Um dia após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) reprovar a fusão com a Kroton, a Estácio correu para comunicar ao mercado que não está a venda — ao contrário, pretende fazer grandes aquisições daqui para frente.
“Até agora nossos esforços estavam focados na fusão. Com a reprovação, voltamos para nossa estratégia de grandes aquisições. Esse já era o plano do conselho antes mesmo da oferta não solicitada da Kroton”, disse João Cox, presidente do conselho da Estácio. Cox explicou que os recursos para as aquisições podem vir de recursos da empresa, que tem um caixa líquido de cerca de RS 460 milhões, follow on (emissões subsequentes de ações), fusões e emissão de papéis da Estácio que estão em tesouraria, que representam cerca de 3%.
Ontem à noite, a companhia anunciou um programa de recompra de ações de até 5% dos papéis em circulação. “O nosso quinto maior acionista é a própria Estácio”, disse. Os maiores acionistas da companhia são os fundos Oppenheimer, Coronation, Fil, Capital e a família Zaher, do empresário Chaim Zaher, cuja fatia é de quase 10%.
O posicionamento de Cox, enfatizando que a estratégia a partir de agora são as aquisições, ocorre em meio às análises do mercado de que a companhia carioca é a noiva do setor. Ontem, o Citi abriu seu relatório a investidores com o título “Estácio à venda novamente?” Para o Santander, o grupo com sede no Rio de Janeiro pode ser alvo de outros consolidadores como a Ser Educacional. Cox rechaçou essa possibilidade argumentando que a Estácio é muito maior do que o concorrente que tem forte presença no Nordeste.
Questionado se fará uma nova oferta pela Estácio, o presidente da Ser Educacional, Jânyo Diniz, informou ontem que o caso será analisando com o conselho nos próximos dias. No ano passado, a Ser fez duas propostas de associação à companhia carioca. “Estamos num momento diferente. Crescemos muito no último ano, nossa prioridade é a expansão orgânica. Mas não descartamos a Estácio”, afirmou Diniz.
O empresário Chaim Zaher, que também planejou uma oferta de ações pelo controle da Estácio em 2016, contou que está avaliando os próximos passos. “Meu plano A era a fusão com a Kroton. Agora, estou avaliando o que fazer, mas acredito na Estácio e acho que a empresa melhorou muito no último ano”, afirmou.
Segundo Cox, a diretoria executiva da Estácio vai definir em breve os assessores financeiros que farão um trabalho de mapeamento dos melhores ativos para aquisição, que permitam sinergias e evitem sobreposições dos negócios. “O Cade já sinalizou que está atento às consolidações no setor de educação e vamos observar bem as questões concorrenciais”, pontuou. Uma das praças descartadas para compras é o Rio de Janeiro, onde a companhia é líder absoluta.
A divulgação de que a Estácio pretende seguir uma carreira solo, via aquisições, também pretende dar respostas ao mercado, que no último ano ficou sem indicações sobre a estratégia da empresa. O J.P Morgan, por exemplo, reduziu sua recomendação de compra para neutra para as ações da Estácio após a negativa do Cade. “Estamos adotando uma posição mais cautelosa para Estácio baixando a recomendação para neutra devido à baixa visibilidade em suas perspectivas de lucros e estratégia”, informou ontem relatório do J.R Morgan, assinado pelos analistas Marcelo Santos e André Baggio. Os analistas pontuam que a Estácio apresentou melhora nos últimos trimestres, mas a perspectiva de ganhos é limitada porque o foco estava na fusão.
No primeiro trimestre, o lucro líquido da companhia caiu 4,8% sobre um ano antes, para RS 121,8 milhões. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) subiu 9%,para RS214,8 milhões. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 30/06/2017
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