26 outubro 2016

Nova leva de bancos médios deixa a bolsa

Em um intervalo de menos de 24 horas, o êxodo dos bancos médios da bolsa brasileira ganhou dois novos capítulos. Na tarde de ontem, o Sofisa sacramentou a saída do pregão, ao realizar um leilão para compra das ações de seus acionistas minoritários. Horas antes, na noite de segunda-feira, o Paraná Banco anunciou ao mercado a intenção de fechar seu capital.

Se a saída for bem sucedida, dos dez bancos de médio porte que estrearam na bolsa em 2007, vão restar apenas quatro: Banrisul, ABC Brasil, Banco Pan e Banco Pine.

No leilão de ontem, a oferta do Sofisa movimentou R$ 57,676 milhões, ao preço de R$ 4,50 por papel. Foi a segunda operação do tipo realizada neste ano. Em agosto, o Daycoval recomprou as ações que estavam em circulação na bolsa pelo preço de R$ 9,08, movimentando R$ 530 milhões, e também deixou a Bovespa.

O Indusval & Partners espera autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para seguir o mesmo caminho. O banco propôs aos acionistas minoritários pagar o equivalente a R$ 1,27 por ação corrigido pela taxa básica de juros (Selic) desde agosto do ano passado até a data do leilão na bolsa.

O mais novo candidato a integrar a fila de bancos médios que fechará o capital é o Paraná Banco. A oferta pública de ações (OPA) da instituição financeira, controlada pela família Malucelli, foi disparada após o banco assumir um compromisso de compra de ações de um grupo de acionistas minoritários do banco, representados pela Cox Gestão de Recursos. Esse grupo detém 34,35% do total das ações preferenciais e 10,71% do total capital social do banco.

A questão é que, caso os controladores adquiram a totalidade dessas ações, o banco passará a ter apenas 20,96% de suas ações em circulação, abaixo do mínimo de 25% exigido pela BM&FBovespa , o que os obrigaria a realizar a OPA. O anúncio da oferta fez as ações do Paraná Banco dispararem 45% no pregão de ontem da bolsa, para R$ 16,92.

O Paraná Banco tem R$ 5,8 bilhões em ativos e é especializado em crédito consignado e na operação de seguro garantia prestado a causas judiciais e obras.

Da leva que abriu capital em 2007, já deixaram a bolsa o BicBanco, que em outubro do ano passado fechou o capital após a venda para o China Construction Bank (CCB), e o Cruzeiro do Sul, liquidado em 2012 pelo Banco Central após a descoberta de um rombo contábil de R$ 2,24 bilhões.

Alguns dos motivos que levaram à saída dos bancos médios da bolsa são comuns à categoria. Em todos os casos, as ações são negociadas abaixo de seu valor patrimonial na bolsa. Para efeito de comparação, o valor de mercado do Itaú Unibanco representa quase o dobro do patrimônio da instituição.

Com a desvalorização das ações e sem a perspectiva de captar dinheiro novo no mercado, os controladores dessas instituições viram a oportunidade de recomprar barato o que venderam caro e cortar custos.

As saídas vão deixar negociados em bolsa apenas três bancos de menor porte: o ABC Brasil, o Banco Pan e o Banco Pine (veja gráfico). Além dos quatro gigantes do sistema financeiro - Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander - resta também Banrisul na lista, com porte superior ao dos médios, mas que é uma fração dos grandes. Maior banco do país, o Banco do Brasil tem R$ 1,48 trilhão de ativos.

Os resultados de alguns desses bancos médios contribuem para o mau-humor de investidores com a categoria. No segundo trimestre, Indusval, Pine e Banco Pan fecharam o período no vermelho, com prejuízos de R$ 19,8 milhões, R$ 7 milhões e R$ 128,4 milhões, respectivamente. O fato de o crédito estar encolhendo ou estagnado na maior parte dessas instituições também contribui para os resultados ruins, uma vez que não contam com a diversificação de receitas dos bancos de grande porte.

Junto com a oferta pelas ações dos minoritários, o conselho de administração do Paraná Banco aprovou a distribuição de dividendos provenientes de reservas de lucros, no valor total de R$ 215,9 milhões, ou R$ 2,62 por ação, e de juros sobre capital próprio (JCP), referentes ao terceiro trimestre, no valor bruto total de R$ 60,16 milhões, ou R$ 0,73 por ação. Os recursos devem reforçar o caixa dos controladores antes da oferta de aquisição. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 26/10/2016

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