Após um disputado processo, a americana Aon fechou a aquisição da brasileira Admix, corretora e administradora de planos de saúde, por cerca de R$ 1,2 bilhão, segundo o Valor apurou com fontes do setor.
Trata-se da terceira maior transação fechada pela Aon, que já fez 17 grandes aquisições no mundo. As duas mais relevantes foram as das inglesas Hewitt, por US$ 4,9 bilhões em 2010, e Benfield, por US$ 1,7 bilhão, em 2008. No mundo, a Aon fatura US$ 12 bilhões e administra os mais variados tipos de seguros - como os de saúde, patrimonial, meio ambiente e risco cibernético - para 22 milhões de pessoas.
Com a compra da Admix, a Aon dobra de tamanho no Brasil e passa a gerenciar uma carteira com 2,7 milhões de usuários de convênios médicos, o que representa cerca de 8% do mercado de planos de saúde empresariais. O faturamento da companhia combinada soma quase R$ 800 milhões, sendo R$ 500 milhões da Aon e R$ 290 milhões da Admix.
"Há uma consolidação das operadoras de planos de saúde e hospitais, mas as corretoras ainda são pulverizadas. Com a Admix, nosso tamanho fica ainda maior e ganhamos força para negociar, por exemplo, reajuste de preço do seguro saúde, uma vez que agora temos uma carteira com 2,7 milhões de vidas", disse Fernando Pereira, presidente da Aon para América Latina. Pereira fundou a corretora de seguros Angra, no Rio, vendida para a Aon em 2000.
A compra da Admix possibilitará à companhia americana trabalhar também com micro, pequenas e médias empresas - segmento que representa só 10% da receita da Aon Brasil, mas equivale a mais de 65% do faturamento da empresa brasileira. A Admix também faz a gestão do vale-refeição de algumas companhias, mas trata-se ainda de um negócio pequeno.
Segundo Marcelo Munerato, presidente da Aon Brasil, a expectativa é conquistar mais um milhão de usuários num prazo de cinco anos. "Enxergamos grande potencial de crescimento, seja oferecendo nossos serviços às pequenas empresas quanto replicando os modelos de trabalho criados pela Admix", disse Munerato. No Brasil, as duas companhias vão movimentar prêmios de seguros de R$ 7 bilhões, sendo que R$ 5 bilhões são de saúde.
O que motivou a Aon assinar um cheque alto nesta transação é, principalmente, a plataforma tecnológica da Admix que permite ao usuário fazer em tempo real desde cotações e renovações de seguro até impressão de extratos de consultas médicas. "Nossa ideia é replicar a plataforma nos outros países que atuamos. Entre 20% e 30% do custo de uma corretora é despesa administrativa", enumerou o presidente da Aon América Latina.
O fundador da Admix, Cesar Augusto Antunes da Silva, conta que investiu 12 anos na plataforma, criada "dentro de casa", devido à carência de soluções focadas em convênios médicos. Silva fechou acordo com a Aon para permanecer na companhia como conselheiro por um período de três a cinco anos, podendo ser renovado. Sua função também será desenvolver novos produtos, entre eles, para o mercado de planos de saúde por adesão.
Fundada há 25 anos, a Admix era um ativo cobiçado desde a onda de IPOs em 2007, mas declinou diversas propostas, inclusive da própria Aon. "Recebi, sim, várias ofertas, mas queria fazer a empresa crescer, ganhar valor. Por isso, investi numa plataforma tecnológica robusta. Também era jovem, com energia para investir no negócio. Estabeleci que aos 50 anos venderia a empresa, independente do estágio em que ela estivesse. Abri o processo competitivo em 2016", disse Silva, que tem 51 anos.
Questionados sobre o valor da transação, os três executivos informaram que não podem comentar devido a contratos de confidencialidade. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 18/01/2017
Valor econômico
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