer investimentos que vão de R$ 50 milhões a R$ 150 milhões. Como o fundo já recebeu aportes de alguns investidores, a Bozano já fechou a compra de dois hospitais, um deles é o Vera Cruz, de Campinas (SP). Procurada, a Bozano não comentou as informações.

Segundo o Valor apurou, outra gestora em fase de captação de um fundo voltado para a América Latina é a L Catterton. No ano passado, a gestora fechou uma série de compras no país, incluindo a varejista St. Marche, o Empório Santa Maria e o Espaço Laser. A gestora não comentou o tema. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 29/08/2017
 

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